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Eis o que acontece quando um design novo disputa contra a nostalgia

Toda mudança de design visual gera alguma consternação. Quando o Windows adotou o visual Metro, choveram críticas. Quando o iOS 7 se livrou do esqueumorfismo, ele sofreu forte escrutínio – especialmente dos ícones. Forçar pessoas a se adaptarem ao novo é difícil, mas se torna especialmente desafiador quando a nostalgia entra na equação. Como se […]

Toda mudança de design visual gera alguma consternação. Quando o Windows adotou o visual Metro, choveram críticas. Quando o iOS 7 se livrou do esqueumorfismo, ele sofreu forte escrutínio – especialmente dos ícones.

Forçar pessoas a se adaptarem ao novo é difícil, mas se torna especialmente desafiador quando a nostalgia entra na equação. Como se desapegar das coisas do passado?

É isso que, pelo visto, a Rede Globo quer descobrir. Sem alarde, ela mudou uma das aberturas mais icônicas, que marcaram a minha infância – e provavelmente a sua.

A vinheta da Sessão da Tarde mudou:

Por que se importar? É que, por mais de 20 anos, a abertura e a música-tema ficaram gravadas na nossa mente. Você se lembra de assistir clássicos como “De Volta para o Futuro”, “Curtindo a Vida Adoidado” ou “Esqueceram de Mim”, certo? Ou pelo menos algum filme com algo “da pesada”, “do barulho” ou “pra cachorro” no título.

Bem, isso acabou há algum tempo. Nesse horário, a Globo resolveu passar filmes mais recentes, lançados há poucos anos, retirando boa parte da nostalgia envolvida em assistir a Sessão da Tarde. Agora, a clássica abertura se foi. Na verdade, ela sofreu pequenas mudanças desde 1990, porém manteve o mesmo conceito – e a mesma música:

André Luiz Sens, do blog Televisual, descreve assim a nova abertura:

… a abertura, criada por Alexandre Romano e sua equipe, ganhou uma linguagem colorida e contemporânea, levemente inspirada na estética retrô. Embalado por uma trilha mais festiva, faixas multicoloridas percorrem a tela, formando efeitos geométricos e construindo a nova assinatura da atração, uma delicada caligrafia escrita por uma “fita”.

Ela abandona elementos futuristas dos anos 90, como a fonte metalizada. Esse era um dos elementos mais usados por Hans Donner, que criou diversas aberturas para a TV Globo. No entanto, até ele cansou disso! Ele disse à Folha, ao comentar sobre o logotipo da emissora: “Cada novo designer queria colocar reflexo, metal etc. Os caras que trabalharam comigo destruíram a marca.” (A Globo ainda mantém o logotipo antigo.)

Então como entender essa mudança? Este comentário do Comunicadores acerta em cheio: “Quem nasceu nos anos noventa, hoje trabalha na hora da Sessão da Tarde”. Crescemos, estamos mais velhos, é a vida. Além disso, se você quer ver filmes antigos, por que não ir ao Netflix? Por mais que pese a nostalgia, estamos em outros tempos – mesmo que doa um pouco quando uma vinheta de TV nos faz lembrar disso.

Só espero que não se livrem de Dirceu Rabelo, o eterno narrador das propagandas da Sessão da Tarde, que exclama “Essa dupla da pesada vai armar as mais loucas confusões e virar a cidade de pernas pro ar!”, ou algo assim. Surgiram boatos de que ele estaria se aposentando, mas a Globo diz que não. Pelo menos! [Televisual]

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