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Moderadores do YouTube são forçados a reconhecer no papel que estão sujeitos a doenças psicológicas

Os contratados encarregados de manter o YouTube limpo das formas mais nojentas de conteúdo estão sendo forçados a assinar acordos reconhecendo que o trabalho pode ter um forte impacto em sua saúde mental. Aparentemente, esses contratos fazem com que qualquer problema relacionado ao trabalho seja de responsabilidade dos trabalhadores e não do Google ou do […]

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Foto: ERIC PIERMONT/AFP/Getty

Os contratados encarregados de manter o YouTube limpo das formas mais nojentas de conteúdo estão sendo forçados a assinar acordos reconhecendo que o trabalho pode ter um forte impacto em sua saúde mental. Aparentemente, esses contratos fazem com que qualquer problema relacionado ao trabalho seja de responsabilidade dos trabalhadores e não do Google ou do YouTube.

O Verge informou na última quinta-feira (27) que funcionários que trabalham para a Accenture, que lida com a moderação de conteúdo do YouTube, “ordenaram” que os moderadores assinassem um acordo que dizia que alguns dos conteúdos que eles veem no trabalho “podem impactar minha saúde mental e até levar a transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)”, de acordo com uma cópia do documento obtida pela reportagem.

O acordo foi supostamente distribuído aos funcionários apenas alguns dias depois de uma matéria perturbadora ser publicada pelo The Verge em dezembro. Ela mostrava a grave carga mental e emocional de assistir a vídeos horríveis o dia todo, todos os dias.

Em comunicado por e-mail, um porta-voz da empresa disse ao Gizmodo que ela sempre solicitou aos novos contratados “que revisassem e assinassem esses tipos de documentos” e pareceu insinuar que o contrato estava simplesmente sendo redistribuído, mas sem esclarecer os motivos.

“Embora direcionado a novos associados, o documento também foi reeditado para o pessoal existente, mas não assinar o documento atualizado não tem nenhuma consequência”, disse o porta-voz. A empresa não respondeu a perguntas adicionais sobre se o documento distribuído aos funcionários antes da matéria do Verge continha os mesmos termos.

A matéria do Verge também diz que o documento afirma que o contratado deve “tirar o máximo proveito do programa weCare e procurar serviços adicionais de saúde mental, se necessário”, exigindo que eles concordem em “informar ao meu supervisor/ou ao meu conselheiro de pessoas do RH se eu acredito que o trabalho está afetando negativamente minha saúde mental”. O site relatou ainda o documento listava uma linha direta, recursos humanos e um “coach de bem-estar” que não é médico como recursos disponíveis para os moderadores de conteúdo.

O porta-voz da Accenture disse ao Gizmodo que, para atender às necessidades de saúde mental de funcionários que podem ser afetados pelo trabalho, “solicitamos que eles nos informem se precisam de algum tipo de apoio ou acomodação e respondemos de acordo com as necessidades”.

Segundo o Verge, a Accenture alega que a assinatura do documento era voluntária. No entanto, dois trabalhadores dizem que foram forçados a assinar os formulários ou precisariam enfrentar a rescisão de seus contratos.

Um porta-voz da Accenture se recusou a responder oficialmente se os funcionários foram ameaçados de rescisão por se recusarem a assinar e não disse se os funcionários são notificados de que a assinatura do documento é opcional. O porta-voz declarou apenas que ninguém foi demitido por se recusar a assinar.

O Google não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a reportagem. No entanto, a empresa disse ao Verge que os contratados “fazem um trabalho vital e necessário para manter as plataformas digitais mais seguras para todos. Escolhemos cuidadosamente as empresas com as quais fazemos parceria e exigimos que elas forneçam recursos abrangentes para dar suporte ao bem-estar e à saúde mental dos moderadores.”

Aparentemente, essa escolha não foi cuidadosa o bastante.

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