Nova York diz que nome “varíola dos macacos” gera estigmas e pede mudança à OMS

Autoridade sanitária dos EUA sugeriu que o nome "varíola dos macacos" seja substituído por terminologias alternativas, como “hMPXV” e “MPV” - uma forma de combater preconceitos em relação à doença e infectados
Imagem microscópica mostra vírus causador de varíola dos macacos (vermelho) em células infectadas (azul).

Nesta semana, o comissário de saúde da cidade de Nova York (EUA), Ashwin Vasan, publicou uma carta pedindo à Organização Mundial da Saúde (OMS) a renomeação oficial da varíola dos macacos. De acordo com o americano, o nome atual cria um estigma em torno de comunidades vulneráveis, podendo afastá-las dos serviços de saúde. Associar uma doença a um animal, afinal, pode dar a impressão que pessoas infectadas estão sendo, também, “animalizadas”.

Vasan não é o primeiro profissional da saúde a levantar a questão. Outros 30 cientistas de todo o globo já haviam feito o pedido de mudança ao diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, que prometeu acatar a sugestão durante coletiva de imprensa no dia 14 de junho. Mais de um mês se passou e nada foi feito.

Como explicou Vasan, “‘varíola dos macacos’ é um nome impróprio, pois o vírus não se origina em macacos e só foi classificado como tal devido a uma infecção observada em primatas de pesquisa”. Para o comissário, seria mais adequado usar terminologias alternativas, como “hMPXV” e “MPV” – siglas para Human Monkeypox Virus.

A desinformação sobre o vírus pode gerar “sentimentos traumáticos de racismo e estigmas” para pessoas pretas e pardas e também para a comunidade LGBTQIA+. Como resultado, indivíduos de tais grupos podem evitar os serviços de saúde devido ao preconceito. 

A epidemia causada pelo vírus HIV e a própria Covid-19 são exemplos dos males da desinformação. No começo de 2020, por exemplo, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, referiu-se ao Sars-CoV-2 como “vírus da China”. Como resultado, foi visto um aumento de crimes de ódio contra indivíduos da Ásia e das Ilhas do Pacífico.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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