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Navio da Segunda Guerra Mundial é encontrado a mais de 6 km de profundidade nas Filipinas

Localizado a mais de seis quilômetros abaixo da superfície, o USS Johnston é agora o naufrágio mais profundo já investigado.

Evidências de danos de batalha podem ser vistas nos destroços. Crédito: Caladan Oceanic

A seção principal do USS Johnston — que afundou 77 anos atrás durante a Batalha do Golfo de Leyte — foi descoberta na costa das Filipinas. Localizado a mais de seis quilômetros abaixo da superfície, ele é agora o naufrágio mais profundo já investigado.

Com suas torres de canhões e torpedos ainda intactos, o USS Johnston (DD-557) — um contratorpedeiro da classe Fletcher de 115 metros de comprimento — foi descoberto na Fossa das Filipinas perto da Ilha de Samar, a uma profundidade de 6.456 metros. O navio afundou em 25 de outubro de 1944, durante a Batalha do Golfo de Leyte. Da tripulação de 327 pessoas, apenas 141 conseguiram sobreviver.

A seção principal do navio, ainda em pé, foi descoberta pela empresa privada de tecnologia marítima Caladan Oceanic, com sede no Texas. A Caladan Oceanic procurou o USS Johnston usando a embarcação de busca DSV Limiting Factor, de acordo com o comunicado.

O USS Johnston na costa de Seattle em 27 de outubro de 1943. Imagem: Fotografia do Comando de Herança e História Naval dos EUA

A Batalha do Golfo de Leyte, que ocorreu de 23 a 26 de outubro de 1944, foi a maior batalha naval da Segunda Guerra Mundial e, possivelmente, de todos os tempos. O combate, envolvendo dezenas de milhares de militares dos Estados Unidos, Austrália e Japão Imperial, foi a última tentativa dos japoneses de destruir a presença dos Aliados nas Filipinas e infligir grandes danos às suas forças navais. A batalha crucial — a primeira a apresentar ataques kamikaze organizados — terminou com uma vitória dos Aliados, e a Marinha Imperial Japonesa nunca foi capaz de se recuperar e reunir uma frota tão grande novamente durante a guerra.

O USS Johnston afundou durante um combate na Ilha Samar enquanto resgatava o porta-aviões de escolta Gambier Bay. O navio foi premiado com uma Menção de Unidade Presidencial (o maior prêmio para um navio), e seu comandante, Ernest E. Evans, recebeu uma Medalha de Honra póstuma, tornando-o “o primeiro norte-americano nativo na Marinha dos EUA e o único entre dois comandantes de contratorpedeiros na Segunda Guerra Mundial a serem homenageados”, disse o Contra-almirante Samuel Cox, Diretor de História Naval e Curador da Marinha, no comunicado da Caladan Oceanic.

Há dois anos, a Vulcan Inc., liderada pelo falecido Paul Allen, encontrou evidências do naufrágio nas proximidades, incluindo duas torres destruídas, partes da hélice, um mastro, detritos de máquinas e seções torcidas do casco. Uma trilha na lama ao longo do fundo do mar sugeria que a parte principal do navio estava ainda mais fundo, mas o veículo operado remotamente (ROV) usado durante a expedição não conseguiu ir mais longe.

O DSV Limiting Factor, sem amarras na superfície e sem limitação de profundidade operacional, foi capaz de mergulhar onde o ROV Vulcan não poderia, resultando na descoberta da seção principal. Victor Vescovo, comandante aposentado da Marinha dos Estados Unidos e financiador da expedição, pilotou dois mergulhos em busca do navio naufragado, cada um com duração de oito horas. As duas missões “constituíram os mais profundos mergulhos em busca de naufrágios, tripulados ou não, da história”, de acordo com a Caladan Oceanic.

A tripulação conseguiu localizar o número 557 no casco, confirmando a identidade do navio. A proa, a ponte, os suportes dos canhões e os lançadores de torpedos também foram identificados.

O casco com o número 557, identificando o navio como o USS Johnston. Imagem: Caladan Oceanic

“Pudemos ver a extensão dos destroços e os graves danos infligidos durante a intensa batalha na superfície. Ele foi atingido pelo maior navio de guerra já construído — o navio de guerra Yamato da Marinha Imperial Japonesa — e lutou ferozmente”, disse Parks Stephenson, um historiador naval, no comunicado da Caladan Oceanic.

A equipe também conseguiu criar um mapa do local e reunir fotografias de alta definição sem perturbar o navio. A Caladan Oceanic está em contato com o Comando de História e Herança da Marinha (NHHC) sobre o naufrágio e está fornecendo dados de sonar, imagens e notas de campo para a Marinha dos Estados Unidos sem nenhum custo.

“O naufrágio de Johnston é um local sagrado”, disse Cox. “Agradeço profundamente que o Comandante Vescovo e sua equipe tenham demonstrado tanto cuidado e respeito durante a inspeção do navio, o último local de descanso de sua valente tripulação.”

O NHHC, sob a Lei de Embarcações Militares Naufragadas, está autorizado a proteger e preservar naufrágios militares norte-americanos, independentemente de sua localização no mundo. É importante lembrar que esses locais, além de sua importância histórica, são túmulos de guerra solenes.

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