Código-fonte original da World Wide Web é vendido como NFT por US$ 5,4 milhões

Um comprador anônimo levou o token não-fungível do código que originou a internet moderna.
Imagem: Sotheby’s/Gizmodo
Imagem: Sotheby’s/Gizmodo

Em um leilão realizado pela casa de leilões Sotheby’s nesta quarta-feira (30), Tim Berners-Lee, fundador da World Wide Web — o famoso “www” usado antes de acessarmos um site na internet —, vendeu um NFT (token não-fungível) com o código-fonte original de sua criação, datado de 1989. A “peça” foi arrematada por US$ 5,4 milhões, o equivalente a quase R$ 27 milhões.

Berners-Lee disse que planeja doar o dinheiro para causas de caridade que não foram especificadas. O preço representa quase o dobro do valor do primeiro tweet enviado por Jack Dorsey, de US$ 2,9 milhões, e dez vezes mais do que o meme “Disaster Girl”, de US$ 500 mil.

Os mais saudosistas talvez considerem um absurdo um pedacinho da criação da internet moderna ter sido vendido por um valor relativamente pequeno. Afinal, o que são US$ 5,4 milhões perto do que a web conseguiu nos proporcionar até hoje? Sem dúvida, é um valor imensurável. No entanto, Berners-Lee reconhece o mercado de NFT como um lugar ideal para guardar o código-fonte original da criação da internet, justamente para evitar que mais pessoas cheguem até ele. Lembre-se: um NFT é algo único e não pode ser copiado por outros usuários.

“Não estou nem vendendo o código-fonte. Estou vendendo uma imagem que fiz, com um programa Python que eu mesmo escrevi, de como o código-fonte ficaria se estivesse preso na parede e assinado por mim”, disse Berners-Lee ao jornal The Guardian.

Em uma citação no site da Sotheby’s, Berners-Lee descreveu os NFTs como “o meio mais apropriado de propriedade que existe” e “a maneira ideal de empacotar as origens por trás da web”. Logo, o comprador anônimo do código-fonte não recebeu praticamente nada, a não ser o NFT de um vídeo dos arquivos com carimbo de data e hora originais de Berners-Lee, sua carta refletindo sobre o nascimento da web e uma versão em pôster do código.

Inclusive, pouco antes do leilão ser realizado, Berners-Lee pressionou a Sotheby’s para disponibilizar publicamente as quase 10 mil linhas do código, e qualquer um na internet pode visualizá-la em formato animado no site da casa de leilões. Esse, aliás, foi o espírito de sua criação: Berners-Lee lançou o código-fonte para domínio público em 1993, e é famoso por defender a neutralidade da rede, alertando que o aumento da privatização para o lucro esmaga o princípio da web como uma plataforma igual e descentralizada para todos.

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Mesmo assim, as casas de leilão continuam lucrando rios de dinheiro só pela organização de eventos desse tipo. Só o leilão do código de Berners-Lee gerou US$ 900 mil em participação para a Sotheby’s. A casa também já leiloou obras NFT de grandes artistas, como o quadro Le peintre et son modèle, de Pablo Picasso, de 1964, vendido no dia 29 de junho por US$ 3,10 milhões (R$ 15,6 milhões na conversão direta).

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