Nova espécie de tardígrado é encontrada no Japão

Diga olá ao Macrobiotus shonaicus, uma espécie completamente nova de tardígrado – um filo de resilientes microscópicos animais segmentados que provavelmente têm o necessário para sobreviver ao apocalipse. Tardígrados, também chamados de ursos-d’água, são animais microscópicos de oito pernas que vivem no musgo, líquen, folhas em decomposição e solo. Estes animais, descobertos em 1.773, são […]

Diga olá ao Macrobiotus shonaicus, uma espécie completamente nova de tardígrado – um filo de resilientes microscópicos animais segmentados que provavelmente têm o necessário para sobreviver ao apocalipse.

Tardígrados, também chamados de ursos-d’água, são animais microscópicos de oito pernas que vivem no musgo, líquen, folhas em decomposição e solo. Estes animais, descobertos em 1.773, são incrivelmente resistentes, capazes de resistir a desidratação total, temperaturas e pressões extremas, radiação intensa e ao vácuo do espaço. Eles geralmente vivem por alguns meses, mas um deles viveu por mais de 30 anos depois de ser congelado. Tardígrados podem ser encontrados por todo o mundo, e existem mais de mil espécies descritas até então – mas cientistas acreditam que existem muitas outras.

Tardígrados ainda são um completo mistério evolutivo
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Apenas no Japão, são 167 espécies conhecidas. A adição do M. shonaicus aumenta este número para 168. O novo tardígrado foi encontrado em amontoado de musgo que estava grudado no concreto de um estacionamento na cidade de Tsuruoka, no Japão. O nome shonaicus se refere a região Shōnai em que ele foi encontrado. O M. shonaicus pertence ao grupo hufelandi dos tardígrados, cujos ovos possuem características semelhantes.

O tardígrafo visto por um microscópio de contraste. (Créditos: D. Stec et al., 2018)

A equipe de pesquisa, liderada por Daniel Stec da Universidade Jaguelônica na Polônia, descobriu dez indivíduos na amostra do lado retirado do estacionamento. Estes espécimes foram cruzados em laboratório para produzir mais tardígrados para análise. Os pesquisadores estudaram suas características físicas usando microscópios de contraste (no qual um objeto transparente passa por mudanças de brilho) e escaneados com um microscópio de elétrons.

Eles também observaram o DNA dos espécimes, e identificaram os marcadores moleculares genéticos que os distinguiam de qualquer outra espécie de tardigrado. A análise do DNA também permitiu aos pesquisadores determinar onde a nova espécie se encaixa na árvore evolucionária do animal. A pesquisa foi publicada na última quinta-feira (1º) no periódico de acesso aberto PLoS one.

A cavidade oral do tardígrado. (Créditos: D. Stec et al., 2018)

Quando compararam o novo tardigrado com espécies semelhantes, como a M. anemone, M. naskreckii, e M. patagonicus, os pesquisadores notaram diferenças visuais em seus órgãos, bocas, formato das pernas e outras características. Mas eram duas grandes diferenças que distinguiam uma espécie da outra: suas pernas e seus ovos.

O M. shonaicus tem uma dobradiça na parte interna de suas pernas, e seus ovos possuem uma superfície sólida, qualificando como um membro do subgrupo hufelandi dos tardígrados. Mas os ovos também possuem filamentos flexíveis acoplados em seu topo, o que é semelhante aos ovos produzidos por duas recém descobertas espécies de tardígrados, o Macrobiotus paulinae, da África, e o Macrobiotus polypiformi, da América do Sul. Ou seja, a nova espécie possui uma mistura de características de outras espécies, e é provavelmente descendente de uma linhagem antiga.

Os ovos do espécime encontrado no Japão. (Créditos: D. Stec et al., 2018)

Descobrir novas espécies de tardígrados é algo bom pois podemos aprender muito com estas criaturas. A habilidade deles de resistir ao frio, por exemplo, pode ajudar cientistas a desenvolver “vacinas secas”, onde a água é substituída por trealose – um açúcar não redutor produzido por tardígrados para proteger seus tecidos e DNA do congelamento. Além disso, a tolerância por desidratação destes animais pode nos ensinar novas maneiras de preservar vários materiais biológicos, como células, lavouras e carnes.

Então, obrigado, ursos-d’água, por sua genética extraordinária.

Imagem de topo: D. Stec et al., 2018

[PLoS One]

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