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O que esperar da Apple sem Jobs nos próximos anos

Você se lembra quando Gianfranco Lanci entregou o cargo de CEO da Acer e deu lugar a Zhentang Wang? Ou talvez deva lembrar exatamente do dia em que Sanjay Jha assumiu o cargo de executivo-chefe da Motorola Mobility, deixando Greg Brown apenas como chefão da área Solutions. E você sabe quem é Olli-Pekka Kallasvuo? Provavelmente, a […]

Você se lembra quando Gianfranco Lanci entregou o cargo de CEO da Acer e deu lugar a Zhentang Wang? Ou talvez deva lembrar exatamente do dia em que Sanjay Jha assumiu o cargo de executivo-chefe da Motorola Mobility, deixando Greg Brown apenas como chefão da área Solutions. E você sabe quem é Olli-Pekka Kallasvuo? Provavelmente, a resposta para todas as perguntas será “não”. É por isso que, após o anúncio da Apple de ontem, todos estão se perguntando: “qual será o futuro da empresa na era pós-Jobs?”. A curto prazo, a resposta parece simples: nada irá mudar.

Quando Jobs reassumiu a Apple em 1996, a empresa estava em péssima situação. Atirava para todos os lados, sem sucesso. Mas a revolução que Jobs propôs para a empresa não era da noite para o dia. Apenas em 2001 a Apple efetivamente voltou ao mercado, com o iPod. Jobs repetiria incontáveis vezes que, após a revolução do mouse e das janelas na década de 80, os pequeninos players de música eram o novo grande salto da empresa. E ele demorou um bocado de tempo para ser pensado.

Em 2007, quando apresentava o primeiro iPhone, Jobs começou a apresentação dizendo: “eu aguardo por esse dia há dois anos e meio”. E esperou 2010, após já ter passado por um transplante de fígado, para anunciar o iPad, a terceira revolução da Apple em nove anos.

http://www.youtube.com/watch?v=ftf4riVJyqw

Mas o que isso significa para os próximos anos, agora que Tim Cook terá que apresentar seus produtos e agradar seus consumidores?

Pelos próximos anos, muito pouco, quase nada, irá mudar. Como disse John Gruber, do Daring Fireball, Jobs nunca foi o mentor específico de nenhum produto da Apple. Você pensa nos produtos como produtos da Apple, não de Jobs. A função de Jobs foi outra: transformar a Apple no que ela é hoje — uma empresa inovadora que, indo muito além do status, conseguiu estar um passo à frente em termos de tecnologia.

Mais do que isso, Jobs conseguiu implementar uma filosofia dentro da Apple que será o norte da empresa por décadas. Nada de pesquisas de mercado, de opiniões forjadas pelas ruas — apenas tenham a vontade de criar um produto que você usaria e daria para seus filhos usarem. Pergunte-se todos os dias, enquanto estiver em Cupertino, “como isso funciona”, se “é fácil de usar”, ou “como isso deveria funcionar”. Esses pequenos detalhes e mantras que Jobs criou provavelmente nunca sairão da Apple.

Os projetos para os próximos produtos da empresa já estão mais do que encaminhados. A equipe de design, de pesquisa e desenvolvimento, de marketing, tudo continuará igual. Essas pessoas são instigadas a pensar e criar os produtos imaginando como o consumidor será daqui há anos. Como estaremos usando nossos tablets? Como o consumo de música será? Aplicativos ainda serão a grande sacada? A maioria das dúvidas — e talvez até algumas respostas — já estão sendo debatidas dentro da Apple.

A sucessão, no fim das contas, foi natural — Jobs não tem mais condições de manter seu cargo após enfrentar um câncer e já estar próximo dos 60 anos e vê Tim Cook, que está na empresa desde 1998 (ou basicamente desde o retorno de Jobs), como o próximo homem a comandar a empresa.

Cook terá que provar muito não só para os consumidores, mas principalmente para os acionistas, que aparentemente derrubarão as ações da Apple hoje. Se falarmos em curtíssimo prazo, podemos arriscar que o iPhone 5 chegará mais rápido do que o esperado — a empresa precisa agora de um grande produto para estancar a sucessão que, apesar de natural, é uma das mais importantes da história. O próximo aparelho da Apple provavelmente já está pronto, mas aguarde um lançamento estrondoso — talvez até em quatro operadoras americanas e somado a um modelo mais barato, para expandir ainda mais a participação da empresa no mundo móvel.

E não podemos esquecer que apesar de não ser mais CEO da empresa que fundou, Jobs continuará sendo funcionário, diretor e presidente do conselho da Apple. Isso não significa que ele será o mentor por trás de todas as ideias, mas ele ainda estará envolvido em estratégias e lançamento de produtos — nem que seja com pitacos, o que pode ser o suficiente para manter a visão de Jobs na empresa. Nas próximas apresentações, Cook estará no palco representando a Apple, empresa forjada nos últimos quatorze anos na mente de Steve Jobs.

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