O terrível trabalho dos moderadores de conteúdo do Facebook

É impressionante que o Facebook esteja livre de vídeos de pornografia, e isso acontece devido ao terrível trabalho desempenhado pelos seus moderadores de conteúdo.

Mesmo com mais de um bilhão de usuários, o Facebook consegue se manter limpo e agradável para crianças acessarem. Como é possível que a rede social não seja inundada de pornografia e outras coisas não recomendadas para menores de idade? Bem, uma empresa cuida da moderação do conteúdo publicado no Facebook, e rapidamente elimina qualquer coisa que não seja apropriada.

Para edição de novembro da revista Wired, Adrian Chen visitou o escritório de uma empresa nas Filipinas que foi contratada pelo Facebook para cuidar disso. E, como o esperado, não é um trabalho nem um pouco divertido – muito pelo contrário, deve estar entre os piores empregos do mundo.

Praticamente todos os sites de mídias sociais usam algum tipo de moderação para manter conteúdo abusivo longe das suas páginas. A empresa visitada por Chen também cuida da moderação do Whisper, aquele serviço de segredos anônimos que não é tão anônimo. Lá, funcionários contratados, que provavelmente recebem menos em um dia do que nós ganhamos em uma hora, passam o expediente olhando imagens de violência brutal e pedofilia. Esse tipo de trabalho pode causar transtornos na cabeça dessas pessoas – como diz a Wired:

Oito anos após o fato, Jake Swearingen ainda pode lembrar do vídeo que o fez pedir demissão. Ele tinha 24 anos de idade e conseguiu um trabalho como moderador de uma startup chamada VideoEgg. Depois de três dias, um vídeo de uma decapitação apareceu entre as suas tarefas.

“Merda, eu peguei uma decapitação”, ele disse. Um colega de trabalho um pouco mais velho que vestia um casaco preto casualmente virou sua cadeira. “Ah”, ele disse, “qual?”. Naquele momento, Swearingen decidiu que não queria se tornar um conhecedor de vídeos de decapitação. “Eu não queria olhar para trás e dizer que me tornei tão blasé ao assistir pessoas tendo essas coisas terríveis acontecendo com elas que passei a ser irônico ou fazer piadas sobre isso”, diz Swearingen, agora editor de mídias sociais da Atlantic Media.

Com esse tipo de tarefa a ser desempenhada no trabalho, não é surpreendente que cada funcionário dure entre três a seis meses no cargo – muito mais do que isso certamente causaria danos irreversíveis na vida da pessoa. E esse submundo dos trabalhadores de rede sociais emprega muita gente:

Empresas como Facebook e Twitter dependem de um exército de funcionários que absorvem o que há de pior na humanidade para proteger o resto de nós. E há uma legião deles – uma piscina enorme e invisível de trabalho humano. Hemanshu Nigam, antigo chefe de segurança do MySpace agora mantém uma consultoria de segurança online chamada SSP Blue, e estima que o número de moderadores de conteúdo depurando os sites, aplicativos e serviços de armazenamento na nuvem das mídias sociais é “bem maior que 100.000”, isso é, cerca de duas vezes o total de funcionários do Google e quase 14 vezes mais do que o Facebook.

Então enquanto as gigantes do Vale do Silício empregam muitos funcionários em seus luxuosos escritórios espalhados pelo mundo, uma quantidade ainda maior de pessoas vive com salários próximos aos US$ 300 por mês tirando qualquer coisa suja que seja postada nesses serviços para que seus queridos usuários não precisem encarar vídeos de decapitação ao acessar casualmente o Feed de Notícias do Facebook pelo celular – e fazendo isso do outro lado do mundo.

Você pode conferir o artigo completo na Wired (em inglês). E lembre-se: apesar de todo o chorume postado diariamente no Facebook (e sabemos que não é pouco chorume!), as coisas poderiam ser bem piores. [Wired]

Imagem via Shutterstock

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