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O provável primeiro ataque de ódio cibernético aconteceu em um McDonald’s francês

Steve Mann, o “pai do computador vestível”, foi agredido fisicamente enquanto visitava um McDonald’s em Paris, França. O professor universitário canadense estava no local com sua família quando três funcionários do McDonald’s se sentiram ofendidos pelo seu dispositivo “Digital Eye Glass” e tentaram removê-lo à força de sua cabeça. Mann foi então jogado para fora […]

Monóculo de Steve Mann.

Steve Mann, o “pai do computador vestível”, foi agredido fisicamente enquanto visitava um McDonald’s em Paris, França.

O professor universitário canadense estava no local com sua família quando três funcionários do McDonald’s se sentiram ofendidos pelo seu dispositivo “Digital Eye Glass” e tentaram removê-lo à força de sua cabeça. Mann foi então jogado para fora do estabelecimento pelos agressores, que também rasgaram vários documentos de Mann.

Este talvez seja o primeiro ataque gravado a uma pessoa motivado por uma tela proeminente de um computador vestível — como a do Google Glass.

O incidente traz implicações bem peculiares, não só pelo fato do dispositivo de Mann ser muito similar ao Google Glass, mas porque o ataque pode ser o prenúncio de coisas que poderão acontecer na medida em que a tecnologia se tornar mais e mais avançada. Ataques como esse se tornando mais frequentes mostram como pessoas (e empresas) respondem mal ao uso de dispositivos do tipo. Os detalhes do ataque estão disponíveis no blog de Mann.

Ele, junto com sua esposa e filhos, estavam passeando na área de Champs Elysees quando o incidente ocorreu. Após se sentar para comer algo, Mann foi questionado por um funcionário do McDonald’s sobre o Eye Glass. Como Mann havia passado o dia indo a museus e pontos turísticos, ele trazia consigo uma carta do seu médico junto com outros documentos explicando o dispositivo.

Mann vem usando algum tipo de computador visual nos últimos 34 anos como parte da sua pesquisa no campo de computadores vestíveis. Ele próprio descreve o que aconteceu em seguida:

“Após olhar os documentos, o suposto funcionário do McDonald’s aceitou eu (e a minha família) como clientes e nos deixou fazer o pedido. Daqui em diante, irei me referir a essa pessoa como ‘Provável Testemunha 1’.

Pedimos dois Ranch Wraps, um hambúrguer e um McFlurry de manga para um caixa a quem me referirei como ‘Provável Testemunha 2’. Minha filha cuidou do pagamento com a Provável Testemunha 2, pois ela queria praticar seu francês. A Provável Testemunha 2 elogiou minha filha pela fluência no francês.

Em seguida, eu e minha família nos sentamos próximos à entrada, de modo que podíamos ver as pessoas caminhando na avenida Champs Elysees enquanto comíamos.

Outra pessoa dentro do McDonald’s me atacou fisicamente, enquanto eu estava no McDonald’s, comendo meu Ranch Wrap do McDonald’s que eu acabara de comprar naquele McDonald’s. Ele agarrou com raiva o meu monóculo e tentou tirá-lo da minha cabeça. Ele está permanentemente fixado e não desgruda do meu crânio sem ferramentas especiais.

Tentei acalmá-lo e mostrei a ele a carta do meu médico e os documentos que trazia comigo. Ele (a quem chamarei Criminoso 1) trouxe outras duas pessoas. Ele estava parado no meio, bem na minha frente, e havia outra pessoa à minha esquerda sentada em uma mesa (a quem chamarei Criminoso 2) e uma terceira à minha direita. A terceira pessoa (a quem chamarei Criminoso 3) segurava uma vassoura e uma pá de lixo e vestia uma camiseta com o logo do McDonald’s nela. A pessoa ao centro (Criminoso 1) passou o material que eu havia lhe mostrado para a pessoa à minha esquerda (Criminoso 2), enquanto os três analisavam a carta do meu médico e os documentos.

Depois que os três viram tudo e discutiram sobre isso por algum tempo, o Criminoso 2 amassou e rasgou, com raiva, a carta do meu médico. Meus outros documentos também foram destruídos, pelo Criminoso 1.

Reparei que o Criminoso 1 estava usando um crachá em seu cinto. Olhei para baixo e ele rapidamente o cobriu com as mãos, puxou-o e virou o lado com o nome, de modo que só a parte de trás, em branco, ficou voltada para fora.

O Criminoso 1 me empurrou porta afora, para a rua.”

Ironicamente, foi por causa do ataque que Mann conseguiu capturar as imagens dos funcionários do McDonald’s. O Eye Glass tem um sistema chamado “Augmediated Reality” que ajuda quem o usa a enxergar melhor. Quando o computador é danificado, fotos pendentes na fila de processamento permanecem na memória e não são sobrescritas. Assim, Mann foi capaz de resgatar as imagens do ataque.

Mann chamou a polícia depois do incidente, mas “não teve muita ajuda dela.” Ele espera que a rede de fast food repare seu monóculo quebrado, e que “o McDonald’s passe a apoiar a sua pesquisa sobre a visão.”

O ataque já mexeu com os nervos de muitas pessoas que exigem desculpas imediatas. Usuários no Reddit agiram rápido e conseguiram o endereço e o telefone do McDonald’s em questão, enquanto o TechCrunch propõe um boicote ao McDonald’s.

De acordo com Andy Greenberg, da Forbes, o McDonald’s lhe garantiu que “a empresa [encara] os pedidos e feedback dos clientes com muita seriedade. Estamos em processo de coleta de informações sobre esta situação e pedimos paciência até que todos os fatos sejam conhecidos.”

Controvérsia (e discriminação) não são novidades para Mann. Uma vez ele foi jogado para fora de um Wal-Mart e já teve discussões com a polícia de Nova Iorque e com o Serviço Secreto dos EUA.

Imagens via Steve Mann e CBC.

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