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Missão chinesa achou material da composição do manto no lado oculto da Lua

Cientistas chineses revelaram um importante conjunto de resultados da sonda lunar Chang’e 4, revelando o que parece ser o material do manto da Lua no lado oculto do nosso satélite natural. Há uma monte de coisas que os cientistas ainda não sabem sobre nossa Lua — especificamente, a composição de seu interior e como ela […]

Topografia do lado distante e próximo da Lua

Lado visível da Lua (esq.) e lado oculto (dir.). Crédito:Mark A. Wieczorek/Wikimedia Commons

Cientistas chineses revelaram um importante conjunto de resultados da sonda lunar Chang’e 4, revelando o que parece ser o material do manto da Lua no lado oculto do nosso satélite natural.

Há uma monte de coisas que os cientistas ainda não sabem sobre nossa Lua — especificamente, a composição de seu interior e como ela ficou da forma que é atualmente. A missão chinesa Chang’e 4 chegou ao lado oculto da Lua em janeiro, um marco único até então para a humanidade, com o objetivo de responder algumas dessas questões.

Estes resultados são resultado das primeiras observações dos espectrômetros de infravermelho visível e de infravermelho do jipe Yutu 2, enquanto ele atravessava a bacia do Polo Sul-Aitken da Lua. As descobertas oferecem um vislumbre tanto sobre a antiga Lua como detalhes antigos da Terra.

Teorias sugerem que o manto da Lua se formou quando o material mais leve flutuou para a superfície de um “oceano de magma”, enquanto um material mais pesado afundou, disseram os autores Bin Liu e Chunlai Li, da Academia Chinesa de Ciências, por e-mail ao Gizmodo. “Entender a composição do manto lunar é fundamental para comprovar se um oceano de magma existiu como postulado”, escreveram eles.

A bacia do polo Sul-Aitken é a região mais escura no lado esquerdo inferior desta imagem. Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University

A sonda Chang’e 4 pousou na Lua em 3 de janeiro deste ano, e tanto a sonda como o jipe começaram a coletar dados. Desde então, o robô começou a explorar a bacia do Polo Sul-Aitken, uma cratera de impacto de 2.500 quilômetros. O local pode ter vestígios do manto lunar. Os pesquisadores analisaram o solo lunar usando dados do espectrômetro de infravermelho visível e infravermelho, que podem determinar a identidade do material no solo com base em suas linhas espectrais.

Os dados do jipe Yutu 2 revelaram minerais densos e ricos em ferro como olivina e piroxena, de acordo com artigo publicado na revista Nature. Os pesquisadores consideraram isso para inferir que eles podem ter encontrado rochas solidificadas do manto — a camada abaixo da crosta lunar que compõe a maior parte do volume da Lua — que teria sido levantada após um impacto produzido por outro volume de 72 km de largura dentro da bacia do Polo Sul-Aitken.

Sonda Chang’e 4 captada pelo jipe Yutu 2. Créditio: CNSA

Os cientistas estão empolgados com esses resultados por vários motivos — muitos deles não estão vinculados diretamente às descobertas.

“Mais do que o estudo, o que é animador é que nós voltamos à Lua”, disse Melanie Barboni, professora assistente da escola de exploração espacial e da Terra da Arizona State University, ao Gizmodo. “Temos esperado décadas por isso. Este grupo maravilhoso fez isso, e pousou em um lugar que nunca estivemos antes […] o lado mais distante parece ser muito diferente do lado que já foi visitado, e eles podem estar registrando tanta informação que ainda não percebemos.”

Além disso, a maioria das amostras colhidas na missão do lado mais próximo da Lua [o local que os EUA já visitaram e que é visível da Terra] parece conter traços de alguma colisão cataclísmica que criou o Mare Imbrium da Lua, um ponto de pouco relevo do satélite que foi impactado por um objeto celeste há milhões de anos.

Nicolle Zellner, professora da Albion College, em Michigan, disse ao Gizmodo que ela estava animada por amostras que não contenham ejecta (material expelido) do evento de Imbrium. Novas amostras vão permitir que cientistas entendam melhor o interior da Lua, como os materiais se movem no satélite, entre outras coisas, disse ela.

Este é apenas o primeiro resultado, e os cientistas ainda não sabem a concentração desses minerais que estão embaixo da superfície lunar. No entanto, os pesquisadores por trás da missão Chang’e 4 continuarão a analisar estes resultados para comprovar e entender a origem dos materiais que eles conseguiram visualizar, segundo o estudo. Cada fonte com quem eu falei ressaltou que este é um período único para ciência lunar, pois estamos com a missão Chang’e rolando e ainda temos a promessa de os Estados Unidos voltarem à Lua em 2024.

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