No Reino Unido, médicos e cientistas do Hospital Universitário Norfolk e Norwich iniciaram um ensaio clínico de fase II para testar um potencial medicamento que tem potencial para reverter os sintomas da endometriose. Se funcionar, ele também pode reduzir a necessidade de cirurgia das mulheres com a condição.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a endometriose atinge 10% da população feminina em idade reprodutiva. Ela é uma doença crônica na qual um tecido semelhante ao revestimento do útero cresce fora deste órgão.
Em geral, a endometriose causa dores fortes na região da pélvis, que pode impactar durante a menstruação ou relações sexuais. Além disso, também pode gerar náusea, fadiga e até mesmo infertilidade. Apesar de ser bastante debilitante, ainda não há cura para a doença.
Como funciona o tratamento
Segundo a equipe de Ginecologia e Pesquisa e Desenvolvimento do NNUH, o novo tratamento consiste em utilizar um anticorpo chamado AMY109. Ele foi projetado por cientistas da Chugai Pharmaceutical Co Ltd. para reduzir a inflamação da endometriose.
Para isso, ele bloqueia uma proteína (interleucina-8) que gera a resposta inflamatória do organismo. Até agora, uma paciente já recebeu o anticorpo no Reino Unido.
No entanto, ensaios clínicos de fase I já haviam testado a segurança e eficácia do medicamento em voluntárias saudáveis e pacientes no Japão e em Taiwan.
Avanço na ciência
“Novos medicamentos significativos para endometriose não surgiram há décadas e os que usamos diariamente são em grande parte baseados em hormônios, que podem ter efeitos colaterais desagradáveis”, explica Edward Morris, líder do estudo.
De acordo com o pesquisador, os tratamentos utilizados atualmente tentam suprimir os sintomas da doença. Contudo, como o novo medicamento aborda a inflamação e potencialmente reverte os efeitos da endometriose, ele representa uma alternativa promissora para as mulheres.
“É diferente de qualquer outro tratamento disponível para endometriose, pois pode modificar a doença”, afirma Paul Simpson, também envolvido no estudo.
Além do NNUH, outros hospitais no Reino Unido também estão participando do ensaio clínico.