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Oceanos recebem 25,9 mil toneladas de lixo hospitalar da Covid-19

Segundo o levantamento, 73% do plástico ligado à Covid lançado nos oceanos veio de rios da Ásia -- continente que é apenas o terceiro em número de casos da doença

Uma pesquisa publicada na revista científica PNAS aponta que a população mundial gerou mais de 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos de uso único desde o início da pandemia. Desse total, 25,9 mil toneladas acabaram no oceano.

O levantamento foi feito por cientistas da Escola de Ciências Atmosféricas da Universidade de Nanjing, na China, em parceria com o Instituto de Oceanografia Scripps, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA.

Até na praia

Os pesquisadores descobriram que a maior parte do lixo hospitalar plástico da pandemia está entrando no oceano pelos rios. Parte menor dos resíduos irá para o oceano aberto, eventualmente ficando presa nas bacias oceânicas ou giros subtropicais (zonas de alta pressão dos oceanos). Essas montanhas de lixo podem também se acumular em ilhas pelos oceanos, e formar uma zona de acúmulo de plástico no Oceano Ártico. O restante, segundo a pesquisa, deve chegar às praias ou ao fundo do mar em três ou quatro anos.

Para a análise, os pesquisadores usaram modelos matemáticos e imagens de satélite. Ao cruzarem os dados, rios da Ásia lançaram 73% da poluição por lixo hospitalar registrada — indicando que o continente foi o que mais descartou esses resíduos de maneira inapropriada. A Europa responde por 11% dos descartes, com pequenas contribuições de outros continentes. Apesar de liderarem o ranking, os dois continentes não foram os que mais registraram casos de Covid-19 no mundo — posto ocupado pelas Américas, como apontam estes dados do ECDC (Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças).

O estudo também mostra que cerca de 80% dos detritos que transitam para o Oceano Ártico irão afundar rapidamente, e uma zona de acumulação de plástico circumpolar deve se formar em 2025. 

Situação urgente

Amina Schartup, professora assistente da Scripps Oceanography e coautora do artigo, explicou em comunicado à imprensa que a equipe ficou surpresa ao descobrir que a quantidade de resíduos médicos era substancialmente maior do que a quantidade de resíduos de indivíduos. E muitos deles vinham de países asiáticos — embora não seja onde a maior parte dos casos de Covid-19 tenha ocorrido. 

A professora relatou que as maiores fontes de resíduos excedentes eram hospitais em áreas que já lutavam com a gestão de resíduos antes da pandemia. Eles simplesmente não foram criados para lidar com uma situação em que você tem mais lixo do que o habitual.

Yanxu Zhang, pesquisador que participou do estudo, disse em comunicado que o lixo relacionado à Covid-19 é apenas parte de um problema maior que o mundo enfrenta no século 21: os lixos plásticos como um todo. 

Para ele, resolver essa questão requer renovação técnica, transição da economia e mudança de estilo de vida da população.

O que fazer?

Para combater o fluxo de plástico nos oceanos, é necessário que haja melhor gestão dos resíduos médicos, principalmente nos países em desenvolvimento. Entram nessa conta também uma maior conscientização da população mundial sobre o impacto ambiental dos equipamentos de proteção individual (EPI) e de outros plásticos. Além daquilo tudo que já sabemos: coleta, classificação, tratamento e reciclagem dos resíduos. 

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