Há 20 anos, a Microsoft mudava definitivamente nossos mouses

Há 20 anos, em abril de 1999, a Microsoft lançava uma atualização para a sua linha de periféricos IntelliMouse. Não parecia ser muito diferente de seus antecessores – ele ainda tinha alguns botões e uma roda de rolagem no meio – mas, no final das contas, era a introdução de uma tecnologia que traria o […]
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Há 20 anos, em abril de 1999, a Microsoft lançava uma atualização para a sua linha de periféricos IntelliMouse. Não parecia ser muito diferente de seus antecessores – ele ainda tinha alguns botões e uma roda de rolagem no meio – mas, no final das contas, era a introdução de uma tecnologia que traria o fim dos dias de limpeza do seu mouse.

Eu estava o terceiro ano da faculdade na época, e meu programa de mídia digital me fazia passar incontáveis horas no Photoshop versão 5.5, comprado com um bem-vindo desconto para estudantes. Minhas aulas não dependiam de livros didáticos, o que fez sobrar uma grana para softwares de edição de imagem e um desktop que embora fosse poderoso para a época seria risível hoje (16MB de RAM baby!).

O que não estava no orçamento era uma mesa Wacom chique, que ainda era destinada para profissionais com orçamentos que podiam pagar tais luxos. Eu estava preso ao mouse, que na época contava com uma arcaica bola de metal revestida de borracha para traduzir meus movimentos para o cursor na tela.

Se você mexeu com pixels há umas duas décadas, você já deve se lembrar do que estou falando. Meu mouse funcionava direitinho, mas a desvantagem era a bolinha pesada que ficava suja e fazia com meu cursor se comportasse erraticamente. Me frustrava muito. Às vezes me encontrava limpando o mouse a cada 15 minutos. Mesmo esfregando minha mesa, deixando tudo limpo e trocando meu mousepad, eram poucos dias de descanso.

Os movimentos sutis do mouse necessários para o trabalho detalhista no Photoshop não eram registrados, e em mais de uma ocasião, eu admito ter batido repetidamente com o mouse na minha mesa.

Tudo isso mudou no dia 14 de abril de 1999, na COMDEX em Las Vegas – uma feira comercial agora defunta que seria similar à CES de hoje. Naquele dia, a Microsoft anunciou o IntelliMouse Explorer: um mouse que trocava a bolinha rolante por LEDs e uma câmera digital que podia rastrear ópticamente os movimentos do mouse com extrema precisão.

Não me lembro onde ouvi falar sobre o IntelliMouse Explorer pela primeira vez – tem uma boa chance dele ter aparecido em uma edição da Popular Science da época – mas quando foi lançado alguns meses depois, em outubro, eu fui um dos primeiros a comprar. Por US$ 75, e bem mais de US$ 100 aqui no Canadá, era um periférico extremamente caro, especialmente se tratando de um mouse, mas naquele momento, eu teria vendido um rim para conseguir um desses.

A Microsoft estava longe de ser a primeira empresa a incorporar o rastreamento óptico em um mouse. O método existia desde 1980, quando um par de inventores lançaram duas abordagens diferentes para rastrear os movimentos do mouse por meio de imagens. A tecnologia foi disponibilizada comercialmente no Xerox STAR em 1981, que custava nada menos do que US$ 16.500 – equivalente a mais de US$ 45.000 hoje em dia – mas era uma máquina exclusiva negócios.

Décadas depois, empresas como a Sun Microsystems incluíram mouses com laser em seus servidores e estações de trabalho igualmente caros, mas eram necessários mousepads refletivos para usá-los. O consumidor médio não gostaria de ter que passar por esses obstáculos.

Com base na tecnologia desenvolvida pela Hewlett-Packard, o IntelliMouse Explorer chegou custando caro, mas ainda era acessível para muitos. Além disso, o lado de baixo do mouse foi completamente selado, impedindo até mesmo o mais pequeno grão de sujeira entrasse, além de ter apresentado melhorias sobre seus antecessores, funcionando em quase qualquer superfície que não refletisse muito.

Me lembro de voltar ao meu dormitório e ligar o Explorer pela primeira vez, me perguntado quem tinha um equipamento sofisticado o suficiente para usar o adaptador PS2 para USB que vinha na caixa. Aconteceram alguns engasgos na instalação de drivers, mas depois que consegui resolver os problemas no Windows 98, eu abri o Photoshop e tive a experiência mais suave possível com um mouse até então. Problema resolvido.

Além desse sensor óptico que mudou o jogo, o IntelliMouse Explorer também introduziu um par de botões extra programáveis que me pareceram desnecessários no início, mas logo se tornaram uma maneira indispensável de navegar na web, permitindo navegar rapidamente entre sites. (As abas ainda não tinha sido inventadas.)

Não demorou muito para os concorrentes da Microsoft lançarem seus próprios mouses ópticos. A Apple lançou no ano seguinte e, em 2004, a Logitech também entrou na jogada. Botões extras se tornaram a norma da indústria, e as empresas começaram a competir para ver quem poderia criar uma tecnologia de rastreamento óptico mais precisa para atrair os jogadores de PC mais exigentes.

Eu posso contar em meus dedos o número de vezes que uma tecnologia mudou completamente minha vida – frequentemente, elas tendem a complicar as coisas também (né, iPhone?). Mas 20 anos depois, o IntelliMouse Explorer foi uma atualização que mudou tudo e não trouxe qualquer desvantagem.

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