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NASA e ESA detalham órbita de estação que ajudará em missões tripuladas à Lua

Os responsáveis pelo planejamento da missão para o projeto Gateway decidiram como o posto lunar deve orbitar a Lua — e é realmente muito brilhante. Eles escolheram uma órbita de halo quase retilínea. Esta órbita altamente elíptica deve resolver um monte de problemas, tornando mais fácil para os astronautas embarcarem em missões na superfície lunar […]

Representação da órbita altamente elíptica do Gateway em torno da Lua. GIF: ESA

Os responsáveis pelo planejamento da missão para o projeto Gateway decidiram como o posto lunar deve orbitar a Lua — e é realmente muito brilhante. Eles escolheram uma órbita de halo quase retilínea.

Esta órbita altamente elíptica deve resolver um monte de problemas, tornando mais fácil para os astronautas embarcarem em missões na superfície lunar e ir para o posto avançado receber suprimentos da Terra, entre outras coisas, segundo os responsáveis pela missão na NASA e na Agência Espacial Europeia (ESA), que anunciou a decisão em um comunicado de imprensa nesta quinta-feira (19).

A equipe “passou meses debatendo os prós e contras de diferentes órbitas”, observou a ESA, com a órbita de halo quase-retilínea, ou NRHA na sigla em inglês, até obter o resultado final e definitivo. De fato, foi uma decisão bastante importante, dados os requisitos do projeto Gateway e as demandas que serão exigidas do posto avançado lunar, um projeto colaborativo envolvendo a NASA, a ESA, a Agência Espacial Canadense (CSA), a Roscosmos, a Agência Espacial Japonesa (JAXA) e outros parceiros internacionais.

A estação orbital Gateway fornecerá um lugar para os astronautas ficarem por curtos períodos, um laboratório para conduzir pesquisas científicas, um depósito para estocar suprimentos e combustível, um centro para transmitir comunicações e uma base para enviar astronautas, robôs e outros suprimentos para a superfície lunar. Eventualmente, a base poderia ser usada como um posto de teste para uma missão tripulada a Marte.

O conceito do Gateway. Imagem: NASA / ESA

As demandas do projeto Artemis exigirão que o Gateway esteja próximo o suficiente da superfície lunar para acesso rápido e fácil, mas não tão longe da Terra para tornar o transporte de e para a base uma provação prolongada, entre muitas outras preocupações práticas e logísticas.

E é aí que uma órbita halo quase retilínea ajudará. Uma vez em NRHA, o Gateway seguirá um caminho altamente elíptico que o levará para dentro de 3 mil quilômetros da Lua durante sua aproximação mais próxima, o perilúnio, e para 70 mil quilômetros da superfície lunar quando atingir seu ponto mais distante, o apolúnio.

A interação gravitacional entre a Terra e a Lua torna possível essa configuração orbital. Como “os dois corpos grandes dançam através do espaço, um objeto menor pode ser ‘capturado’ em uma variedade de posições estáveis ​​ou quase estáveis ​​em relação às massas em órbita, também conhecidas como pontos de libração ou Lagrange”, de acordo com a ESA.

Dito isto, a NRHO apresenta alguns desafios de longo prazo. Nesse tipo de órbita, os objetos se afastam de seus hospedeiros ao longo do tempo. A Gateway terá que realizar manobras regulares de ajuste para impedir que isto aconteça, de acordo com a ESA.

Uma órbita completa da Lua levará cerca de sete dias. Sete é um número especialmente feliz porque a missão da Artemis tem como objetivo manter os astronautas na superfície lunar por uma semana inteira (em comparação, os astronautas da Apollo 17, a mais longa das missões Apollo, permaneceram na Lua por três dias).

Esse comprimento orbital também minimizará o número de eclipses experimentados pelo Gateway, reduzindo a quantidade de escuridão produzida pelas sombras da Terra e da Lua. Esta é uma consideração importante, já que ele funcionará com energia solar.

Nesta configuração orbital, deve levar cerca de cinco dias para que as naves espaciais da Terra alcancem o Gateway. Isso é um pouco mais do que as viagens de três dias feitas pelos astronautas da Apollo, mas uma órbita de halo quase retilínea será uma boa maneira de economizar energia. Será necessária uma manobra moderada para desacelerar o encontro da espaçonave com a Gateway, proporcionando uma maneira mais econômica e eficiente de entregar equipamentos, suprimentos, peças e pessoal ao posto avançado.

“Em voos espaciais tripulados, não voamos uma única espaçonave monolítica”, explicou Florian Renk, analista de missões da NASA e do Centro de Operações da ESA (ESOC), em um comunicado. “Em vez disso, voamos pedaços, juntamos partes no espaço e logo faremos isso na superfície da Lua.”

Representação artística da Gateway sobre a Lua. Imagem: ESA/NASA/ATG Medialab

O Gateway será montado lentamente ao longo de vários anos. A NASA usará uma combinação de foguetes privados e seu próprio foguete SLS (Space Launch System) para fornecer os componentes necessários para construir o posto avançado lunar. Como vimos ontem, no entanto, a NASA provavelmente adiará o lançamento inaugural do SLS de 2020 para 2021, como relatou o Ars Technica.

Isso não é uma ótima notícia para um programa que deve colocar pessoas na Lua três anos depois, um prazo bastante apertado. No entanto, essa é a linha do tempo que foi definida, e a NASA precisará lidar com isso. Infelizmente, a política está se tornando uma grande parte da equação, já que a NASA se esforça para lidar com prazos de entrega agressivos e ambiguidades orçamentárias. Espero que o bom senso prevaleça de tal forma que os anos 2020 sejam tão empolgantes para a exploração espacial humana quanto desejamos.

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