O robô de duas toneladas que pode saltar sobre asteroides

As ferramentas (que ficam penduradas na lateral do veículo e podem ser trocadas) se prendem aos braços com parafusos de boca quadrada padrão de meia polegada. A ferramenta que você vê no vídeo é uma âncora-broca de rotação contrária. Como as brocas estão rodando em direções opostas, ele efetivamente cancela qualquer torque que o braço […]

As ferramentas (que ficam penduradas na lateral do veículo e podem ser trocadas) se prendem aos braços com parafusos de boca quadrada padrão de meia polegada. A ferramenta que você vê no vídeo é uma âncora-broca de rotação contrária. Como as brocas estão rodando em direções opostas, ele efetivamente cancela qualquer torque que o braço pode ter — e, mais importante, qualquer torque que possa afetar o veículo. Quando a gravidade é escassa, a força de uma furadeira no braço do Athlete pode usar dois sistemas de brocas, juntando-os e depois os removendo em sequência, para conseguir “andar” pela superfície. Outras ferramentas incluem pinças e sistemas para escavação, por exemplo.

É algo incrível de se ver. E quando eles ligam o Teste de Baixa Gravidade e o monstro passa voando por cima de sua cabeça, você perde a habilidade formar frases inteiras.

O empuxo gravitacional da Lua é um pouco mais fraco do que o da Terra — e quase inexiste em um asteroide. Para testar como o Athlete se sai em situações reais, a NASA criou uma série de guinchos controlados por computador que podem simular de verdade a micro-gravidade. Quando o teste começa, você pode ver como o monstro salta e aterrissa. Você vê como ele se sairá na hora de fazer uma manobra para sair do chão, usando pequenas explosões de foguetes diminutos.

Ah, e ele faz tudo isso em 3D. O Athlete é como uma super-aranha (com seis pernas, eu sei. Talvez ele tenha entrado em algumas brigas e deixado pedaços pelo caminho?). Ele não tem apenas um monte de olhos, mas os olhos vêm em pares, permitindo talvez a única implementação útil da tecnologia 3D até então. Todas as câmeras –para movimentação, para desviar de perigos (haz-cams) e as das ferramentas — são estereoscópicas. Quando você está passeando por um mundo desconhecido, duas dimensões não são o bastante para se manter intacto. Você precisa de percepção de profundidade. Você precisa ver o mundo como se você realmente estivesse nele.

Você deve estar pensando que algo sofisticado assim seria impossível de ser controlado a não ser que você tenha vários diplomas no MIT. Você está errado. Conheça o Conductor Project. Essas pessoas estão trabalhando em interfaces mais naturais e intuitivas para sistemas robóticos complexos. O trabalho deles consiste em pegar algo extremamente técnico e transformar em linguagem que nós, humanos, entendamos. Sabe aqueles sites para explorar Marte que nós mostramos na semana passada? Resultado do trabalho deles.

No vídeo você pode ver que há um Kinect, para Xbox, controlando o Athlete na simulação. Obviamente o Athlete não poderá se mover tão rápido quanto na simulação. Então qual é a ideia? Isso permite que os cientistas e engenheiros da NASA tenham uma imagem mais ampla e é extremamente útil na hora de planejar missões e selecionar alvos. Assim, um cientista sem nenhum treinamento pode entrar em um local com uma tela de 270 graus cobrindo as paredes (ou pode usar a TV que você viu no vídeo) para controlar o Athlete. Quer ir para frente? Ande no local. Quer virar para esquerda ou direita? Mexa seus ombros. Quer mudar para o modo manipulação? Levante suas mãos. Eu testei o formato e em poucos segundos eu já estava em pé e correndo.

E não é só o Xbox que anda chamando a atenção da NASA. Todo ano a NASA leva alguns de seus projetos para o deserto do Arizona para algo chamado de Desert Rats, para que os engenheiros possam testar seus sistemas em condições adversas. No Desert Rats 2010, o Athlete viajou 60 quilômetros controlado basicamente por um Nintendo Wii.

O Conductor Project também está trabalhando em formas de controlar o Robonaut, da NASA (que, no momento, está na Estação Espacial Internacional). A ideia é que quanto mais intuitivos os controles sejam, mais os astronautas possam focar em tarefas que eles precisam realizar, em vez de ficar se irritando com as ferramentas. Com estes sistemas ficando mais simplificados, as missões serão completadas com menos risco, menos tempo e gastando menos dinheiro. De acordo com Victor Luo, chefe técnico do projeto, um astronauta precisa de quatro horas de preparação para poder fazer um passeio no espaço ou para sair com um veículo espacial. O Robonaut não tem que se preocupar com problemas para respirar, congelar ou ser exposto à radiação — ou seja, se ele ficar tão esperto quanto um astronauta, a NASA pode economizar muito tempo e diminuir muito os riscos.

Quando o Athlete encostou no solo novamente, foi difícil para nós entender o que tínhamos acabado de ver. Será que essas são as picapes do futuro? Quando nossos tataranetos estiverem vivendo em colônias na Lua, será que a Toyota fará coisas assim? Se sim, eu me alisto para ser o testador número um do projeto.

Enorme agradecimento a todos dos projetos Athlete e Conductor pelo tempo e pelas explicações.

Vídeo por Judd Frazier, edição por Woody Jang.

Agradecimento especial para Mark Rober, Jessica Culler, Dan Goods, Val Bunnell e todos da NASA JPL e NASA Ames por ter feito isso acontecer. Esta lista poderia ser extensa, mas pelo acesso e generosidade dado a nós, nós deixamos nosso obrigado a todos das equipes.

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