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O caso da tal “megaestrutura alienígena” acaba de ficar um pouco mais estranho

Cientistas praticamente descartaram a possibilidade de cometas causarem a redução na emissão de luz da estrela KIC 84628532 - então o que é responsável por isso?

Não deve ter nada a ver com alienígenas – de verdade, é pouquíssimo provável que tenha alguma relação com extraterrestres. Mas o caso da estranha estrela conhecida como KIC 84628532 ainda intriga astrônomos. E agora ele acaba de ficar ainda mais estranho.

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Desde que a KIC 84628532 foi detectada pelo Telescópio Espacial Kepler, astrônomos se perguntam o que pode ser responsável pela curvatura de luz desafiadora de lógica da estrela. Durante quatro anos de dados observacionais, a estrela piscou erraticamente, e sua emissão de luz, por vezes, caiu até 20%. É um comportamento estelar bastante incomum, e que não pode ser explicado pelo trânsito de um planeta.

Alguns astrônomos propuseram que a KIC 84628532 poderia estar em meio a um enxame de cometas. Outros sugeriram alienígenas.

O astrônomo Jason Wright foi quem sugeriu que a distorção estranha da estrela poderia ser resultado de um projeto de construção gigante alienígena – algo como uma esfera de Dyson. A ideia animou muitos cidadãos da Terra e mobilizou uma busca mundial por evidências da existência de vizinhos celestiais. Infelizmente, duas pesquisas independentes, por sinais de rádio e feixes laser – que poderiam indicar uma sociedade tecnológica – não deram em nada.

Mas, de acordo com um estudo lançado no arXiv, a hipótese do cometa também não bate com os dados, e o mistério da KIC 84628532 se aprofundou consideravelmente. Por mais que o Kepler só tenha alguns anos de dados da estrela, o astrônomo Bradley Schaefer da Universidade do Estado de Louisiana, nos EUA, decidiu observar placas fotográficas do céu datadas do fim do século 19. Para sua surpresa, ele descobriu que ao longo dos últimos 100 anos a emissão de luz da estrela caiu constantemente cerca de 19%, algo que é “completamente sem precedentes para qualquer estrela tipo F.”

“Isso apresenta alguns problemas para a hipótese dos cometas”, disse Tabetha Boyahian, pesquisadora da equipe que descobriu a estrela, para a New Scientist. “Precisamos de mais dados através de monitoramento contínuo para descobrir o que está acontecendo.”

De fato, é difícil imaginar que alienígenas ou corpos celestes naturais estejam tampando a emissão de luz tantas vezes em um período tão curto de tempo.

Vai demorar um tempo até solucionarmos o mistério da KIC 84628532. Mas isso que é a melhor parte das descobertas científicas. Todas as possíveis explicações estão em jogo no momento – e a verdade sobre essa impressionante estrela pode ser ainda mais fascinante do que imaginamos.

[New Scientist]

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