Por que os relatos de observações de OVNIs estão caindo?
Relatos de aparições de OVNIs têm sido cada vez menos frequentes nos últimos anos nos Estados Unidos. A informação é de uma organização responsável por reunir dados adquiridos por grupos de investigação civil desses objetos.
• Os detalhes do misterioso programa de investigação de OVNIs do Pentágono
• Novos resultados acabam com teoria da “megaestrutura alienígena” sobre a Estrela de Tabby
A Mutual UFO Network (MUFON) é uma organização sem fins lucrativos que investiga denúncias de observações de OVNIs. O grupo encoraja pessoas que tiveram encontros íntimos com alienígenas a documentarem suas experiências em um site.
A organização afirma receber cerca de sete mil relatos por mês – mas os números estão caindo constantemente desde 2012.
“Definitivamente houve uma queda nos últimos tempos”, disse o estatístico da MUFON, David C. Korts, ao Gizmodo. “Não é algo tão definido como uma linha reta. Mas olhando para esses números, houve um pico em 2013, e agora tem ocorrido uma queda entre 30% a 40%, de 2012 a 2017”.
Korts é um estatístico aposentado que atualmente estuda esses dados para entender mais sobre observações de OVNIs, incluindo a época em que são mais propensos a ocorrer e como os eventos têm mudado com o passar dos anos.
Korts não foi o único a perceber a mudança. Cheryl Costa – uma escritora indicada como Pesquisadora do Ano pelo Congresso Internacional de OVNIs de 2018 – recentemente revisou dados de observações de OVNIs tanto da MUFON quanto da National UFO Reporting Center (NUFORC) dos últimos 17 anos, e relatou suas descobertas no Syracuse New Times. Sua análise mostra que depois de um aumento constante nas denúncias entre 2001 a 2012, houve uma queda.
Embora a MUFON e a NUFROC aceitem relatos via internet, os investigadores de campo da MUFON examinam as denúncias e tentam filtrar erros, mentiras e objetos que não podem ser identificados. De acordo com Korts, a MUFON consegue esclarecer cerca de metade dos relatos que as pessoas enviam. “Eu trabalho com um conjunto de dados altamente filtrado e altamente limpo”, explica.
A partir desse conjunto de dados, Korts espera visualizar as alterações na frequência de determinados formatos (como pires e triângulos) e cores. E ele quer saber em quais áreas há mais ou menos relatos, depois de ajustar alguns fatores como a população e o tamanho da região em que os relatos são feitos.
“Neste momento, não está claro o que está acontecendo. É desconcertante”, disse ele. “Eu não sei o porquê. Eu acho que é uma questão interessante. Esse é o tipo de coisa que você descobre fazendo esse tipo de trabalho”.
Essa é uma tendência curiosa, já que praticamente todos os outros aspectos do nosso mundo têm sido muito monitorado e documentado.
Mais pessoas carregam câmeras e possuem acesso à internet para compartilhar suas observações. Bolas de fogo meteorológicas, por exemplo, são amplamente documentadas, capturadas por câmeras de painéis de carros, de segurança e de smartphones. Então, por que não OVNIs?
Sharon Hill, uma geóloga e escritora que pesquisa pseudociência e cultura paranormal, tem algumas ideias sobre o porquê estamos experimentando uma queda nos relatos.
“Em nossa cultura de mídias sociais, costumamos expressar nossas experiências estranhas com algum tipo de vídeo no YouTube ou uma foto. E os OVNIs são realmente difíceis de fotografar”, disse Hill ao Gizmodo.
“Não quer dizer que não existem mais coisas estranhas no céu, eu realmente acho que há objetos não identificados por aí”, disse Hill. “Acho que deveríamos estar investigando anomalias atmosféricas, provavelmente. Mas quando as pessoas interpretam essas coisas como objetos inteligentes ou objetos físicos que estão nos examinando, isso se torna um beco sem saída. Não é algo que possa ser cientificamente investigado”.
Hill também acredita que a cultura ao redor das investigações mudou e o foco agora está em conspirações exopolíticas – supostas tentativas de governos de suprimir informações sobre visitantes extraterrestres. “Ideias sobre conspiração acabaram se infiltrando e distorcendo a ideia de investigar OVNIs”, disse ela. “Você não pode investigar essas coisas. São conspirações”.
Mas a MUFON diz que ainda está comprometida em descobrir a verdade por trás dos OVNIs. “Não estamos sozinhos no universo e há vida inteligente por aí”, disse o diretor executivo da MUFON, Jan Harzan, ao Gizmodo. Ele disse que a MUFON compartilha os dados para que os pesquisadores possam entender melhor os fenômenos ufológicos.
Embora ainda existam centenas de relatórios por mês, os dados não incluem muitas fotos claras. Harzan tem uma explicação para tantas imagens borradas: “Os OVNIs estão basicamente manipulando o espaço-tempo. E quando eles fazem isso, é necessário um campo eletromagnético alto. Isso distorce as imagens”.
Harzan deu algumas dicas para quem quer ver um OVNI. “Apenas esteja ao ar livre, estar em um lugar calmo. Pensar sobre o tema tende a ser uma maneira de atrair as aeronaves”, disse Harzan. “Parece haver algum tipo de conexão da consciência”.
Uma suposta fotografia de um OVNI de 24 de julho de 1956 em San Bernardino, Califórnia. Foto: Michael Savage (AP)