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Em meio a golpe de estado, militares de Mianmar determinam bloqueio do Facebook

Os militares afirmam que a decisão foi tomada porque a rede social está contribuindo para a instabilidade em Mianmar.

Ícone do Facebook

Crédito: Getty Images

Após sofrer um golpe militar na segunda-feira (1º), Mianmar agora está sem acesso ao Facebook. Os militares, que controlam o país no momento, afirmam que a decisão foi tomada porque a rede social está contribuindo para a “instabilidade” da nação.

O anúncio foi feito um dia após a empresa de Zuckerberg apresentar medidas para combater conteúdos violentos no país e proteger posts que criticassem o golpe militar.

A ordem dada às operadoras de telecomunicações foi que o Facebook fosse bloqueado temporariamente entre o início da quarta-feira (4) e o final do domingo (7)

Segundo o TechCrunch, usuários do Reddit afirmaram em um fórum sobre Mianmar que a determinação já está sendo atendida pelas operadoras, já que o Facebook estava indisponível para diversas pessoas. E parece que a medida não se aplica apenas à rede social, mas aos outros produtos da empresa também.

De acordo com o site de tecnologia, a organização NetBlocks, que monitora o uso da internet globalmente, relatou que a empresa de telecomunicações estatal MPT bloqueou também o Messenger, Instagram e WhatsApp.

Ainda segundo o TechCruch, um porta-voz do Facebook confirmou que a empresa está ciente dessas restrições e que “insiste para as autoridades restaurarem a conectividade para que as pessoas em Mianmar possam se comunicar com suas famílias e amigos e acessar informações importantes”.

Essa não é a primeira vez que a empresa de Zuckerberg se envolve em conflitos políticos no país. Em 2018, o Facebook foi acusado de contribuir para o genocídio de mulçumanos rohingyas. Na época, a rede social não tinha moderadores de conteúdo no país e os militares utilizaram a plataforma para disseminar medo e discurso de ódio.

A partir dessa experiência, a empresa decidiu tomar uma atitude mais proativa desta vez e anunciou na segunda-feira (1º) que implementaria uma série de medidas para bloquear conteúdos nocivos e proteger aqueles que se manifestarem contra o golpe militar.

Uma das providências foi classificar Mianmar como um “local de alto-risco temporário” por duas semanas, o que acarreta na remoção de conteúdos e eventos que encorajem o uso de armamentos. O mesmo ocorreu em Washington, DC, após os ataques ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro.

De acordo com o BuzzFeed News, um comunicado interno de Rafael Frankel, diretor de políticas públicas do Facebook na região, diz que a empresa também está se esforçando para proteger posts que criticam o golpe militar e vai monitorar relatos de páginas e contas que forem hackeadas ou tomadas pelos militares.

“Estamos colocando a segurança das pessoas em Mianmar em primeiro lugar e removendo conteúdos que infrinjam nossas regras sobre violência, discurso de ódio e desinformação prejudicial. Isso inclui a remoção de informações falsas que deslegitimam o resultado da eleição de novembro”, diz o comunicado.

A Nobel da Paz Aung San Suu Kyi havia vencido as eleições do país, em novembro, pela segunda vez. No entanto, os militares organizaram um golpe de estado alegando que houve fraude eleitoral e declararam um ano de estado de emergência, com o general Min Aung Hlaing, chefe das Forças Armadas, assumindo como o novo presidente interino.

As ruas de Mianmar estão tomadas por soldados monitorando as principais cidades. Além dos cortes na internet e linhas de telefone, bancos e caixas eletrônicos também não estão funcionando.

De 1962 a 2011, Mianmar foi controlada por um governo militar opressor. Foi nesse período, inclusive, que o nome do país foi alterado de Burma para Mianmar. Suu Kyi liderou campanhas pedindo por reformas democráticas durante anos, tendo sido eleita como presidente do primeiro governo democrático do país em 2015, após 25 anos de ditadura militar. Em novembro, ela havia sido reeleita com mais de 70% dos votos.

Líderes de outros países já se manifestaram contra o golpe e pediram que Suu Kyi e outros líderes políticos que foram presos sejam libertados imediatamente.

[BuzzFeed News, TechCrunch, BBC 1 e 2]

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