Novos usos do CRISPR envolvem achar células cancerígenas e “detetive de DNA”

Há cinco anos, quando pesquisadores descobriram que sistemas imunes a bactérias poderiam ser “invadidos” com a edição de DNA em criaturas vivas, a notícia foi manchete em vários jornais e na comunidade científica. A tecnologia, chamada CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), permitia que cientistas “recortassem e colassem” A, C, T e G que […]

Há cinco anos, quando pesquisadores descobriram que sistemas imunes a bactérias poderiam ser “invadidos” com a edição de DNA em criaturas vivas, a notícia foi manchete em vários jornais e na comunidade científica. A tecnologia, chamada CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), permitia que cientistas “recortassem e colassem” A, C, T e G que são responsáveis pelos pares base de DNA e codificar o mundo de tudo que é vivo. Com CRISPR, os cientistas podem usar engenharia genética para resolver problemas que vão de doenças à fome.

Porém, edição de genes usando CRISPR é muito 2017.

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Cientistas criam “caixa preta” para registrar atividades de células

Recentemente, cientistas começaram a explorar novos usos para a tecnologia. Só na semana passada, os pioneiros da técnica revelaram três outras possibilidades. CRISPR funciona ao indicar precisamente pequenos trechos de DNA, e cortando e copiando esses “pedaços”. Descobriram que isso tem muito mais valor que apenas corrigir uma doença causada por mutação genética ou remover os genes que tornam um cogumelo marrom.

Em um estudo divulgado na última quinta-feira, Jennifer Doudna, da Universidade de Califórnia em Berkeley, usou CRISPR como uma espécie de detetive de DNA para identificar trechos que podem sinalizar infecções virais, câncer ou genes defeituosos — ou seja, uma ferramenta de diagnóstico. Neste levantamento, a habilidade do CRISPR de identificar códigos genéticos específicos e atacá-los foi usada para apontar para um câncer causado por HPV e enviar um sinal luminoso quando estivesse presente em células humanas.

Em outro estudo, também da semana passada, pesquisadores do MIT e do Instituto Broad, de Harvard,, o sistema CRISPR foi usado para achar um tumor utilizando amostras de sangue de um paciente de câncer de pulmão.

Em um outro levantamento feito apenas pelo Instituto Broad, cientistas usaram CRISPR para criar uma espécie de “caixa preta” para dados celulares, registrando eventos dentro de uma pessoa e ao programar células bacterianas ao programá-las suando CRISPR para, em essência, fazer edições quando eventos celulares relevantes ocorrerem. As informações geradas com este experimento sobre o funcionamento de células pode nos ajudar a entender melhor o envelhecimento e outras doenças.

Esses novos truques envolvendo CRISPR foram descobertos com pequenas modificações feitas no sistema básico da técnica. Em alguns casos, os cientistas tiveram de usar uma enzima diferente para fazer o recorte molecular — geralmente, o sistema recorre a uma enzima chamada Cas9, mas várias inovações do CRISPR foram feitas a partir de outras enzimas, como Cas12a. Em outros casos, rolaram algumas atualizações no CRISPR, como a habilidade de enviar sinais brilhantes quando detectar algo importante.

Tudo isso ajuda a mostrar o potencial do CRISPR não só como uma ferramenta para edição genética, mas em uma ferramenta multifuncional que funciona como um biosensor, um “detetive médico” e um instrumento poderoso para pesquisa básica.

Imagem do topo: Um cientista corta um fragmento de DNA sob luz ultra-violeta. Crédito: AP

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