Ciência

Nova máscara para apneia do sono utiliza diodos fluídicos para evitar engasgos

Pesquisadores responsáveis pela inovação afirmam que esses componentes regulam a pressão do ar e garantem um sono adequado
Foto: jcomp/Freepik

Texto: Julio Silva* / Jornal da USP

Conforme a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, aproximadamente 32% da população de São Paulo sofre de distúrbios relacionados à apneia do sono. Para muitos desses indivíduos, a utilização de máscaras adequadas é fundamental para melhorar suas condições de saúde e qualidade de vida. Diante desse cenário, pesquisadores do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RGCI) da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveram uma patente inovadora: a Máscara Oronasal Pressurizada para Apneia do Sono, dispositivo que busca solucionar alguns dos problemas mais comuns enfrentados pelos usuários das máscaras já existentes no mercado.

Funcionamento

Conforme o pesquisador Bernardo Lemos, um dos desenvolvedores do dispositivo, esse tipo de máscara é projetado para ajudar na respiração, pois pessoas com apneia apresentam fechamento das vias aéreas superiores durante o sono. Isso resulta em dificuldades respiratórias, levando o paciente a acordar frequentemente e, consequentemente, a ter um sono de má qualidade. Ele explica que as máscaras convencionais criam uma pressão positiva, empurrando ar para os pulmões e permitindo uma respiração adequada.
De acordo com Rodrigo Amaral, que também foi responsável pelo desenvolvimento da máscara oronasal pressurizada, esse novo dispositivo se diferencia por utilizar um sistema de duas câmaras, em que uma delas é destinada à pressão nasal e a outra à pressão oral. Ele destaca a importância de manter essas pressões reguladas, já que, se não forem controladas corretamente, o paciente pode acabar respirando de forma inadequada, o que pode levar a situações perigosas, como a sensação de engasgo, quando o ar entra pela boca ao invés do nariz.

“A nossa máscara, de certa forma, utiliza duas câmaras e, para conectar e regular a pressão entre elas, utilizamos uma válvula sem partes móveis, denominada diodo fluídico, que garante a conexão e a manutenção das pressões de forma eficaz. Essa é a grande inovação do nosso projeto”, conta Amaral.

Bernardo Lemos - Foto: Linkedin

Bernardo Lemos – Foto: Linkedin

Diodo fluídico

Segundo Lemos, as principais máscaras comerciais são pequenas e podem escapar do nariz ou da boca caso o paciente se mexa durante o sono, o que pode levá-lo a ter novamente apneia. Ele explica que, na inovação desenvolvida por eles, as pressões diferentes e a regulação a partir dos diodos fluídicos permitem que o sono transcorra calmamente.

Amaral complementa dizendo que outro problema das máscaras convencionais são as falhas das partes móveis das válvulas com o passar do tempo, que podem ser ocasionadas pelo desgaste dessa área ou pelo acúmulo de umidade e bactérias. Ele afirma que o diodo fluídico utilizado na máscara criada por eles permite melhor passagem de ar pelo dispositivo, de maneira que a retenção de umidade e a proliferação de sujeira e bactérias sejam mais incomuns.

Rodrigo de Lima Amaral - Foto: UFABC

Rodrigo de Lima Amaral – Foto: UFABC

Utilização

“A nossa máscara, de certa forma, utiliza duas câmaras e, para conectar e regular a pressão entre elas, utilizamos uma válvula sem partes móveis, denominada diodo fluídico, que garante a conexão e a manutenção das pressões de forma eficaz. Essa é a grande inovação do nosso projeto”, conta Amaral.

Máscara oronasal pressurizada para apneia do sono. Foto: cedido pelos pesquisadores

Máscara oronasal pressurizada para apneia do sono. Foto: cedido pelos pesquisadores

Etapas

Conforme Lemos, atualmente a equipe está na fase de prototipagem do projeto. Ele explica que já possuem os desenhos e a quantidade necessária de diodos fluídicos, mas ainda buscam um parceiro para a fabricação dos primeiros protótipos, uma vez que a ideia é utilizar impressão 3D para facilitar o desenvolvimento e a produção da máscara. Com os protótipos prontos, a equipe pretende entrar na fase de testes, passo crucial para que a máscara possa ser lançada no mercado e ajudar os pacientes que sofrem desse distúrbio.

“Enquanto isso, nosso grupo de pesquisa continua desenvolvendo simulações para chegar ao número adequado de diodos fluídicos em função da respiração e do problema do paciente. Como pensamos em imprimir a máscara, entendemos que cada paciente terá seu próprio dispositivo, por conta do número de diodos e das particularidades de cada tratamento”, finaliza Rodrigo Amaral.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo

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