Netflix atendeu pedido de Cingapura e removeu especial de Natal de 2018 do Porta dos Fundos

Em relatório da Netflix, serviço de streaming diz que atendeu pedido de Cingapura para remover especial de Natal do Porta dos Fundos.
Cena do filme "Se beber, não ceie"
Cena do filme "Se beber, não ceie". Crédito: Reprodução/YouTube

Pela primeira vez, a Netflix detalhou em um relatório os pedidos feitos por governos para remoção de conteúdos da plataforma por governos de todo o mundo. Ao todo, rolaram nove solicitações que foram atendidas pelo serviço de streaming. Uma em específico, porém, me chamou a atenção: neste ano, o governo de Cingapura solicitou a remoção do especial de Natal do Porta dos Fundos de 2018 chamado “Se Beber, Não Ceie”. Por que será, hein? Talvez influência de autoridades brasileiras?

No relatório — que trata de governança ambiental e social e tem ao todo nove páginas — não consta a justificativa que o país usou para fazer tal pedido, mas checando as outras solicitações de Cingapura dá para ter uma noção. Eles, por exemplo, pediram para a Netflix remover em diferentes datas: “Cooking on High” (“Cozinhando em 4:20”), “The Legend of 420″,” Disjointed” e “The Last Temptation of Christ” (“A Última Tentação de Cristo”). Todas essas solicitações foram cumpridas pela Netflix.

Os três primeiros conteúdos têm relação com drogas — tráfico de drogas pode condenar à morte no país —, enquanto o último trata-se de um filme considerado um filme herético (contrário a uma doutrina) por autoridades religiosas.

Então, aparentemente, o especial “Se Beber, Não Ceie”, do Porta dos Fundos, entra neste mesmo balaio. O governo local é à favor da liberdade religiosa, porém mantém uma postura de não tolerar discursos ou ações que possam afetar a harmonia religiosa do país.

No caso, o filme do Porta dos Fundos trata-se de uma obra de humor em que os participantes da “última ceia” bebem tanto que não se recordam exatamente o que aconteceu. O enredo, então, trata das pessoas que rodeavam Jesus Cristo tentando se lembrar do ocorrido durante a bebedeira.

Cingapura é um dos países mais desenvolvidos da Ásia e um dos mais ricos do mundo. Várias empresas de tecnologia contam com hubs de inovação ou sede no país pelas condições econômicas oferecidas, sem contar que contam com a facilidade de estarem próximas à China. No entanto, o governo local é conhecido por seu conservadorismo — ao mesmo tempo que seu sistema de multas para quem joga lixo no chão é visto como uma qualidade, o país é considerado linha dura em algumas questões comportamentais, como o homossexualismo, por exemplo, que é ilegal.

Outras solicitações de remoção de conteúdo

O relatório da Netflix cita ainda proibições de conteúdo em outros países. Alguns exemplos:

Mas por que a Netflix obedeceu estas solicitações e não a feita por um juiz brasileiro, que também pediu para a empresa retirar outro especial de Natal do Porta dos Fundos? Muito provavelmente, a legislação destes países prevê esse tipo de ação — o relatório usa o verbo “to comply” para descrever a retirada, dando a entender que a empresa obedeceu regulações locais.

No Brasil, por outro lado, a empresa pôde questionar a legalidade da decisão judicial. Na ocasião, o ministro Dias Toffoli, presidente do STF, atendeu à reclamação da Netflix e suspendeu a proibição.

Se você tiver curiosidade para saber sobre os outros pedidos, basta consultar o documento (em inglês) e buscar (dando um Ctrl+F) por “Number of government requests to remove content”.

[Axios]

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