Enfim sabemos como as misteriosas nuvens dos buracos negros são por dentro
Buracos negros são alguns dos objetos mais estranhos do universo. Mas sabe o que é mais misterioso? As nuvens pesadas que circundam alguns deles. Pela primeira vez, pesquisadores dizem ter conseguido um vislumbre destas nuvens. E o que eles descobriram tem algumas implicações sérias sobre o nosso entendimento mais básico sobre estes misteriosos objetos espaciais.
Alguns buracos negros são blindados por nuvens pesadas de gás e poeira. Estas nuvens são tão densas que é impossível ver com nossos telescópios o que está por trás delas. Os motivos por trás disso intrigavam os cientistas. Mas novas imagens da galáxia NGC 1068 e do buraco negro que está no centro dela, feitas com auxílio de raios-X por uma equipe composta por membros da NASA e da Agência Espacial Europeia, mudaram tudo.
Então, o que os cientistas encontraram quando perscrutaram a nuvem? Ao invés da névoa constante e uniforme que eles esperavam, ela era feita, na verdade, por uma série de “tufos” de gás e poeira empacotados de um jeito apertado.
Além de nos dizer algo sobre as nuvens em si, esta descoberta também jogou luz sobre um dos mistérios mais básicos sobre os buracos negros: por que alguns aparentemente não têm estas nuvens?
Uma maneira pela qual os cientistas tentaram resolver esta questão era através de uma parte da ciência dos buracos negros conhecida como “teoria do donut”. A “teoria do donut” sugere que um dos motivos pelos quais alguns buracos negros são encobertos por nuvens densas não é a diferença entre um buraco e outro, e sim uma diferença em como nós os vemos.
Imagine, por um momento, um donut gigante. Se você estiver com ele na altura dos olhos, encarando ele de lado, tudo que você verá é uma parede de creme. Agora, imagine que este donut gigante está numa mesa e você está acima dela, olhando para baixo. Agora a forma do doce está clara, assim como suas características.
De acordo com esta teoria, buracos negros são como uma caixa de donuts cósmicos gigantes voando ao nosso redor — alguns deles estão na altura dos olhos, outros estão muito acima de nossas cabeças, outros caíram no chão e só podemos ver a cobertura.
A “teoria do donut” foi uma parte muito influente da teoria dos buracos negros por décadas até agora. Saber que a composição dessas nuvens não é constante, mas sim “granulada”, acrescenta mais camadas à teoria. Se ela estiver certa, estes novos resultados indicam que não é simplesmente uma questão de mudar de perspectiva que nos mostra todos estes tipos diferentes de buracos negros — pode ser também um sinal de nuvens com composições realmente diferentes.
O próximo passo, segundo os pesquisadores, é descobrir por que estes tufos se formam e se agrupam. É mais um mistério dos buracos negros a ser resolvido.
[NASA]
Imagens: Concepção artística do buraco negro da galáxia 1068/NASA-JPL