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O que fazer com os seus dados na internet após a morte?

Após você partir desta para uma melhor, seus arquivos, fotos e e-mails acabam ficando para trás. Porém, você pode escolher em vida quem pode acessá-los. Saiba como

A morte levanta uma série de questões difíceis que, normalmente, evitamos ao máximo lidar ainda em vida. Quem ficará com os nossos bens materiais? Quem vai cuidar dos nossos familiares? E, por que não, quem terá acesso à nossa vida online, com todas as fotos, documentos, perfis em redes sociais, e-mails e bens digitais que deixamos?

É claro, boa parte desse material não é importante. Você não precisa se preocupar com aquela sua conta esquecida do Snapchat, por exemplo. Mas logins de contas de e-mail e senhas de bancos podem ajudar a sua família a encerrar pendências em aberto.

Ao longo dos anos, as grandes empresas de tecnologia têm desenvolvido uma série de ferramentas e configurações que permitem que os seus “herdeiros digitais” cuidem do seu legado pós-morte.

Aqui, vamos lhe ensinar como configurar suas contas do Google, Apple e Facebook para que seus amigos e familiares cuidem dos seus dados pessoais.

Google

O Google trata do assunto por meio de um gerenciador de contas inativas. Para configurá-lo, basta acessar a página de gerenciamento de conta e selecionar a opção “Dados e Privacidade”.

Ao rolar a página, você encontrará a opção “planejar o seu legado digital”, onde poderá informar ao Google quando a sua conta deverá ser classificada como inativa, além de indicar o que a empresa fará com seus dados depois disso.

A ferramenta permite listar até 10 contatos que terão acesso aos seus dados depois que sua conta ficar inativa por um determinado período. Não se preocupe, é possível escolher os aplicativos e serviços do Google que os seus contatos terão acesso. Você pode permitir que eles entrem em sua conta do Google Drive, mas não em sua conta do Google Fotos, por exemplo.

Tela do gerenciados de contas inativas do Google, onde é possível informar até 10 contatos herdeiros.

Após responder todas as perguntas, você poderá ver um resumo das suas configurações, assim como fazer alterações a qualquer momento. Durante todo o processo de configuração, os contatos informados não serão notificados. Porém, eles receberão um alerta após sua conta ficar inativa pelo tempo especificado.

Você também pode fornecer seus endereços de e-mail de contato e números de telefone. Assim, o Google tentará falar com você, antes de tornar a sua conta inativa.

Além disso, é possível optar por excluir permanentemente sua conta do Google depois que você morrer. Nesse caso, os contatos escolhidos terão um período de três meses para fazer o download de tudo o que precisarem.

Apple

De maneira semelhante ao Google, a Apple deve lançar em breve um novo recurso de legado digital, em que o titular da conta pode identificar até cinco pessoas para ter acesso aos dados e informações do iCloud.

A Apple colocará obstáculos nesse acesso, solicitando uma prova de morte dos seus contatos, evitando que eles tentem “espionar” os seus dados enquanto você ainda está vivinho da silva.

Até agora, a função está disponível apenas em modo beta para o iOS 15.2. O recurso também aparecerá eventualmente nas Preferências do Sistema no macOS. Mas, até agora ele ainda não apareceu nas versões beta ou finais do software.

Após a atualização, no iOS 15.2 ou posterior, abra “Configurações”, clique na foto do perfil, abra as configurações do Apple ID, selecione “Senha e Segurança” e, finalmente, “Contato Herdado”.

Recurso de contato legado da Apple que será disponibilizado em uma próxima atualização.

Você precisará fornecer um endereço de e-mail ou número de telefone de alguém em seus contatos para adicioná-lo como um “contato herdado”. Ao longo do processo, será mostrado um QR-Code que você deve compartilhar com os contatos escolhidos.

Esses contatos serão questionados ao tentarem obter acesso aos seus dados do iCloud após sua morte, além de responder questões sobre fatos básicos sobre você (incluindo seu aniversário) para ter certeza de que eles são quem dizem ser.

Se, e quando chegar a hora, seus contatos precisarem acessar os seus dados na Apple, certifique-se de que eles saibam o que precisam fazer com antecedência.

Facebook

Nem tudo que você compartilha no Facebook tem alguma informação importante que precisa ser resgatada por amigos e familiares. Mas é provável que ela se torne um canal de contato para muitas pessoas que passaram por sua vida.

O Facebook permite que você exclua a conta após a morte ou deixe ela em um estado de “memorial”, permitindo que conhecidos compartilhe memórias em sua linha de tempo, assim como acessem todas as suas fotos e postagens.

Assim como acontece com o Google e a Apple, o Facebook permite que você especifique contatos que podem gerenciar e cuidar do seu perfil se você decidir torná-lo um memorial.

Recurso do Facebook que permite que familiares assumam o controle sobre o seu perfil.

Os seus contatos legados poderão aceitar pedidos de amizade, alterar a sua foto de perfil e de capa, além de decidir quem pode publicar homenagens. Por outro lado, eles não poderão publicar como você, ver suas mensagens ou fazer alterações na conta, como excluir álbuns de fotos, por exemplo.

Por outro lado, se não quiser uma conta do Facebook após o seu falecimento, você também poderá solicitar que o perfil seja permanentemente excluído, assim que outra pessoa notifique o Facebook de sua morte (usando uma certidão de óbito como prova).

Na versão web do Facebook, clique na seta suspensa no canto superior direito e escolha “Configurações e privacidade”, “Configurações” e “Configurações de transformação em memorial”.

Na caixa de escolha, selecione o contato do Facebook. Ele receberá uma notificação que você o adicionou como um contato legado.

Outras plataformas

Nem todo serviço está bem configurado para lidar com a morte de seus usuários. É o caso da Microsoft, por exemplo. A empresa sugere que familiares busquem orientação jurídica se precisarem acessar a conta de alguém falecido, para acessar e-mails importantes, por exemplo. Nesses casos, se você está sofrendo de uma doença terminal, é uma boa informar o nome de usuário e senha para os seus contatos, bem como quaisquer medidas configuradas de autenticação de dois fatores.

O Dropbox, outro serviço que pode armazenar arquivos importantes, solicita que os familiares preencham uma página de suporte com o máximo de informações que conseguirem, assim como uma prova de quem têm direito a acessar o que você deixou para trás. Eles também podem acessar os arquivos do Dropbox de seu computador, se tiverem a senha do Windows ou macOS.

No Twitter, é possível solicitar o encerramento da sua conta, mas os familiares não poderão acessar a conta ou ler suas mensagens. Por questões de segurança, a desativação da conta de um usuário falecido também precisa da tradicional cópia da certidão de óbito.

Em outros casos, o gerenciamento de dados após a morte difere de aplicativo para aplicativo.

Como mencionamos no início, deixar senhas é uma opção. Aplicativos como o 1Password, por exemplo, permite compartilhar senhas e outras informações de acessos com familiares, o que torna o processo muito mais fácil.

De forma geral, vale a pena estar atento às informações que as pessoas mais próximas a você podem precisar e deixar para trás alguma forma de acesso a elas.

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