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Novos modelos climáticos mostram que nuvens podem afetar previsão de aquecimento global

Os últimos modelos climáticos dos cientistas mostram que o mundo pode aquecer ainda mais do que pensávamos.

Imagem: Myriam Zilles

Os últimos modelos climáticos dos cientistas mostram que o mundo pode aquecer ainda mais do que pensávamos.

Em um novo estudo publicado em Geophysical Research Letters, pesquisadores examinaram a sensibilidade de mais de duas dúzias de novos modelos climáticos. Se os modelos estiverem certos, as metas estabelecidas no Acordo Climático de Paris para limitar o aquecimento global podem estar fora de alcance.

A sensibilidade climática é uma das métricas mais importantes dos modelos. Os pesquisadores a estudam não modelando cenários de emissões da vida real, mas examinando o quanto o planeta teoricamente aqueceria se as emissões dobrassem.

Em média, os novos modelos mostraram um aquecimento da Terra superior aos modelos anteriores em cerca de 0,5 graus Celsius. Muitos dos modelos mostraram que se as emissões dobrarem, o aquecimento excederá 4,5 graus Celsius.

Os pesquisadores descobriram que a principal razão para esse enorme aumento no aquecimento pode ser devido a mudanças na modelagem de nuvens, tipicamente a parte mais complicada da modelagem climática como um todo, dada a sua natureza efêmera e tamanho relativamente pequeno na atmosfera.

No entanto, as nuvens desempenham um papel importante na regulação do clima e podem tanto resfriar como aquecer a Terra, dependendo do tipo de nuvem e da latitude. E o aquecimento global pode afetar as nuvens de diferentes formas. As nuvens de latitude média podem realmente mudar de forma benéfica.

“Espera-se que as nuvens de latitude média e alta se tornem ‘mais suculentas’ e, portanto, mais luminosas com o aquecimento, pois uma atmosfera mais quente significa que mais umidade está disponível para condensar na água das nuvens e que as nuvens de gelo transitarão para nuvens líquidas mais brilhantes”, disse Mark Zelinka, especialista em clima do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, em um e-mail para o Gizmodo.

Isso é bom para o aquecimento global, disse ele, porque “uma nuvem mais brilhante reflete mais luz solar de volta ao espaço – mais protetor solar”.

Mas Zelhenka disse que em novos modelos climáticos, esse efeito não é tão poderoso para o resfriamento da Terra como os cientistas pensavam. Ao mesmo tempo, os modelos também prevêem que a Terra terá menos e mais finas nuvens de baixo nível, particularmente no Hemisfério Sul, nas partes de latitude média.

Nuvens espessas e fofas de baixo nível na atmosfera ajudam a bloquear a luz solar da Terra e a protegê-la de algum aquecimento, portanto, perder a cobertura das nuvens significa perder essa proteção.

“Menos delas significa menos protetor solar”, disse Zelinka.

Para piorar a situação, espera-se que as nuvens mais altas da atmosfera subam ainda mais alto. “Este é um feedback positivo e amplificador do aquecimento global porque limita fortemente a capacidade da Terra de irradiar calor para o espaço à medida que aquece (como se seu corpo de alguma forma não pudesse suar enquanto se exercita)”, disse Zelinka.

As descobertas são preocupantes. Mas para saber o quanto precisamos nos preocupar, os pesquisadores precisarão examiná-las mais a fundo. Isso inclui fazer mais experiências para ver quais modelos climáticos têm nuvens mais parecidas com as do mundo real.

“Esses últimos modelos altamente sensíveis são muito sofisticados e de alta tecnologia”, disse Tim Myers, co-autor do artigo, em um comunicado. “Nós os levamos a sério, mas também precisamos examiná-los de perto para descobrir se as suas previsões são plausíveis”.

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