Como medusas sem cérebro estão nos fazendo repensar nossa compreensão sobre o sono

A criatura parece exibir comportamentos de sono parecidos com os dos seres humanos à noite, sugerindo que o sono é algo muito antigo

Se você já viu uma medusa na natureza, num aquário, ou em um desses vídeos de relaxamento de 11 minutos de duração no YouTube, você provavelmente já se perguntou: o que as medusas estão tentando fazer? Qual é o objetivo delas? A resposta não é completamente óbvia, já que essas bolhas pouco conscientes parecem vagar sem sentido de um lugar para o outro só porque podem. Agora, uma nova pesquisa dá mais uma razão para aqueles que pensam muito para sentirem inveja dessa criatura. Aparentemente, alguns desses animais sem cérebro conseguem dormir muito pacificamente.

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Uma equipe de pesquisadores tem estudado um gênero primitivo de medusa conhecido como Cassiopeia. Esses habitantes sem cérebro do fundo do mar — que vivem nas águas tropicais dos oceanos Pacífico e Índico — não nadam muito. Em vez disso, descansam no fundo do mar e pulsam. O grupo de pesquisa descobriu que essas criaturas preguiçosas parecem exibir comportamentos de sono parecidos com os dos seres humanos à noite, sugerindo tanto que o sono é algo muito antigo quanto, surpreendentemente, algo que não requer um cérebro. A pesquisa da equipe foi publicada nesta quinta-feira (21) na Current Biology.

“Pode não parecer surpreendente que as medusas dormem — afinal, mamíferos dormem, e outros invertebrados, como minhocas e moscas de fruta, também dormem”, disse em um comunicado o coautor Ravi Nath, estudante do laboratório Sternbrg, da Caltech. “Mas as medusas são os animais mais evolucionariamente antigos que se sabe que dormem. Essa descoberta abre muito mais perguntas: o sono é propriedade dos neurônios? E talvez uma pergunta mais forçada: as plantas dormem?”

Imagem: Peter Holderness/Caltech

Para os animais se encaixarem na definição técnica de “dormir”, eles precisam demonstrar inatividade, resposta reduzida a estímulos e reações negativas quando privados de sono. Para testar se essas medusas estavam realmente tirando uma soneca, a equipe instalou câmeras para rastrear quantas vezes elas pulsavam em 24 horas. Aparentemente, a medusa passou por períodos à noite em que pulsava 39 por minuto, em comparação com as 58 vezes durante o dia.

A equipe testou a resposta das medusas a estímulos ao pregar pegadinhas nelas. Os pesquisadores instalaram uma plataforma no tanque em que elas descansaram durante o dia. Quando eles de repente a removeram, a medusa rapidamente nadou para o novo fundo do tanque. A equipe executou o mesmo experimento à noite, durante o estado de “sono” das medusas, e descobriu que elas se moviam muito mais devagar para o fundo do tanque.

Por fim, o time queria ver como a medusa se comportaria se estivesse privada de sono, sem café para salvá-las. Eles então dispararam água nas medusas durante a noite a cada dez segundos, por cerca de 20 minutos, descobrindo que os animais entravam em seu estado de sono em momentos incomuns durante o dia. Presumivelmente, as medusas não ficaram nada felizes com isso.

Claramente, é preciso conduzir muito mais pesquisas para saber se esses animais estavam de fato dormindo. Já que isso foi conduzido em um laboratório, não está claro como a Cassiopea ou outras medusas se comportariam na natureza. Ainda assim, a pesquisa mostra que os humanos e as medusas, apesar de suas diferenças enormes, podem concordar que dormir é um descanso necessário dos horrores diários da exiestência.

[Current Biology]

Imagem do topo: Peter Holderness/Caltech

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