
Novo Adesivo com IA monitora distúrbios de sono melhor que smartwatches
Cientistas das Universidades Vanderbilt e Northwestern, nos EUA, criaram um dispositivo vestível — similar a um adesivo que gruda na pele — com IA para monitorar distúrbios de sono com maior detalhe.
O LMA-SleepNet, nome do modelo de IA do dispositivo, pode aprimorar a detecção de distúrbios como apneia do sono, de acordo com um estudo publicado no início deste mês.
No estudo, os cientistas desenvolveram um sensor similar a um adesivo que fica na incisura jugular — a covinha que fica na base do pescoço e serve para avaliar a posição da traqueia. Com isso, o dispositivo consegue registrar sinais corporais cruciais, incluindo a taxa respiratória, a frequência do ronco, a orientação do corpo, os batimentos cardíacos e a temperatura corporal.
John A. Rogers, professor de ciência de materiais da Universidade Northwestern, afirmou que os cientistas queriam criar um dispositivo vestível simples.
“A intenção era preencher a lacuna entre a capacidade de smartwatches ou anéis em termos de monitoramento do sono em relação às técnicas hospitalares e laboratoriais”, disse Rogers.
Rogers, que comanda o Instituto de Bioeletrônica da Northwestern, ressalta que o adesivo é especial por sua localização no corpo, próximo a sistemas fisiológicos centrais.
Além disso, a integração do adesivo ao modelo de IA analisa mais de 140 sinais biológicos, monitorando estágios do sono com maior precisão que smartwatches e anéis.
Adesivo usa IA para melhorar a precisão do monitoramento do sono
Os algoritmos de IA, de acordo com o estudo, contam com uma classificação superior do REM (movimento rápido dos olhos) e de quando a pessoa está acordada.
O adesivo identifica melhor o REM graças à capacidade de capturar padrões de respiração do usuário, que transmite os dados de sono a um celular via Bluetooth.
Mas, diferentemente dos apps da Samsung, Apple e de outras fabricantes de smartwatches que monitoram o sono, o adesivo fornece “pontuações” de sono tanto aos usuários quanto aos médicos.

Imagem: Yayun Du/Divulgação
A IA também aciona um feedback háptico que vibra ao detectar ronco, fazendo o paciente mudar de posição, oferecendo mais dados para diagnóstico de distúrbios da funcionalidade reativa do adesivo.
Os cientistas testaram a tecnologia em 26 pessoas, com 30% apresentando distúrbios de sono. Nos testes, o dispositivo revelou uma forte correlação com resultados tradicionais de polissonografia.
Desse modo, o adesivo tem capacidades avançadas assim como aparelhos hospitalares, mas os cientistas querem lançar o dispositivo em um preço acessível.
Cientistas querem lançar dispositivo acessível
Yayun Du, professora da Universidade Vanderbilt e principal autora do estudo, enfatizou a necessidade do preço acessível. A maioria dos dispositivos não monitora os sinais mais informativos, segundo a cientista.
De acordo com Du, a precisão dos smartwatches é limitada porque tais dispositivos não conseguem monitorar a respiração. Um dos motivos é porque o adesivo se inspira na tecnologia do sensor Adam, da empresa Sibel Health.
O Adam é um adesivo que gruda na pele e monitora os mesmos dados fisiológicos. Contudo, a Sibel Health mirou no monitoramento de sono somente neste ano. Aliás, o CEO da empesa, Steve Xu, revisou o estudo e é membro efetivo do laboratório de bioeletrônica.
Xu fundou a Sibel em 2018, desenvolvendo dispositivos vestíveis que aprimoram a análise de dados para a saúde. Em março deste ano, a empresa recebeu um financiamento de US$ 30 milhões, permitindo a expansão comercial dos dispositivos de monitoramento de saúde.
O hospital da Universidade Northwestern, cujo diretor é um dos autores correspondentes do estudo, comprou os sistemas da Sibel para avaliar o sono dos pacientes.
No LinkedIn, Steve Xu começou a postar vídeos sobre o monitoramento do sono desde a publicação do estudo sobre o adesivo com IA. O executivo enfatiza a importância para crianças e pessoas com doenças degenerativas.
Foco em crianças
O estudo que desenvolveu o adesivo foi financiado pela Procter & Gamble (P&G). O conglomerado é dono de marcas gigantes como as fraldas Pampers, os absorventes Always e outros produtos disponíveis globalmente.
Assim como o CEO da Pampers, o chefe do setor científico da P&G publicou posts sobre a importância do sono. Ele também participou de conferências relacionadas ao tema desde a publicação.
Um tweet recente de John A. Rogers sugere que o adesivo com IA para monitorar o sono terá fins pediátricos. Os materiais de divulgação também evidenciam o uso do dispositivo em crianças.
“A tecnologia resultante do estudo — sensores suaves com interface para a pele humana e os algoritmos de machine learning — determinam os padrões de sono com precisão muito superior aos aparelhos vestíveis, como relógios e anéis. Além disso, uma das descobertas interessantes e intuitivas do estudo, sobretudo para quem tem filhos, é que os sons, taxas, durações e profundidades da respiração, bem como suas variações temporais, são indicadores poderosos de qualidade de sono, mas equipamentos convencionais de monitoramento não conseguem capturar tais sinais.”
Por fim, Rogers enfatiza que os cientistas trabalham para monitorar o sono de criança, incluindo portadoras de Síndrome de Down.