Quer saber o que eu acho sobre toda essa discussão sobre tecnologia e bebês, tecnologia e crianças, os perigos da internet e da vida conectada e blá blá? Frescura. Uma baita frescura.
Quando eu nasci, em 1984, meu pai já tinha um computador. Era um MSX, bonitão que nem esse aí da foto ao lado, que ficava no quarto mais divertido da minha casa. Eu não sabia escrever ainda, mas já me divertia com o computador, seja fingindo que
Além do computador, povoaram a minha infância videogames (quantas aulas não matei pra tentar zerar o Sonic… epa, Luisinho, não siga meu exemplo!), televisões, proto-celulares e afins. Lá em casa, recebíamos todas as novidades tecnológicas com muita empolgação – e muito esforço pra tentar comprar as que eram muito caras. Aos poucos, fomos aprendendo a conviver com essas maquininhas fantásticas. E descobrimos na prática os limites que cada uma delas merece. Quando alguém demorava pra sair de casa porquê não conseguia desgrudar do computador, por exemplo, meu pai falava “VAI FALTAR LUZ!” e puxava o fio da tomada. Pronto, desconectou.
Quando eu tinha uns 11 anos, a internet chegou pra gente. Novamente, empolgação, mas não alarde. Quer dizer… só quando a conta do provedor chegava, extrapolando aquelas 9 horas mensais contratadas. Ops!
E aí, alguns anos depois, estou eu aqui blogando sobre meu filho (e pagando uma bagatela pelas horas que eu quiser!) e vem alguém me dizer que a internet é perigosa. Você já deve ter visto: vez por outra tem revista, jornal, site e até blog levantando uma bola sobre o assunto. Tudo bem, discutir é legal. E é claro que com um computador conectado com outros do mundo inteiro, tudo parece um pouco mais arriscado.
O nome do blog é Mãe Geek, mas eu nunca tinha falado sobre esse assunto aqui, porque, sinceramente, acho meio desnecessário. Talvez você já não tenha parado para filosofar a respeito (ou já esteja até cansado do assunto), mas nada disso é novidade. Me dá umas coceiras toda vez que ouço falar em “novas midias”. Novas pra quem? Em que tribo você estava morando nos últimos 10 anos, ô cara pálida? Pra mim, já deu tempo de aprender quais são os principais perigos da vida online e como fugir deles.
Já sabemos que uma foto de um bebê na banheirinha pode ter um significado esquisito pra algumas pessoas doentias. Então é só escolher o que deve ser publicado. E não é difícil achar a medida correta? É, concordo. Mas a gente vai acertando aos poucos, assim como vamos acertando todo o resto da vida. Como quase tudo que de repente fazer parte da nossa rotina. Há pouco tempo, eu não sabia fazer papinha de bebê, por exemplo. Às vezes a gente se dá um pouco mal, vê que errou a medida, que fez caca, daí volta lá, dá um ctrl+z, tenta novamente e uma hora acerta a medida.
O que não concordo é com a importância que algumas pessoas dão aos “PERIGOS” dessas maravilhas da vida moderna que são os eletrônicos. E com as milhares de discussões abobadas em torno deles. Afinal, eles são tão lindos, adoráveis, agradáveis, amáveis, facilitam nossa vida, ensinam e divertem, que quem abre a boca pra falar mal deles sem um bom motivo merecia passar um ano vivendo no Rajastão a pão e água e com um celular pré-pago sem crédito.
Mesma pena que eu gostaria de aplicar a quem ouço dizer que a internet é perigosa (e respirar dá câncer, viu), que videogame deixa a criança violenta (já jogou futebol?), que criança que assiste muita TV fica burra (passei minha infância na frente de uma e o meu cérebro não derreteu).
Enfim, os pontos positivos de toda a tecnologia que nos cerca são tão infinitamente mais importantes do que os negativos, que, na verdade, acho que nem deveríamos estar tendo essa conversa. Minhas aventuras como mãe de primeira viagem seriam infinitamente mais difíceis se eu não tivesse a internet cheia de informações a meu dispor. E muito mais solitárias se eu não tivesse esse blog com vocês me acompanhando e todos os outros que eu acompanho todos os dias. E, de quebra, ainda fico aliviada em saber que meu filho vai ver muito mais inovações tecnológicas do que eu vi e que elas ainda vão facilitar muito a vidinha dele. Imagine só o tanto de coisas inúteis que eu tive que decorar na escola (e já esqueci) que ele vai poder simplesmente procurar no Google. Assim, vai sobrar muito mais tempo pra jogar videogame com a mamãe.
É claro que essa discussão ainda vai longe. Afinal, ela vem de longe. Nunca perguntei, mas certamente alguém dizia pro meu pai que aquele negócio de deixar eu e meu irmão brincarmos com um MSX não era uma boa. Bem antes disso, imagino que, em algum momento da história, alguém repreendeu uma mãe que deixou o filho brincar com uma roda. Afinal, aquele novo invento parecia perigoso demais. Imagine levar uma rodada na cabeça, né? Podia até matar.