Nova Zelândia se declara livre de transmissão comunitária do coronavírus

Nova Zelândia vem relatando novos casos de coronavírus na casa de um dígito. Primeira-ministra diz que a vida não pode voltar ao normal ainda, entretanto.
Primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, diante de dois microfones, com a bandeira do país ao fundo.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, em uma coletiva de imprensa sobre COVID-19 no Parlamento em Wellington, em 27 de abril de 2020. Foto: Getty

Várias semanas após a Nova Zelândia instituir um estrito bloqueio contra a pandemia de COVID-19, a primeira-ministra do país diz que as medidas ajudaram a conter a disseminação comunitária, mas enfatizou que o país deve continuar aderindo a um novo padrão de distanciamento social para manter a doença contida.

“Não há transmissão comunitária generalizada e não detectada na Nova Zelândia”, disse a primeira-ministra Jacinda Ardern durante uma entrevista coletiva nesta semana. “Vencemos essa batalha. Mas devemos permanecer vigilantes se quisermos continuar assim.”

Ardern disse a repórteres que, nos últimos dias, os casos na Nova Zelândia estão em um dígito. Ela espera que seu país “chegue a zero” antes de ver alguns casos surgirem novamente aqui e ali.

A Nova Zelândia começou a relaxar algumas restrições e passar do nível quatro para o nível três do bloqueio durante esta semana — incluindo reabrir algumas empresas e permitir que mais pessoas voltem ao trabalho. Ardern enfatizou que a medida “não é e não pode ser um retorno” a como a vida era antes da COVID-19. Ela enfatizou que o rastreamento de contatos, o auto-isolamento e os testes extensivos e contínuos serão fundamentais para que o sucesso seja contínuo.

Como parte de sua ação contínua, Ardern disse que a Nova Zelândia se concentrará na identificação dos últimos casos remanescentes do vírus, algo que ela comparou a “procurar uma agulha no palheiro”. E a Nova Zelândia permanecerá no nível três por duas semanas antes que as autoridades reavaliem a mudança para o nível dois.

Sob um nível de alerta quatro, os neozelandeses foram instruídos a permanecer em casa, exceto no caso de viagens essenciais, escolas e negócios não essenciais foram fechados e reuniões, canceladas. Com o nível de alerta três, as pessoas podem estender suas interações sociais para além de sua própria casa, mas de modo limitado. Isso inclui cuidar de crianças ou ter a companhia de uma ou duas pessoas — embora esses indivíduos devam ser “locais”.

Esta semana, negócios que operam com retirada podem reabrir para coleta ou entrega sem contato, assim como algumas empresas, como construção, se aderirem a medidas específicas destinadas a mitigar a disseminação comunitária. Negócios que exigem contato pessoal próximo para operar — como cabeleireiros, academias e a maioria das lojas de varejo — não poderão reabrir até que a Nova Zelândia atinja o nível dois, quando serão obrigadas a tomar medidas adicionais específicas de segurança.

“Estou otimista de que podemos continuar no caminho do sucesso, mas deixe-me esclarecer duas coisas”, disse Ardern. “Primeiro, só podemos fazer isso se continuarmos juntos. Em segundo lugar, não arriscarei os ganhos que obtivemos e a saúde dos neozelandeses. Então, se precisarmos permanecer no nível três, continuaremos.”

A Nova Zelândia teve 19 mortes e registrou 1.469 casos de COVID-19 desde o início do surto. Durante a coletiva, a principal autoridade de saúde do país, Ashley Bloomfield, disse que a Nova Zelândia teve apenas um novo caso confirmado e quatro novos casos prováveis, todos os quais podem ser vinculados a uma fonte conhecida.

Embora as medidas da Nova Zelândia para mitigar a disseminação tenham sido rigorosas, como na Austrália, as duas conseguiram controlar a disseminação da COVID-19. Ambos relataram números baixos para casos e mortes quando comparados a países como Estados Unidos e Itália. A Austrália registrou apenas 6.714 casos de COVID-19 e 83 mortes.

Enquanto isso, os EUA estão se aproximando de 1 milhão de casos confirmados e já sofreram mais de 55.000 mortes, segundo dados do rastreador COVID-19 da Johns Hopkins. E, embora a população dos EUA seja consideravelmente maior, a abordagem do governo para combater o vírus tem sido muito menos organizada, e a comunicação muitas vezes foi prejudicada durante as coletivas para falar do assunto, incluindo a salada de palavras bizarras e perigosas que regularmente vem do presidente Donald Trump. Na semana passada, por exemplo, definitivamente parecia que ele estava dizendo para as pessoas beberem desinfetantes.

Quando perguntado sobre esses comentários durante a coletiva desta semana, Bloomfield pareceu ter ficado sem palavras antes de dizer “Sob nenhuma circunstância [as pessoas] deveriam pensar em fazer isso”.

Ainda bem que alguns países conseguem ser eficientes na hora de resolver seus problemas.

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