NASA quer US$ 1,6 bilhão para mandar a primeira mulher à Lua até 2024

A NASA solicitou uma verba adicional para que a missão que levará a primeira mulher à Lua aconteça até 2024. Pedido pode ter motivações políticas.
Administrador da NASA Jim Bridenstine no Centro Espacial John F. Kennedy
Administrador da NASA Jim Bridenstine no Centro Espacial John F. Kennedy. Crédito: Aubrey Gemignani/NASA/AP

A NASA está solicitando uma verba adicional de US$ 1,6 bilhão para ano que vem com o objetivo de acelerar sua missão tripulada para a Lua, planejada para acontecer em 2024. A agência revelou que a missão se chamará Artemis.

A NASA destacou que planeja ter a primeira astronauta mulher a pisar na superfície da Lua nesta missão.

Parte do dinheiro solicitado, mais precisamente US$ 1 bilhão, seria direcionado diretamente para a nave “comercial” que pousará na Lua, enquanto os outros US$ 651 milhões seria destinado ao desenvolvimento do Veículo Multi-Propósito de Tripulação Orion e para o foguete Space Launch System (SLS), que deve substituir o atual Ônibus espacial mas que tem sofrido com diversos atrasos.

“Cinquenta anos depois de Apollo, o programa Artemis levará o próximo homem e a primeira mulher à Lua”, disse o administrador da NASA, Jim Bridenstine, em uma coletiva de imprensa.

O pedido será encaminhado para a aprovação do Congresso americano e, como o NYT destacou, o vice-presidente Mike Pence anunciou/ameaçou que a Casa Branca deseja que a NASA tenha astronautas na Lua em 2024 e não em 2028, como foi inicialmente planejado. A declaração, feita em março, deixava claro que a agência espacial poderia passar por algum tipo de reorganização se o objetivo não fosse cumprido.

A nova data coincide de forma conveniente com o final de um hipotético segundo mandato de Donald Trump (Bridenstine disse que a escolha da nova data diminuiria o “risco político” de que o projeto fosse abandonado repentinamente).

O próprio Trump deu a notícia pelo Twitter:


Tradução: Sob a minha administração, estamos recuperando a grandeza da NASA e iremos voltar à Lua e então iremos para Marte. Estou atualizando meu orçamento para incluir US$ 1,6 bilhão adicionais para que possamos retornar ao Espaço de uma MANEIRA GRADIOSA!

Cerca de US$ 220 milhões também seriam destinados ao desenvolvimento de tecnologias cruciais para a expansão da futura presença lunar dos EUA, conforme reportagem do NYT:

A NASA também está buscando US$ 132 milhões para desenvolver tecnologias para transformar o gelo de crateras nos pólos da Lua em água líquida e US$ 90 milhões para a exploração robótica do satélite natural.

Mr. Bridenstine disse que seriam necessários aumentos ainda maiores nos próximos anos e que a NASA ainda está planejando as quantias necessárias. Ele descreveu o pedido atual como um “adiantamento”.

Isso totaliza mais de US$ 1,6 bilhão, mas a NASA compensaria cerca de US$ 321 milhões ao eliminar um pedido anterior de US$ 824 milhões que buscava financiar uma estação espacial lunar chamada Gateway, outra parte do projeto Moon. Bridenstine disse que o projeto poderia ser reduzido a apenas dois módulos, um para energia e outra para habitação.

O valor solicitado pela NASA não é uma quantia absurda para os padrões do governo federal dos EUA. O pedido, no entanto, desmantela o orçamento de US$ 21 bilhões para 2020 que havia sido definido por Trump, que representava uma diminuição de US$ 500 milhões ano após ano. Bridenstine havia dito que o orçamento de US$ 21 bilhões era suficiente para que a missão fosse lançada em 2028.

A maior parte desse financiamento virá do dinheiro não alocado do Pell Grant, um programa de ajuda financeira para estudantes de baixa renda, conforme uma reportagem do Washington Post.

A Casa Branca diz que o programa tem um superávit de US$ 9 bilhões devido à diminuição das matrículas e que nenhum estudante terá uma assistência reduzida, embora os críticos tenham afirmado por anos que retirar fundos de reserva poria em risco sua viabilidade do projeto a longo prazo e o deixaria em dificuldades se houvesse um aumento na demanda.

Esse remanejamento da verba coloca em risco o apoio dos Democratas para este esforço de aceleração da missão, que já não era garantido. É provável ainda que haja suspeita de que 2024 não é uma data realista e que Trump só quer subsidiar promessas de um pouso lunar em seu segundo mandato.

Como Ars Technica aponta, algumas estimativas externas para o programa chegaram de US$ 6 a US$ 8 bilhões anuais até 2024. Bridenstine tem caracterizado esse número como muito alto, mas o astrofísico Jack O. Burns, da Universidade do Colorado, disse ao NYT que sua estimativa era que a NASA precisaria de US$ 25 bilhões anuais para fazer esse lançamento em 2024.

O Ars Technica também observou que o parlamentar de Nova York, José Serrano, que lidera o subcomitê de orçamento da Câmara responsável pelo financiamento da NASA e que está em seu último mandato, sugeriu no passado que a meta de lançamento em 2028 é perfeitamente aceitável e que Trump está apenas acelerando o cronograma para que ele possa falar sobre o projeto antes das eleições de 2020.

Rumores apontam que a Casa Branca está considerando fazer pressão para que uma “resolução contínua” mantenha os níveis de gastos federais de 2019 para o ano fiscal de 2020, para então solicitar novamente uma extensão de curto prazo para manter esses mesmos níveis de gastos até as eleições de novembro.

Funcionários da administração acreditam que isso os colocaria em uma posição para pressionar por cortes gigantescos no primeiro ano do possível segundo mandato de Trump, o que também poderia significar o fim dos planos de aterrissagem na Lua em 2024.

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