Meteorito marciano que caiu na Terra há 5 milhões de anos tem origem revelada

Pesquisadores ligaram o pedregulho encontrado no Saara a uma cratera até então não nomeada, que fica no hemisfério sul do planeta vermelho
Meteorito marciano
Imagem: Carl Agee/University of New Mexico/NASA/Reprodução

Marte é considerado um planeta ideal para estudar a formação da Terra. No passado, sua superfície foi tomada por lagos e mares, além do planeta vermelho também ter experimentado atividades vulcânicas. 

As familiaridades deixam os cientistas intrigados, levando-os a desenvolver missões espaciais e usar rovers para juntar amostras marcianas e estudá-las na Terra. Mas, talvez, não seja necessário ir tão longe. 

Há mais de 5 milhões de anos, um pequeno meteorito caiu em nosso planeta. Ele só foi descoberto em 2011, no deserto do Saara. Descobriu-se mais tarde que o pedregulho, chamado Noroeste da África (NWA) 7034, era um pedaço de Marte. 

O objeto foi datado em 2,1 bilhões de anos, um período em que o planeta vermelho estava secando lentamente. Esse dado já ajudaria os cientistas a descobrir mais sobre Marte, mas ainda não era suficiente. 

Na Terra, por exemplo, há diferenças claras entre amostras da Antártica e das Ilhas Maldivas. Saber o local exato de onde a amostra foi ejetada tornaria as análises ainda mais certeira. 

Foi isso que pesquisadores da Universidade Curtin, na Austrália, fizeram. Eles utilizaram um software de inteligência artificial para listar cerca de 90 milhões de crateras marcianas e encontrar qual estava ligada ao pedregulho.

Foram considerados fatores como a idade de formação da cratera e concentração de elementos que havia ali, como potássio e tório. Assim, chegaram a um buraco de 10 km localizada no hemisfério sul de Marte. 

A cratera ainda não tinha nome, então os pesquisadores propuseram Karratha – referência à cidade australiana onde foram encontradas algumas das rochas mais antigas da Terra. O estudo completo foi publicado na revista científica Nature Communications

Essa é a primeira vez que cientistas traçam o contexto geológico de uma amostra marciana, conseguindo o feito 10 anos antes das primeiras amostras coletadas pelo rover Perseverance, da NASA, serem devolvidas à Terra.

A técnica pode ser agora aplicada nos outros mais de 300 meteoritos marcianos que já foram encontrados na Terra e não tiveram a origem exata revelada. Assim, pesquisadores conseguirão entender o que aconteceu com Marte poucos milhões de anos após a sua formação — e, por tabela, entendo também sobre a formação da Terra.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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