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Por que Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua?

Em 20 de julho de 1969, com “um pequeno passo”, Neil Armstrong se tornou a primeira pessoa a andar na Lua. Mas por que ele foi conseguiu ser o primeiro? Desde aquele momento, 45 anos atrás, a descida na Lua tem sido objeto de intensos estudos e análises históricas. De discussões em torno do que […]

Em 20 de julho de 1969, com “um pequeno passo”, Neil Armstrong se tornou a primeira pessoa a andar na Lua. Mas por que ele foi conseguiu ser o primeiro?

Desde aquele momento, 45 anos atrás, a descida na Lua tem sido objeto de intensos estudos e análises históricas. De discussões em torno do que Armstrong realmente quis dizer com o “primeiro passo” a dúvidas sobre o estado e a conservação das bandeiras americanas fincadas pelos astronautas em solo lunar demonstram como o primeiro rendez-vous da humanidade com a Lua capturou a atenção do mundo como poucos assuntos até então. Apesar de tudo isso, ainda há alguns fatos notáveis que permaneceram obscuros após todos esses anos. Vamos tentar jogar um pouco de luz no lado escuro da viagem à Lua.

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Neil Armstrong foi escolhido para ser a primeira pessoa na Lua por causa do design do módulo da Eagle

De grupo de 29 astronautas treinados para missão Apollo à Lua, apenas três foram selecionados quando saiu o anúncio final em janeiro de 1969. Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e o quase sempre esquecido Michael Collins se tornaram a tripulação oficial da Apollo 11. A atenção de todos se voltou imediatamente para qual membro da tripulação – Armstrong ou Aldrin – seria o primeiro a andar na Lua (Collins seria o piloto comandante do módulo lunar e, portanto, não poderia ser escolhido).

Embora ambos fossem caminhar pela Lua, seria uma grande honra ser o primeiro. Na verdade, essa questão havia sido levantada na conferência com a imprensa e a resposta foi que essa decisão ainda não tinha sido tomada.

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Ao longo dos quatro meses seguintes, enquanto os astronautas continuavam seus treinamentos, rumores e discussões circulavam pela imprensa. De início parecia que Aldrin ficaria com a honra. Essa especulação se baseava no precedente do programa Gemini, que realizara dez voos espaciais tripulados com o objetivo de testar naves e a capacidade dos astronautas de “andar” no espaço. Durante esses voos o comandante (que seria o cargo de Armstrong para a Apollo 11) não saía da nave enquanto o piloto (que seria Aldrin na Apollo 11) saía pelo espaço. Essa linha de raciocínio era alimentada pelo rumor de que Aldrin estava abertamente fazendo campanha para ser o primeiro a descer na Lua. De acordo com o livro de memórias escrito por Chris Kraft, diretor do “Controle da Missão” (“Mission Control”, o sistema de controle da missão ou, como cantava o Major Tom, o “Ground Control”), “Buzz Aldrin queria desesperadamente essa honra e estava disposto a deixar todo mundo avisado”.

Em abril, a apenas três meses do lançamento, foi anunciado que Neil Armstrong seria o primeiro homem a andar na Lua. A razão principal dada pela NASA para essa decisão foi que a escotilha da Eagle abria de lado – em vez de por cima ou por baixo – e que a escotilha estava do lado do piloto, Aldrin. Em resumo, quando a escotilha fosse aberta, o comandante, Armstrong, teria um caminho livre para sair, enquanto o piloto teria que se mover num espaço exíguo do módulo para alcançar a saída. Por simples azar fazia mais sentido que Armstrong saísse primeiro. Além disso, conforme apontavam os diretores da NASA, Armstrong era na verdade o membro mais experiente da equipe, tendo entrado no programa espacial em 1962, enquanto Aldrin chegara em 1963.

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Nos anos seguintes, apesar da versão oficial do lado da escotilha, algumas pessoas, incluindo Kraft e o astronauta Al Bean vieram a público dizer que a NASA preferia Armstrong a Aldrin para receber a honra porque acreditavam que o ego de Neil poderia lidar melhor com a responsabilidade que o de Aldrin. Assim, talvez o design da escotilha tenha sido apenas a desculpa que eles precisavam.

A famosa frase de Neil Armstrong foi planejada, ao menos de acordo com o irmão do astronauta

Até sua morte em 2012, Neil Armstrong insistiu que sua famosa frase havia sido espontânea e que só foi criada momentos antes da caminhada na Lua. Um documentário da BBC lançados depois da morte do astronauta contesta isso. No filme, Dean Armstrong, irmão de Neil, conta a história de uma nota passada durante um jogo de tabuleiro chamado Risk.

Nos meses que antecederam a missão, Dean, Neil e seus familiares passaram algum tempo juntos em Cape Cod. Depois que os irmãos colocaram seus filhos para dormir, Neil desafiou seu irmão mais novo para um jogo de Risk. Durante o jogo, Neil mostrou a Dean um pedaço de papel:

“Naquele pedaço de papel estava escrito ‘É um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade’. Ele me perguntou o que eu achava e eu disse que era fabuloso. Então Neil respondeu que achava que eu ia gostar, mas que queria que eu lesse.”

Isso dito, tanto Aldrin quanto Collins afirmam que em momento algum Neil contou para eles o que pretendia dizer.

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A segunda coisa dita na Lua foi um pouco menos poética que a primeira

Enquanto todo mundo se lembra da primeira frase dita, poucos conseguem se lembrar da segunda. Isso é porque ela não tinha tanto glamour. De acordo com a transcrição de voz oficial da Apollo 11, a frase foi “E a superfície é fina e macia”.

Armstrong continuou nessa linha de pensamento:

Eu posso — eu posso fazer com que ela flutue junto com o meu dedão. Ela adere em finas camadas, como se fosse carvão, às solas e aos lados das minhas botas. Eu posso me mexer só uma pequena fração de polegada, talvez um oitavo de polegada, e consigo ver as pegadas das minhas botas e os rastros nas finas partículas de areia.”

Depois de uma discussão mais aprofundada sobre a facilidade de se mover na Lua, eles começam a ir e voltar do lugar em que Buzz colocou a câmera e as luzes de fundo. E aí a conversa deixa de ser excitante.

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O Presidente Nixon já tinha um discurso pronto para o caso de ocorrer um desastre

Depois do trágico incêndio da Apollo 1 em 1967 e das incertezas das viagens espaciais, não havia certeza do retorno da tripulação da Apollo 11. Então o Presidente Nixon teve que se preparar para todos os cenários em que ele poderia se dirigir à nação, incluindo uma possível “tragédia da Lua”. Então ele pediu que seu redator de discursos, William Safire, preparasse um texto que fosse tranquilizador e inspirador para o caso de a missão dar errado. O discurso começa assim:

“O destino ordenou que os homens que foram para a Lua para explorá-la em paz ficassem na Lua para descansar em paz. Esse bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, sabiam que não existia esperança que pudéssemos resgatá-los. Mas eles também sabiam que seu sacrifício se tornou uma esperança para a humanidade.”

Além disso, abaixo do “discurso da morte”, havia instruções daquilo que precisava ser feito antes e depois de discursar para a nação. Antes, o Presidente deveria “telefonar para aquelas que viriam a ser as viúvas”. Depois, a NASA iria “encerrar as comunicações com os homens” e “um clérigo deveria adotar os mesmos procedimentos de um sepultamento no mar, recomendando as almas dos astronautas ao “mais profundo dos abismos”, e concluindo com uma prece ao Senhor.

[Imagens via e via]

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