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Médicos descobrem danos cerebrais em crianças com síndrome misteriosa ligada ao coronavírus

Novas pesquisas descrevem algumas das complicações neurológicas angustiantes e possivelmente de longo prazo que podem ocorrer em crianças que desenvolvem uma condição misteriosa ligada ao COVID-19. Elas podem sofrer de dores de cabeça a fraqueza muscular, além de sinais visíveis de danos ao cérebro. O estudo, publicado na JAMA Neurology na quarta-feira (1º), analisa os […]

Foto: Bruce Bennett/Getty Images

Novas pesquisas descrevem algumas das complicações neurológicas angustiantes e possivelmente de longo prazo que podem ocorrer em crianças que desenvolvem uma condição misteriosa ligada ao COVID-19. Elas podem sofrer de dores de cabeça a fraqueza muscular, além de sinais visíveis de danos ao cérebro.

O estudo, publicado na JAMA Neurology na quarta-feira (1º), analisa os casos de crianças com a condição misteriosa, agora conhecida como síndrome inflamatória multissistêmica em crianças, ou MIS-C, na sigla em inglês.

A MIS-C é uma ocorrência rara, mas potencialmente fatal, que surge durante ou logo após a infecção pelo coronavírus que causa COVID-19. Seus sintomas podem afetar todo o corpo, incluindo febre, erupções cutâneas, problemas respiratórios e uma queda súbita da pressão arterial (choque) que pode privar órgãos de oxigênio e levar à morte. A síndrome é provavelmente o resultado de uma resposta imune defeituosa ao vírus em vez de sintomas causados ​​diretamente pela infecção.

Neste estudo, os pesquisadores identificaram 27 crianças que sofrem de sintomas compatíveis com MIS-C. Destas, quatro também apresentaram sintomas neurológicos. Eles incluíam dores de cabeça, rigidez do pescoço, sensibilidade à luz e dificuldade para falar, engolir e caminhar. Essas quatro crianças também apresentaram fraqueza muscular, e duas tiveram reflexos reduzidos.

Nos testes, havia evidências de danos ao corpo caloso do cérebro, a região que ajuda os dois lados do cérebro a se comunicarem. Curiosamente, nenhuma das crianças relatou sintomas respiratórios, apesar de todas terem testado positivo para o coronavírus ou terem anticorpos para ele.

“Crianças com COVID-19 podem apresentar novos sintomas neurológicos envolvendo os sistemas nervosos central e periférico”, escreveram os autores. Eles também alertaram que os médicos deveriam considerar a possibilidade de COVID-19 em crianças com sintomas neurológicos e danos ao esplênio do corpo caloso (a parte mais espessa da estrutura cerebral), mesmo que não apresentem sintomas respiratórios típicos.

A maioria das crianças que contraem o coronavírus não desenvolve sintomas graves e é menos provável que apresentem sintomas semelhantes aos da gripe, como os observados em adultos.

A MIS-C é considerada rara e tratável através de medicamentos anti-inflamatórios existentes, especialmente se detectada precocemente. Mas, no momento, não temos uma noção real de qual a chance de isso acontecer, por que algumas crianças desenvolvem a síndrome ou como evitá-la.

Também não são apenas as crianças que precisam se preocupar com problemas neurológicos relacionados ao COVID-19. Alguns adultos também tiveram complicações semelhantes durante ou após a infecção. Quantos sobreviventes terão que conviver com problemas neurológicos ou outros problemas de saúde remanescentes é uma pergunta ainda sem resposta.

No estudo, todas as quatro crianças precisaram de cuidados intensivos após o desenvolvimento de choque e foram colocadas em ventilação mecânica. Enquanto duas das crianças se recuperaram completamente, duas ainda precisavam da ajuda de uma cadeira de rodas devido à fraqueza dos membros inferiores no momento em que o estudo terminou.

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