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A mais recente restauração artística desastrada teve São Jorge como vítima

Você está bem, Espanha? No que certamente é um concorrente a pior projeto de restauração de arte já feito, uma efígie de madeira de 500 anos de idade de São Jorge de Estella, na cidade espanhola de Estella-Lizarra, foi, digamos restaurada por um “professor de artesanato”, segundo o Guardian. O resultado final não é uma visão […]

Você está bem, Espanha? No que certamente é um concorrente a pior projeto de restauração de arte já feito, uma efígie de madeira de 500 anos de idade de São Jorge de Estella, na cidade espanhola de Estella-Lizarra, foi, digamos restaurada por um “professor de artesanato”, segundo o Guardian. O resultado final não é uma visão bonita e deixou algumas pessoas mais do que chateadas, incluindo eu.

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A efígie de madeira de 500 anos de São Jorge de Estella fica na Capela de São Jorge, localizada na Igreja de São Miguel. O São Jorge em si está vestido com armadura e montado em um cavalo, pisando em um dragão. A estátua só pode ser vista durante as horas de culto. A restauração em si, encomendada por um dos padres da paróquia, foi feita pela Karmacolor, uma escola na cidade vizinha de Navarra. A escola desde então removeu sua página no Facebook, que antes tinha imagens e vídeos exibindo o progresso da restauração, de acordo com o ArtUs.

O novo visual do São Jorge de Estella apagou completamente as características sutis do original (como as bochechas rosadas e os lábios, e o sombreado e o desgaste da armadura).

A face restaurada resolve o problema do sombreamento e da coloração apagado, mas faz São Jorge de Estella se parecer mais com um personagem da série animada Moral Orel do que com um cavaleiro em conflito com uma criatura mítica gigante. Além disso, aspectos da escultura foram recoloridos, como o arreio vermelho, que era originalmente prateado com folha de ouro, segundo a especialista em restauração artística Carmen Usua, em entrevista ao jornal espanhol ABC. Usua sugeriu que uma nova restauração apropriada pode ser impossível, porque a madeira havia sido incorretamente lixada e o trabalho de gesso estava mal feito.

Espanha, a julgar por esta e por catástrofes passadas, parece que restauração de arte não é exatamente sua especialidade. Lembra-se do afresco Ecce Homo, do século 18, de Elias García Martínez, em Borja, na Espanha? Você provavelmente conhece mais o Ecce Mono após a restauração mal feita. Os espanhóis tiveram também aquele desastre de 2016 envolvendo a estátua de São Miguel Arcanjo, do século XVII.

Assim como o Ecce Mono, o São Jorge de Estella teria sido restaurado sem uma discussão com instituições culturais ou especialistas em restauração. A Associação de Conservadores e Restauradores da Espanha (ACRE) denunciou o projeto de restauração e diz que vai levar a questão à procuradoria de Navarra para determinar o tamanho dos danos e impor uma multa por destruição de propriedade com valor cultural e histórico.

Sendo justo, é difícil ficar muito bravo com alguém que fez um esforço de boa fé para restaurar artefatos culturais inestimáveis. Poderia ser pior, sabe? Imagine se eles tivessem quebrado a estátua?

Imagem do topo: ArtUs Restauración Patrimonio

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