
Nova lente de contato permite que usuário enxergue no escuro
Cientistas criaram lentes de contato de visão noturna que permitem enxergar no escuro. A novidade foi documentada na revista Cell Press na última quinta-feira (22).
De acordo com os criadores, as lentes usam nanopartículas para absorver luz de baixa frequência e emiti-la no espectro visível. Dessa forma, elas permitem que os usuários vejam comprimentos de onda infravermelhos normalmente invisíveis ao olho humano.
Diferente de óculos de visão noturna tradicionais, que surgiram durante a Segunda Guerra Mundial, as novas lentes têm mais precisão para distinguir a luz na faixa infravermelha. Além disso, têm menor volume, já que não precisam de uma fonte de energia.
Como funciona a lente para ver no escuro?
As lentes utilizam nanopartículas em polímeros flexíveis e atóxicos, comuns em lentes de contato gelatinosas. As nanopartículas consistem em fluoreto de gadolínio e sódio incorporado com itérbio, érbio e ouro luminescentes. Elas absorvem fótons do infravermelho próximo na faixa de comprimento de onda de 800 a 1.600 nanômetros antes de emiti-los como luz visível, em comprimentos de onda de cerca de 380 a 750 nanômetros.
Os pesquisadores testaram as lentes primeiro em camundongos – animais que gostam de ambientes escuros. Eles demonstraram preferência por caixas escuras às iluminadas por luz infravermelha. Enquanto isso, os que não usavam as lentes não tiveram preferência. Além disso, as pupilas dos primeiros contraíram na presença de fontes de luz infravermelha. Exames cerebrais mostraram que seus centros de processamento visual estavam ativos.
Já nos testes em humanos, os participantes perceberam a luz infravermelha cintilante e captaram sua direção. Ademais, a visão se aprimorou ao fechar os olhos, de acordo com os pesquisadores.
“Sem as lentes de contato, o sujeito não consegue ver nada, mas quando as coloca, consegue ver claramente a cintilação da luz infravermelha”, explicou Xue. “Também descobrimos que, quando o sujeito fecha os olhos, consegue receber essa informação cintilante com ainda mais eficiência, porque a luz infravermelha próxima penetra na pálpebra com mais eficácia do que a luz visível, portanto, há menos interferência da luz visível.”
Os cientistas substituíram as nanopartículas incorporadas nas lentes por versões modificadas que mapeavam partes específicas do espectro infravermelho próximo para azul, verde e vermelho. Eles acreditam que essa modificação poderia ajudar pessoas com daltonismo ao converter, por exemplo, luz vermelha visível em luz verde visível.
Contudo, mais pesquisas são necessárias antes que as lentes estejam amplamente disponíveis. Isso porque elas captam apenas a luz projetada por fontes de LED, incrivelmente brilhantes, e os cientistas terão que aumentar a sensibilidade das lentes para captar luz de intensidades mais baixas.
Além disso, eles desenvolveram um sistema de óculos vestíveis para visualizar objetos em resoluções mais altas, já que a proximidade das lentes com as retinas pode impedi-las de detectar detalhes mais finos.