Nos EUA, donos de BlackBerry têm vergonha dos seus aparelhos

Como pode um produto que há três anos dominava determinado segmento ter perdido tanto valor de mercado nesse intervalo a ponto de colocar o futuro da empresa em xeque e ter se convertido de símbolo de prosperidade a motivo de vergonha e chacota alheia? Pergunte à RIM, fabricante do BlackBerry. Antes que iPhone e smartphones […]
Esse cara não deve mais gostar tanto do seu BlackBerry.

Como pode um produto que há três anos dominava determinado segmento ter perdido tanto valor de mercado nesse intervalo a ponto de colocar o futuro da empresa em xeque e ter se convertido de símbolo de prosperidade a motivo de vergonha e chacota alheia? Pergunte à RIM, fabricante do BlackBerry.

Antes que iPhone e smartphones Androids dominassem o mercado norte-americano, eram os aparelhos BlackBerry que os executivos carregavam orgulhosos pra lá e pra cá, lendo e respondendo emails, atendendo ligações, fazendo essas coisas que executivos fazem. Com recursos corporativos e de segurança, ele agregava status à utilidade, tudo acessível de seu ergonômico teclado QWERTY. A fórmula do sucesso.

De uns anos pra cá, a fórmula não mudou — e talvez esteja aí o problema da RIM. Enquanto a concorrência cresceu e passou a oferecer novos aparelhos e sistemas modernos e cheios de apps, o BlackBerry OS estagnou. Os smartphones não mudaram tanto e, quando sim, o resultado não foi dos melhores (oi, Storm!). Hoje, sangrando dinheiro, a RIM tem outro problema pior para lidar do que os números: reverter a imagem negativa que o BlackBerry ganhou nos EUA nos últimos tempos.

Uma matéria publicada no New York Times (e traduzida pela Folha) revela a vergonha que usuários de BlackBerry sentem por lá. Rachel Crosby, uma representante de vendas entrevistada pela reportagem, diz esconder o aparelho embaixo de um iPad por medo de ser julgada pelos seus clientes. Craig Robert Smith, músico de Los Angeles, sentencia: “Usuários de BlackBerry são como usuários do MySpace. Eles provavelmente ainda conversam no bate-papo da Aol.”

É meio estranho imaginar uma situação, bem ou mal um reflexo da nossa sociedade, onde credibilidade, confiança e outras características que em tese independem do que uma pessoa possui, são atribuídas ao celular que ela carrega no bolso. Afinal, a escolha por um aparelho se dá por diferentes variáveis: necessidade, falta de escolha, de instrução, preço. E mesmo que seja uma escolha consciente e livre, não deveria ser ela objeto de críticas tão pesadas, certo?

Para a RIM, que no começo de 2013 deve apresentar seus novos aparelhos com BlackBerry 10, o desafio de voltar a ser descolada, ou pelo menos amada por executivos e profissionais liberais, revela-se cada vez maior. Maior, mas não novo; afinal, não é de hoje o verdadeiro desafio das empresas de tecnologia é “fazer as pessoas a aceitarem em suas vidas”. [New York Times/Folha via Alberto Lage. Foto: Marvin Kuo/Flickr]

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