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“Monitor de sabor” recria gosto sem usar comida: basta lamber o aparelho

Lamber seu celular ou outros eletrônicos não é nem um pouco recomendável. A única exceção é caso você seja um pesquisador da Universidade Meiji, no Japão, que inventou o que está sendo descrito como uma monitor de sabor. O aparelho pode recriar artificialmente quase todos os sabores, acionando os cinco gostos diferentes na língua do […]

Imagem mostra uma boca aberta. A língua toca um aparelho cilíndrico branco envolto em material dourado. Dele, saem fios para um dispositivo circular com 5 blocos de sabores.

Captura de tela: Homei Miyashita/Universidade Meiji/YouTube

Lamber seu celular ou outros eletrônicos não é nem um pouco recomendável. A única exceção é caso você seja um pesquisador da Universidade Meiji, no Japão, que inventou o que está sendo descrito como uma monitor de sabor. O aparelho pode recriar artificialmente quase todos os sabores, acionando os cinco gostos diferentes na língua do usuário.

Anos atrás, pensava-se que a língua tinha regiões diferentes para provar sabores doces, azedos, salgados e amargos, cada uma delas com maiores concentrações de papilas gustativas adaptadas a sabores específicos.

Hoje sabemos que a distribuição é mais uniforme pela língua e que um quinto sabor, umami, desempenha um papel importante no nosso prazer pela comida. Essa compreensão de como a língua funciona é crucial para um novo protótipo que seu criador, Homei Miyashita, chama de Norimaki Synthesizer.

Ele foi inspirado na facilidade com que nossos olhos podem ser levados a ver algo que tecnicamente não existe. A tela que você está vendo usa pixels microscópicos compostos de elementos vermelhos, verdes e azuis que se combinam em intensidades variadas para criar imagens coloridas.

Miyashita se perguntou se uma abordagem semelhante poderia ser usada para enganar a língua, e é por isso que o Norimaki Synthesizer também é chamado de monitor de sabor.

Houve muitas tentativas de simular artificialmente sabores na língua com e sem a presença de alimentos, mas eles tendem a se concentrar em um sabor específico ou a melhorar um sabor único, como aumentar o sabor de algo salgado sem realmente precisar adicionar mais sal. O Norimaki Synthesizer adota uma abordagem mais agressiva: ele usa cinco géis que acionam os cinco sabores diferentes quando eles fazem contato com a língua humana.

Os géis são identificados por cores. Eles são feitos de ágar na forma de tubos longos e usam glicina para criar o sabor doce, ácido cítrico para ácido, cloreto de sódio para salgado, cloreto de magnésio para amargo e glutamato monossódico para umami.

Quando o dispositivo é pressionado contra a língua, o usuário experimenta todos os cinco gostos ao mesmo tempo, mas sabores específicos são criados misturando-os em quantidades e intensidades específicas, como se fossem pixels RGB na tela.

Para conseguir isso, o protótipo é envolto em papel de cobre, de modo que, quando está na mão e toca na superfície da língua, forma um circuito elétrico através do corpo humano, facilitando uma técnica conhecida como eletroforese.

A eletroforese é um processo que move moléculas em um gel quando uma corrente elétrica é aplicada, permitindo que elas sejam classificadas por tamanho com base no tamanho dos poros do gel. Mas aqui o processo simplesmente faz com que os ingredientes nos tubos de ágar se afastem da ponta que está tocando a língua. Assim, fica mais difícil sentir seu gosto. É um processo subtrativo que remove seletivamente os sabores para criar um perfil específico.

Nos testes, o Norimaki Synthesizer permitiu que os usuários experimentassem o sabor de tudo, de balas de goma a sushi, sem ter que colocar um único item de comida na boca.

Em sua forma atual, o protótipo é um pouco volumoso, mas pode ser facilmente miniaturizado para um dispositivo tão compacto quanto os cigarros eletrônicos que um monte de gente já carrega e usa regularmente. Ele poderia recriar a sensação satisfatória de comer um pedaço de chocolate ou beber um milkshake sem ter que ingerir uma única caloria.

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