Mineração de bitcoin pode usar mais energia que a de metais, sugere estudo

Criptomoedas e metais preciosos têm algumas semelhanças entre si. Uma delas é que ambos dependem de mineração, e essa mineração usa quantidades enormes de energia. Um novo estudo publicado nesta segunda-feira (5) na Nature mostra que a criptomineração é um processo que gasta muito mais energia do que a mineração de seus equivalentes brilhantes. Os […]
Getty/AP

Criptomoedas e metais preciosos têm algumas semelhanças entre si. Uma delas é que ambos dependem de mineração, e essa mineração usa quantidades enormes de energia.

Um novo estudo publicado nesta segunda-feira (5) na Nature mostra que a criptomineração é um processo que gasta muito mais energia do que a mineração de seus equivalentes brilhantes. Os pesquisadores vêm estudando as extraordinárias necessidades de energia do bitcoin há anos, mas essa comparação inédita ajuda a colocar a criptografia em um contexto mais amplo e quantifica seu impacto ambiental.

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Para aqueles que conseguiram ficar os últimos anos sem ouvir sobre como funcionam as criptomoedas, aqui vai uma rápida (e muito simplificada) explicação. As criptomoedas são uma forma de pagamento que vive no blockchain, que, por sua vez, é basicamente um livro de registro digital que rastreia transações verificadas. A mineração de criptografia adiciona um novo bloco ao blockchain e, com ele, o minerador ganha moedas. Todo o processo de mineração ocorre no mundo virtual, em que computadores realizam cálculos complexos, que exigem grande capacidade de processamento. O computador que resolve o “problema” primeiro é recompensado com o bloco que mencionamos.

Todos esses cálculos tomam uma enorme (e cada vez maior) quantidade de energia. Estimativas anteriores diziam que a indústria de bitcoins tem a mesma pegada de energia de um país de pequeno a médio porte. A nova pesquisa usa dados sobre o uso de bitcoin, bem como ethereum, litecoin e monero — três outras criptomoedas populares — para ampliar nossa compreensão sobre seu consumo de energia.

O estudo constatou que, nos últimos 30 meses, a energia de mineração de criptomoedas aumentou exponencialmente, apesar de os mercados de praticamente todas elas estarem mais voláteis. “A quantidade de energia necessária agora rivaliza com países desenvolvidos como a Dinamarca”, diz Max Krause, engenheiro ambiental do Instituto Oak Ridge de Ciência e Educação. Ele liderou o estudo, que não tem relação com o trabalho diário da instituição.

Os cientistas estimam que as emissões de carbono da criptomineração são de 3 milhões a 15 milhões de toneladas de dióxido de carbono no mundo. Mas a intensidade de carbono, ou quantidade de emissões de carbono por transação, varia muito de país para país. A China — onde muitas operações de mineração estão centralizadas, porque é mais barato fazer a instalação — infelizmente é também o lugar com uso mais intenso de carbono para minerar. O Canadá é o lar de algumas das operações de mineração menos intensas em carbono do mundo, emitindo quatro vezes menos dióxido de carbono do que as da China.

O estudo observa que suas estimativas para a energia de criptomoeda podem ser conservadoras, uma vez que não levam em conta o resfriamento e outros processos que dependem de energia para manter as operações de mineração funcionando. No entanto, elas estão bem alinhados com outras pesquisas. Alex de Fries, economista que faz cálculos com bitcoin, elogiou o trabalho por ampliar nosso conhecimento sobre outras criptomoedas.

“Meu trabalho foi limitado a BTC [bitcoin] e ETH [ethereum], mas todo o espaço de mineração é maior do que isso”, disse ele ao Gizmodo em um e-mail. “Este é um pequeno passo para cobrir adequadamente todo o espaço”.

Toda essa conversa sobre o impacto ambiental de uma moeda digital ainda pode parecer altamente acadêmica e distante. Krause disse que queria acrescentar uma comparação que “a maioria das pessoas pode entender ou compreender”, e é por isso que a análise também mostra informações sobre a mineração de ouro, platina, cobre, alumínio e terras raras. Os resultados mostram que, tirando o alumínio, a mineração criptográfica é, em geral, muito mais intensiva em energia por dólar de valor extraído do que seus equivalentes metálicos.

Krause disse que o objetivo da pesquisa não é julgar as criptomoedas, mas sim ajudar o público a entender melhor que o blockchain intangível é, na verdade, muito tangível. Ele também observa que melhorias poderiam reduzir o impacto do setor no longo prazo.

Mudar a economia dos combustíveis fósseis para a energia renovável também poderia ajudar. No Canadá, uma das razões pelas quais a mineração muito menos intensivo do que a China é devido ao maior uso de energia hidrelétrica. A queda dos custos da energia eólica e solar deve reduzir ainda mais as emissões de carbono da criptomineração.

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