
Novo estudo sugere que Via Láctea pode estar livre de grande colisão

Por mais de 50 anos, astrônomos acreditavam que a grande colisão entre a Via Láctea e a galáxia vizinha de Andrômeda era algo inevitável. Porém, um novo estudo indica que a nossa galáxia pode estar livre.
Na última segunda-feira (2), cientistas da Universidade de Helsinki, na Finlândia, publicaram um estudo avaliando as chances de haver a “Milkomeda”. O termo, cunhado em 2002 pelo astrofísico Abraham Loeb, designa a formação resultante da grande colisão (e consequente fusão) entre a Via Láctea e Andrômeda.
A comunidade científica começou a aceitar que a grande colisão seria inevitável quando os astrônomos começaram a entender com mais detalhes as dinâmicas das galáxias.
No entanto, somente em 2012, graças ao telescópio Hubble, astrônomos identificaram a velocidade do movimento da galáxia de Andrômeda e concluíram quando ocorreria a grande colisão com a Via Láctea. Andrômeda se move a 110 km/s e a colisão entre as duas maiores galáxias do Grupo Local seria daqui a 4,5 bilhões de anos.
Mas, novamente, graças a observações do Hubble, o novo estudo conseguiu analisar dados de movimento e criar simulações avançadas que mostram que a Via Láctea está livre dessa trombada galáctica.
O estudo ressalta que a anteriormente inevitável colisão já não é mais certeza. Os dados do Hubble conseguiram simular com melhor precisão o futuro do Grupo Local.
Via Láctea pode estar livre, mas estudo projeta outro evento
Além de analisar a Via Láctea e Andrômeda, os cientistas usaram dados da Galáxia de Triângulo — terceira maior do Grupo Local — e da Grande Nuvem de Magalhães. Com os dados, os autores realizaram 50 mil simulações para explorar como a dança gravitacional entre essas galáxias poderia evoluir nos próximos 10 bilhões de anos.
As simulações demonstram que a grande fusão entre a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda ocorreu em somente 44% dos casos.
A possibilidade do evento cresceu em 63% nas simulações que incluíram a Galáxia de Triângulo, que aumentaria o empuxo gravitacional. Contudo, a Grande Nuvem de Magalhães em uma trajetória rápida e perpendicular adiciona movimentos paralelos que reduzem as chances para 37%.
O modelo mais completo e realista, que inclui as quatro galáxias, apresentou resultados muito similares. Em 54% das simulações, a grande colisão ocorreria daqui a 7,6 bilhões de anos. 46% mostram que as galáxias ficariam distantes por mais de 200 mil anos-luz sem previsão de colisão.
Os cientistas ressaltam que incertezas sutis nos cálculos de massa e movimento das galáxias podem mudar drasticamente o resultado. Além disso, o estudo projeta que a Grande Nuvem de Magalhães pode se juntar à Via Láctea daqui a 1,3 bilhão de anos.
A Via Láctea, portanto, está livre da grande colisão com a galáxia de Andrômeda. Conforme o estudo, Andrômeda pode colidir com a Galáxia de Triângulo daqui a 3,3 bilhões de anos. Tais eventos podem alterar ainda mais as dinâmicas gravitacionais do sistema de ambas galáxias.
Por outro lado, o destino da Via Láctea não está selado, mas são necessários mais dados para confirmar se a galáxia está, de fato, livre da grande colisão.