
Não é bem assim: isenção de eletrônicos ao tarifaço de Trump é temporária
O governo de Donald Trump anunciou que eletrônicos de consumo — smartphones e notebooks, por exemplo — estariam isentos das tarifas impostas contra países ao longo das últimas semanas. A notícia serviu como um alívio para quem acompanhou o caos na economia mundial ocorrido na última semana. Mas um secretário norte-americano não deixou o clima tranquilo durar por muito tempo.
O presidente dos EUA nega. Porém, a medida é considerada um recuo, ainda mais considerando que nessa semana a tarifa básica foi fixada em 10% para todos os países enquadrados no chamado tarifaço, com exceção da China, que enfrenta uma carga de 125%.
Segundo o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, essa isenção de produtos eletrônicos é temporária e deve mudar dentro das próximas semanas.
Em entrevista ao programa “This Week“, da rede ABC, ele afirmou que os produtos estariam fora das tarifas recíprocas. Porém, o país pretende incluir eles futuramente nas “tarifas de semicondutores”, que, em suas palavras, começarão a valer entre um e dois meses.
O secretário disse que, na prática, os eletrônicos de consumo terão rótulos como “semicondutores” e receberão uma taxa específica. O objetivo do governo dos EUA é incentivar empresas do setor a mudarem suas fábricas para o país. Entretanto, isso é muito mais complexo do que parece e é praticamente impossível de se concretizar durante a atual administração.
Atualmente, países do continente asiático fabricam a maioria dos chips semicondutores. “Precisamos ter semicondutores, chips e telas planas. Precisamos que essas coisas sejam fabricadas nos Estados Unidos”, afirmou Howard Lutnick.
Tarifas de Trump
É importante lembrar também que qualquer dispositivo eletrônico fabricado na China está sob uma tarifa de 20%. Com a medida, Trump quer pressionar Pequim a sufocar o fornecimento de substâncias usadas na fabricação de fentanil. O opioide é causa de uma onda de mortes nos EUA.
O governo dos Estados Unidos considera que a administração chinesa falhou em evitar a exportação desses materiais aos Estados Unidos e justifica a imposição da taxa de 20% como forma de forçar a tomada de ações mais concretas.
O fato é que, boa parte dos eletrônicos comercializados por empresas americanas são fabricados na China, o que significa que o tarifaço pode impactar o bolso dos cidadãos norte-americanos. Lutnick, por sua vez, afirma que não acredita que as medidas adotadas pela Casa Branca vão aumentar os preços nos EUA, embora especialistas sigam discordando.