Nossos gadgets contribuem para atrocidades na África, mas isso pode mudar

A Foxconn geralmente é o primeiro exemplo que vem à mente quando se trata de gadgets com questões éticas, mas a coisa é muito pior no Congo - país africano arrasado pela guerra civil - de onde vêm muitos dos minerais que compõem os nossos smartphones, computadores e consoles. Uma lei nos EUA pode ajudar a amenizar o problema.

A Foxconn geralmente é o primeiro exemplo que vem à mente quando se trata de gadgets com questões éticas, mas a coisa é muito pior no Congo – país africano arrasado pela guerra civil – de onde vêm muitos dos minerais que compõem os nossos smartphones, computadores e consoles. Uma lei nos EUA pode ajudar a amenizar o problema.

No artigo "Morte por Gadgets" do New York Times, Nicholas D. Kristof explica como a indústria de eletroeletrônicos ajuda a perpetuar uma guerra sangrenta no Congo:

Eu nunca reportei uma guerra tão selvagem como a do Congo, e ela me assombra. No Congo, eu já vi mulheres que foram mutiladas, crianças forçadas a comer a carne dos próprios pais, meninas sujeitadas a estupros que destruíam suas entranhas. Os chefes militares financiam essa predação em parte através da venda de minérios de tântalo, tungstênio, estanho e ouro. Por exemplo, o tântalo do Congo é usado para fazer capacitores elétricos que são usados em celulares, computadores e consoles.

O próprio Steve Jobs já falou sobre o assunto, considerando-o "um problema muito difícil" porque não dá pra ter certeza da origem dos minerais usados nos gadgets. Empresas como Intel, Apple e Motorola dizem fazer inspeção na cadeia de fornecedores para eliminar fontes de minérios de áreas em conflito – então os fornecedores dizem que usam minerais "livres de conflitos", mas não há garantia disso.

O governo americano parece também ter dado uma opinião, já que aprovou uma lei que obriga as fabricantes de gadgets a identificar minerais vindos de áreas controladas por rebeldes, no Congo e em países vizinhos. A ideia é causar impacto nos rebeldes onde dói mais – no bolso.

O impacto da lei ainda está para ser visto, mas pode não ser muito grande. Não é o país inteiro que está controlado por rebeldes, mas as fornecedoras podem resolver sair do Congo por causa da nova lei. A população do Congo depende dos minérios para sobreviver, então o "embargo" pode gerar um problema econômico no país, desestabilizado depois de mais de 10 anos em guerra. E o Congo não é a principal fonte dos minérios usados na indústria de gadgets – por exemplo, o país representa apenas 5% da produção de estanho do mundo – então a lei pode apenas ter boa intenção, mas não impacto relevante. A ver. [MSNBC e New York Times]

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