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[Review] Microsoft Surface Book: rumo ao laptop definitivo com Windows

O ambicioso Surface Book da Microsoft quebra as expectativas que temos de um laptop com Windows. Ele é um computador bem atraente, e que muda seus hábitos.

O ambicioso Surface Book da Microsoft quebra as expectativas que temos de um laptop com Windows. Ele é um computador bem atraente, e que muda seus hábitos.

O que é?

Este é o primeiro laptop já lançado pela Microsoft. Ele tem um design inteligente, que permite à sua tela de 13,5 polegadas se destacar da base com teclado, para que você possa usá-la como um tablet grande.

O modelo básico vem com o mais recente processador Intel Core i5 da geração Skylake por US$ 1.500 – é basicamente um Surface Pro 4 com um design industrial melhor. Por US$ 1.700, você pode obter um Core i5 e um chip gráfico Nvidia GeForce. O modelo mais caro tem Core i7 com chip da Nvidia e 1 TB de armazenamento, e custa US$ 3.200.

A maior parte deste review se refere à configuração básica de US$ 1.500; no entanto, nós também fizemos alguns testes no modelo de US$ 2.100 com Core i7 e gráficos Nvidia.

Por que é importante?

O anúncio do Surface Book pegou todos de surpresa no mundo de eletrônicos de consumo, mas ele não veio exatamente do nada. A Microsoft está tentando se transformar há anos.

Este laptop surgiu após os híbridos Surface se provarem como um design de referência, e após o Windows 10 corrigir os erros do passado e se tornar um sistema que muitos querem instalar – ele já está presente em 110 milhões de dispositivos. O preço premium do Surface Book e seu design meticuloso são mais um reconhecimento de que hardware ótimo é tão crítico quanto o software.

O Surface Book é lindo e diferente. Ele é potente e caro. Seu design convida você a considerar o que um computador poderia fazer por você, ao invés de se contentar com o básico. Seu laptop deve funcionar como um tablet enorme com uma das melhores telas, e você deve ser capaz de escrever nela com uma caneta perfeita. Sem comprometimentos. Isto é o que o Surface Book faz você exigir de um dispositivo.

É um conceito aspiracional, tanto para usuários como para a própria empresa. Um laptop de US$ 1.500 nunca vai alcançar a maior parte dos clientes da Microsoft, a maioria dos quais provavelmente usará máquinas abaixo dos US$ 1.000 feitas por outras fabricantes. Mas ele está lá como um símbolo, uma ideia que qualquer um pode comprar.

Design

De cara, o Surface Book parece apenas um laptop comum com um belo corpo de magnésio – mas, como sabemos, ele é um conversível. Tudo funciona graças a uma dobradiça com design impecável, composta por tiras estreitas que se encaixam.

O mecanismo abre e fecha sem o menor rangido. Ela é muito bem projetada:

Você usa um botão de liberação no canto superior direito do teclado, e a tela se destaca e se torna um tablet independente.

Para que a tela seja destacável, ela precisa conter todos os componentes básicos, como processador, armazenamento flash e bateria. Por isso, a base com teclado assume outra função: no modelo básico, ela tem mais bateria; nas versões mais caras, ela também abriga o processador gráfico da Nvidia.

A tela é grande: são 13,5 polegadas de metal e vidro, repleta com 6 milhões de pixels. A resolução de 3000 x 2000 pixels resulta em 267 pixels por polegada. Esta é provavelmente a tela mais linda que eu já vi em um computador, e sua taxa de contraste – uma indicação da gama de luz e escuro mais ampla que a tela pode representar – supera de longe a concorrência.

Você também pode encaixar novamente a tela em outra posição, de modo que ela fique virada para fora ao ser dobrada. A Microsoft chama esta posição de “clipboard”, ou prancheta – e é aqui onde a Surface Pen entra em jogo. A caneta prateada percorreu um longo caminho em estética e usabilidade desde a original, em 2012. Ela é magnética, de modo que pode se encaixar ao lado da tela.

Usando

O design do Surface Book é voltado para o futuro, e seu desafio é tentar ser tudo de uma vez. Como ele se sai em diferentes cenários possíveis?

Como um laptop para trabalhar…

Apesar do design versátil do Surface Book, eu usei o dispositivo na maior parte como um laptop. Neste modo mais tradicional, ele funciona muito bem, com apenas algumas ressalvas.

A proporção 3:2 da tela oferece um espaço de visualização muito maior do que uma proporção 16:9 (ou 16:10 de um MacBook Pro). Além disso, o Core i5 funciona muito bem para tarefas básicas, como navegar na internet, assistir Netflix, e fazer pequenas edições no Photoshop. A duração da bateria é muito boa – foram 6 a 7 horas de trabalho sem carregar. Obrigado, Skylake!

O teclado permite uma digitação rápida, e não tenho queixas aqui. Fiquei encantado com o som alto que as teclas fazem quando seus dedos dançam por elas.

E então, há as desvantagens. O primeiro é um trackpad inconsistente que faz o cursor saltar na tela: muitas vezes, ele era muito sensível ou não sensível o bastante. Depois de quase duas semanas usando o Surface Book, eu me acostumei ao comportamento instável do trackpad, mas não era para isso acontecer.

Algumas vezes, eu simplesmente desistia e conectava um mouse externo. A boa notícia é que a Microsoft reconheceu o problema e diz que há uma atualização de firmware vindo no início de novembro.

A outra dificuldade, ainda que menor, é que o design flexível faz com que o laptop seja às vezes um pouco complicado de lidar. É ótimo usá-lo quando você está sentado em uma mesa, ou sentado de forma que o computador posa ficar totalmente plano em seu colo.

No entanto, se você estiver debruçado no canto de um aeroporto, deitado em sua cama, ou esparramado no sofá, você vai se deparar com problemas devido à distribuição de peso. Como a tela do Surface Book pesa mais que a base, ela pode inclinar o laptop para trás, ou fazê-lo tremer muito enquanto você digita.

Como um tablet grandalhão…

A tela fica ainda mais impressionante quando retirada da base. Basta estar preparado para segurá-la com as duas mãos, porque um tablet de 13,5 polegadas é gigante. Dependendo do que você está tentando fazer, pode ser um pouco complicado. Os 862 g da tela não parecem muito, mas você realmente começa a senti-los quando está tentando ler um artigo longo ou assistir a um programa de TV. Este híbrido de laptop/tablet definitivamente é mais confortável de se usar no colo.

No modelo básico, você não perde desempenho pois o processador está atrás da tela. Em configurações com chip gráfico, obviamente você não será capaz usá-lo sem a base do teclado – você ficará restrito ao desempenho do chip gráfico embutido Intel HD Graphics 520.

Como um dispositivo para tomar notas…

Para mim, usar uma caneta para fazer anotações na tela está longe da minha rotina. No entanto, o Surface Book e a nova Surface Pen são um prazer de usar. A Microsoft reduziu a espessura do vidro a tal ponto que você se sente realmente escrevendo ou desenhando pixels diretamente na tela.

Isso é bem intuitivo. Na semana passada, um amigo com inclinações artísticas pegou a caneta e desenhou uma bela imagem no OneNote dentro de segundos. É uma sensação completamente natural.

E quanto ao desempenho gráfico?

Eu experimentei a versão com o GPU da Nvidia para ver o que ela podia fazer. Trata-se de um chip gráfico personalizado, com 1GB de memória GDDR5 e arquitetura Maxwell. A Nvidia diz que o processador ainda não foi anunciado oficialmente, e por isso não revela muitos detalhes.

Obviamente, esta versão do Surface Book não se destina a ser um laptop de jogos, mas e se você quisesse usar seu dispositivo de US$ 2.100 para tanto? Bem, eu testei alguns jogos como Tomb Raider, que exigem um chip gráfico dedicado, e notei que o laptop conseguiu manter altas taxas de quadros na qualidade média. No entanto, em qualidade alta, o desempenho ficou mais engasgado. Então jogar é possível, mas não espere usar a configuração máxima.

O uso mais provável para os gráficos discretos está em um contexto de design. Pedimos ao animador Devin Clark para que conectasse sua tela Wacom Cintiq ao Surface Book para ver como ele iria funcionar. O laptop não teve problemas de desempenho ao fazer a tela funcionar por conta própria; no entanto, as coisas ficaram muito lentas quando a tela do computador e a Cintiq estavam ativadas ao mesmo tempo. Então ele tem potência, porém não faz milagres em um design tão esbelto.

Gostamos

Tela incrível. A vida útil da bateria é muito boa. O design é versátil e inovador.

Não gostamos

O software por trás do trackpad tem bugs, já reconhecidos pela Microsoft, e precisa melhorar.

Vale a pena?

O Surface Book possui uma tela admirável e um design imponente. Há desvantagens, mais notadamente no trackpad, mas a Microsoft já avisou que vai resolver.

De um ponto de vista estritamente focado em desempenho, o Surface Book é um computador caro. A configuração básica de US$ 1.500 equivale a um Surface Pro 4 de US$ 900, mas com um teclado fixo e uma tela maior. Não há um concorrente à altura, em questão de design, entre dispositivos com Windows.

E quanto aos modelos com gráficos da Nvidia? Aqui, você vai pagar muito por um computador que não tem desempenho top da linha. Você estará pagando em parte pelo design.

Mas milhões de pessoas vêm pagando caro há anos pelos Macs. Você quer um dispositivo premium com Windows? A Microsoft agora tem o que você está procurando.


Fotos por Michael Hession; reportagem adicional por Nick Stango

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