Missão indiana tenta colocar país na seleta lista dos que conseguiram pousar na Lua

Com missão em direção à Lua, Índia quer ser o quarto país a pousar em nosso satélite natural. Além disso, país quer se reafirmar como potência tecnológica.
Foguete da missão da Índia indo em direção à Lua
Lançamento do foguete GSLV Mk-III realizado nesta segunda-feira (22), no centro espacial Satish Dhawan. Crédito: ISRO

A missão Chandrayan-2 está oficialmente rumo a um começo promissor, com a Índia entrando na disputa para se tornar o quarto país a pousar na Lua.

A Organização de Pesquisa do Espaço Indiano (ISRO, na sigla em inglês) lançou o foguete GSLV-Mk-III, de três estágios, na segunda-feira (22) às 14h43 (horário local) do Centro Espacial Satish Dhawan, em Sriharikota, uma ilha na costa de Andhra Pradesh, de acordo com um comunicado de imprensa da agência espacial.

O foguete partiu com sucesso com sua carga — a espaçonave Chandrayaan-2, de 3.840 kg — na órbita da Terra pouco tempo depois do lançamento. A ISRO diz que a espaçonave está “bem” e está se movendo na “direção certa”, como relata o Times of India.

O foguete foi originalmente programado para partir em 15 de julho, mas a ISRO teve que cancelar o lançamento devido a problemas técnicos. O esforço bem-sucedido de ontem foi recebido com imenso alívio, após os receios de que o lançamento pudesse não acontecer, devido a problemas e à curta janela de lançamento.

Diagrama com trajeto da missão indiana à LuaDiagrama com trajeto da missão indiana à Lua. Crédito: ISRO

Nos próximos dias, os controladores da missão usarão o sistema de propulsão a bordo do Chandrayaan-2 para realizar uma série de ajustes orbitais. A espaçonave não está seguindo um caminho direto para a Lua. Em vez disso, ela realizará uma série de órbitas terrestres cada vez maiores até que esteja longe o suficiente para ser capturada pela gravidade da Lua. Esse processo levará 48 dias, após os quais a espaçonave estará perto o suficiente da Lua, de modo que possa despachar o módulo de pouso Vikram para a superfície lunar.

A sonda Vikram, batizada para honrar Vikram Sarabhai, um pioneiro no programa espacial indiano, tentará fazer um pouso suave em 7 de setembro de 2019. A sonda descerá em direção à superfície lunar a uma velocidade de 2 metros por segundo e pousará em uma planície entre duas crateras, Mazinus C e Simpelius N., na região do polo sul da Lua, de acordo com um press kit da ISRO.

Aterrissador Vikram usado pela missão da Índia com destino à LuaAterrissador Vikram. Crédito: ISRO

Se tudo der certo, a Índia se tornará o quarto país do mundo a pousar uma sonda na Lua — os outros foram os EUA, a União Soviética e a China. No início do ano, Israel tentou o feito com a Beresheet, mas a sonda colidiu com a Lua. A missão Chandarayann-2 é a primeira a explorar o polo sul da Lua.

Esta é a segunda vez que a Índia enviou uma espaçonave à Lua. Em 2008, a ISRO lançou o Chandrayaan-1, que envolvia um orbitador lunar e um impactador; este último, inclusive, caiu com tudo na Lua.

Ao chegar na superfície lunar, espera-se que a missão Chandrayaan-2 dure um dia lunar, que é aproximadamente igual a 14 dias terrestres. O aterrissador Vikram implantará Pragyan, um veículo robótico de seis rodas (Pragyan significa “sabedoria” em sânscrito). Este rover viajará no máximo a 500 metros do local de pouso, movendo a uma velocidade de 1 cm/segundo. Nem Vikram nem Pragyan estão equipados para sobreviver à noite lunar, na qual as temperaturas podem cair para até -170ºC.

Rover PragyanRover Pragyan. Crédito: ISRO

Durante os 14 dias terráqueos de atividade na Lua, espera-se que a missão use seu espectrômetro de raio-X de partículas a bordo e espectroscópio a laser para estudar a composição química da superfície lunar perto do local de pouso.

Enquanto isso, o aterrissador Vikram tentará detectar terremotos, medir a condutividade térmica da Lua (o grau em que a superfície lunar pode conduzir eletricidade) e estudar a ionosfera lunar (a zona que é ionizada pela radiação solar e cósmica). Vikram será capaz de se comunicar com Pragyan, o orbitador Chandrayaan-2 e os controladores da missão na Terra.

Quanto ao orbitador Chandrayaan-2, ele funcionará em órbita lunar por cerca de um ano, e observará a superfície a uma altura de cerca de 100 quilômetros. O módulo orbital é equipado com um conjunto de instrumentos que permitirá varreduras topográficas da superfície lunar, medições da composição química da Lua e levantamentos de minerais lunares e (possivelmente) água. O orbitador também estudará o Sol com um monitor solar de raios-X.

Felizmente, o orbitador também é equipado com uma câmera de alta resolução, então devemos ver algumas fotos fantásticas do polo sul da Lua. Ao todo, a missão Chandrayaan-2 envolve 12 elementos diferentes, todos desenvolvidos internamente pela ISRO.

Na verdade, essa é uma missão muito “fizemos tudo por nossa conta” da Índia. O país está se esforçando para se tornar uma potência espacial, e espera mostrar ao mundo que pode fazer muito mais do que apenas lançar satélites no espaço.

Em março deste ano, a Índia derrubou intencionalmente um de seus próprios satélites para mostrar sua crescente influência no espaço. Olhando para o futuro, uma terceira missão Chandrayaan está marcada para 2023 ou 2024 (possivelmente em conjunto com a JAXA, a agência espacial do Japão). Fala-se até mesmo em colocar astronautas no espaço em 2020 e enviar uma sonda a Vênus até 2023.

“A Índia quer mostrar, especialmente o primeiro-ministro [Narenda] Modi desde que assumiu o poder, que é uma grande potência e que o país deve ser tratado como um dos mais poderosos do Indo-Pacífico”, afirmou Rajeswari Pillai Rajagopalan, chefe de políticas espaciais e nucleares da Observer Research Foundation, à CNN.

Bom, mas tudo isso é para o futuro. Por enquanto, a Índia precisa posicionar com segurança o aterrissador Vikram na superfície lunar, um feito programado para o dia 7 de setembro. Como Israel aprendeu no início deste ano, nada deve ser dado como garantido. Como é frequentemente dito, o espaço é difícil.

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