Mergulhadores descobrem maior caverna inundada do mundo no México
A Península de Iucatã é conhecida por sua extensa rede de túneis e cavernas submersas. Agora, depois de buscar por quase duas décadas, mergulhadores do projeto Gran Acuífero Maya provaram que duas cavernas enormes estão conectadas, tornando-as a maior caverna inundada conhecida na Terra.
A extensão de baixa altitude, carregada de calcário da Península de Iucatã é o local perfeito para a formação de cavernas subterrâneas submersas — características geológicas que os antigos povos maias chamavam de “cenotas”. Nos últimos dez meses, uma equipe de mergulho liderada por Robert Schmittner tem nadado por essas passagens labirínticas, buscando uma ligação que conecte duas cavernas gigantes: o sistema Sac Actun, de 264 quilômetros de extensão e o sistema Dos Ojos, de 83 quilômetros de extensão.
Em 10 de janeiro, em um local próximo das ruínas arqueológicas de Tulum, os mergulhadores enfim encontraram a esquiva conexão, mostrando que os dois sistemas são, na verdade, só um — uma sistema de caverna submarina monstruoso, com 347 quilômetros de extensão. Acredita-se que ele seja o maior sistema de caverna submerso da Terra.
Antes dessa descoberta, o sistema Ox Bel Ha, ao sul de Tulum, era o maior do mundo, com 270 quilômetros de extensão. De acordo com a convenção de nomeação de cavernas, quando se descobre que dois sistemas se interconectam, a caverna maior absorve a menor. Então não existe mais o sistema Dos Ojos, que foi submetido ao sistema maior, Sac Actun.
Durante a pesquisa, os mergulhadores catalogaram 358 sistemas de caverna, representando cerca de 1,4 mil quilômetros de túneis inundados. Eles também descobriram um novo sistema, de 18 quilômetros de extensão e 20 metros de profundidade, chamado de “mãe de todas as cenotas”, que foi listado como um sistema individual. Mas a equipe do Gran Acuífero Maya alega estar muito perto de conectá-lo ao sistema Sac Actun também.
Esse trabalho poderia explicar melhor práticas culturais dos antigos maias, que conduziam cerimônias e ofertas de sacrifício em torno das cenotas.
“Essa caverna imensa representa o sítio arqueológico submerso mais importante do mundo, por ter mais de uma centena de contextos arqueológicos, dentre os quais estão as provas dos primeiros colonos da América, assim como uma fauna extinta e, é claro, a cultura maia”, afirmou Guillermo de Anda, pesquisador do Instituto Nacional de Antropologia e História, em um comunicado.
Na próxima fase do projeto, a equipe espera analisar a qualidade da água no sistema Sac Actun, estudar a biodiversidade de que ele depende e lançar esforços de conservação para proteger essa extraordinária característica geográfica.
Imagem do topo: Gran Acuífero Maya/Herbert Meyrl