O cosmos é o limite: 60 anos da partida de Laika, a vira-lata cosmonauta

São 14 minutos e seis paradas de metrô que separam a Praça Vermelha, no centro de Moscou, da estação VDNKh, ao norte da cidade. Ali, o passageiro, ao olhar para trás assim que pisar na calçada, verá um foguete subindo em direção ao céu: é o Monumento aos Conquistadores do Espaço. Feito de titânio, um […]

São 14 minutos e seis paradas de metrô que separam a Praça Vermelha, no centro de Moscou, da estação VDNKh, ao norte da cidade. Ali, o passageiro, ao olhar para trás assim que pisar na calçada, verá um foguete subindo em direção ao céu: é o Monumento aos Conquistadores do Espaço. Feito de titânio, um material usado em aplicações aeronáuticas e espaciais, esse grande monumento com 107 metros de altura foi inaugurado em 1964 para celebrar as conquistas soviéticas na exploração do cosmos.

Durante a Guerra Fria, um dos palcos de batalha entre as duas grandes potências mundiais era o desenvolvimento da tecnologia espacial. Estados Unidos e União Soviética competiam na chamada “corrida espacial” para lançar os primeiros foguetes, colocar os primeiros satélites em órbita e, finalmente, levar os primeiros humanos para fora do planeta. Ainda que tenha uma origem militar, essa disputa acabou se tornando também uma forma de propaganda, simbolizando a pretensa superioridade de cada regime político.

A base do monumento traz imagens esculpidas que contam um pouco dos avanços soviéticos. De um lado, engenheiros trabalhando e um cosmonauta subindo uma escada em direção ao espaço, ladeado por uma figura que carrega a foice e o martelo. Em meio aos engenheiros, a cadela Laika, o primeiro ser vivo a orbitar a Terra na espaçonave Sputnik 2, posa séria. Do outro lado, o povo da União Soviética aparece liderado por Lênin.

Desde o início, havia o projeto para construir um museu no subsolo do monumento. O Museu Memorial da Cosmonáutica acabou sendo inaugurado apenas 17 anos depois, em 1981, em meio às comemorações do aniversário de vinte anos da viagem de Yuri Gagarin a bordo da espaçonave Vostok 3KA. Em abril de 1961, Gagarin tornou-se o primeiro humano a chegar ao espaço.

O museu homenageia as pessoas que tornaram o programa espacial soviético uma realidade e exibe réplicas de satélites, veículos e espaçonaves que fizeram parte dessa história. Do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial, à Estação Espacial Internacional, os visitantes descobrem detalhes de cada um desses equipamentos e do dia-a-dia dos cosmonautas. Até mesmo Belka e Strelka, que foram as primeiras cadelas a orbitar o planeta e voltar com vida, estão expostas em sua versão empalhada.

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Entre as principais curiosidades, pode-se conhecer a evolução dos trajes espaciais, os acessórios que eram levados para o espaço e como era a comida dos cosmonautas. Num ambiente de gravidade zero, tudo devia estar sempre organizado e guardado nos lugares certos. E as comidas eram mesmo em tubos, parecidas com pasta de dente, mas também incluíam alguns vegetais e frutas. A cápsula da espaçonave Soyuz é um pouco apertada, como experimentam os visitantes que entram na réplica disponível no museu, mas tem espaço suficiente para se comer uma melancia enquanto se circunda a Terra.

Convencionou-se que a corrida espacial atingiu o auge com a missão americana Apollo 11, em julho de 1969. O uniforme do astronauta Michael Collins, que continuou a pilotar o módulo Columbia enquanto Neil Armstrong e Buzz Aldrin pousaram na Lua com o módulo Eagle, foi dado de presente pelos Estados Unidos e está exposto no museu.

Quando Armstrong e Aldrin pisaram no Mar de Tranquilidade, a humanidade tinha atingido seu ápice: as primeiras pessoas a caminhar em outro mundo. Haviam se passado apenas 11 anos e meio entre a histórica viagem da cadela Laika e aquele momento. Hoje, faz 60 anos que Laika se foi.

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