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Parece que o navio de guerra afundado que teria bilhões em ouro era um golpe de criptomoeda

Um navio de guerra russo que, acreditava-se, carregava bilhões de dólares em ouro foi “descoberto” por uma empresa sul-coreana no mês passado, e a companhia imediatamente começou a afirmar como iria distribuir o tesouro encontrado. Agora, a polícia está investigando os líderes da empresa e têm razões para acreditar que foi tudo um golpe para […]

Um navio de guerra russo que, acreditava-se, carregava bilhões de dólares em ouro foi “descoberto” por uma empresa sul-coreana no mês passado, e a companhia imediatamente começou a afirmar como iria distribuir o tesouro encontrado. Agora, a polícia está investigando os líderes da empresa e têm razões para acreditar que foi tudo um golpe para impulsionar uma nova companhia de criptomoeda.

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O Dmitrii Donskoi era um cruzador russo que foi deliberadamente afundado por seu capitão depois de sofrer fortes danos na Batalha de Tsushima, em 1905. Ao longo dos anos, rumores se espalharam de que o navio carregava 200 toneladas de ouro, uma quantidade estimada em US$ 133 bilhões atualmente.

Em julho, uma equipe de resgate sul-coreana trabalhando para uma empresa chamada Shinil Group alegou ter descoberto os destroços do navio e exibiu um vídeo capturado por submarinos robóticos. A equipe não trouxe de volta o ouro, mas disse ter visto uma “caixa de tesouro” no navio. E, então, tudo em torno da história começou a desabar.

Antes mesmo de o Shinil Group solicitar os direitos de salvamento com o Ministério dos Assuntos Marítimos e Pesca da Coreia do Sul, a companhia começou a promover como faria a divisão do tesouro: o governo russo ficaria com metade, 10% iriam para projetos de infraestrutura sul-coreanos, e outros 10% iriam para acionistas da empresa.

Isso causou um pequeno caos nos mercados coreanos, porque, de acordo com o Korea Herald, o Shinil Group foi fundado em 1º de julho, tem o mesmo nome de uma empresa diferente em Cingapura, e houve alguma confusão em torno da possibilidade de ele ser relacionado a uma empresa local, a Jeil Steel. As ações da empresa de aço dispararam e rapidamente caíram quando ela emitiu um comunicado dizendo que não tinha nenhum envolvimento com o Shinil Group.

À medida que tudo isso ia acontecendo, o Instituto de Ciência e Tecnologia Oceânicas da Coreia (KIOST), administrado pelo governo coreano, estava dizendo a repórteres que já havia descoberto os destroços do navio em 2003. Segundo a Reuters, um porta-voz do Shinil Group disse: “a alegação do KIOST de ter encontrado os destroços foi ‘fraudulenta’, e a existência de ouro é apoiada por registros históricos”.

Reviravoltas mais bizarras e alegações ultrajantes continuaram aparecendo, o que culminou em uma coletiva de imprensa em 26 de julho em que o presidente da empresa, Choi Yong-seok, disse a repórteres: “Não há como descobrirmos se haveria moedas ou barras de ouro no Donskoi”. Ele ainda disse que as alegações anteriores da empresa foram baseadas em especulações e reportagens da mídia. Ele também disse que havia acabado de se tornar presidente da companhia, algumas horas antes da coletiva, e que outros membros de liderança haviam renunciado a seus cargos.

O que a maioria das reportagens do Ocidente deixou passar é que os “acionistas” que o Shinil Group estava afirmando que receberiam os dividendos do tesouro eram, na verdade, pessoas que estavam comprando a criptomoeda da empresa. Na quinta-feira (9), a agência de notícias Yonhap informou que a polícia havia interrogado Choi Yong-seok e seu antecessor, Rhu Sang-mi. Da reportagem:

A polícia acredita que Choi teve um papel no negócio da empresa como um parceiro dos irmãos Rhu — Rhu Sang-mi e Rhu Seung-jin —, que comandavam a unidade da companhia em Cingapura…

Na época, sua afiliada com sede em Cingapura supostamente tentou vender a investidores uma criptomoeda baseada no valor potencial dos destroços do navio.

A empresa atraiu investidores ao dizer que o valor da moeda subiria para até 10 mil wons até o fim de setembro deste ano, em comparação com os atuais 200 wons.

Rhu Seung-jin deixou a Coreia do Sul em 2014, sob alegações de fraude, e acredita-se que ele estaria no Vietnã. As autoridades pediram que a Interpol o colocasse em sua lista de procurados internacionais.

Ainda não está claro como esse golpe deveria funcionar, exceto pelo fato de tentar conseguir dinheiro rápido de alguns desavisados e sumir. O site do Shinil Group está fora do ar, e o vídeo no YouTube sobre os destroços do navio foi excluído.

O fato é que não sabemos com 100% de certeza que se tratava de um golpe, mas certamente parece um. E golpes quase sempre levantam a questão: como eles achavam que isso possivelmente funcionaria?

[Yonhap News Agency via Popular Mechanics]

Imagem do topo: Wikimedia

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