Contrariando especialistas de WhatsApp, OMS diz que coronavírus não foi criado em laboratório

Equipe de pesquisadores da OMS, em conjunto com cientistas chineses, acreditam que o vírus teria mesmo passado através de morcegos.
Imagem: Hector Retamal / AFP (Getty Images)
O laboratório P4 (centro) no campus do Instituto de Virologia de Wuhan em Wuhan, na província de Hubei, na China, em 13 de maio de 2020. Imagem: Hector Retamal/AFP (Getty Images)

Cientistas reunidos pela Organização Mundial da Saúde para investigar as origens do novo coronavírus anunciaram nesta terça-feira (9) suas primeiras descobertas. Eles concluíram que os primeiros casos conhecidos, relacionados a um mercado de frutos do mar em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, provavelmente não foram a fonte original do surto. Ao mesmo tempo, eles consideraram “extremamente improvável” a possibilidade de um acidente de laboratório ter criado o vírus, e ainda que o vírus não estava circulando localmente muito antes de o vírus ter sido descoberto.

A equipe internacional de cientistas começou sua investigação em meados de janeiro de 2021, viajando para várias áreas da China, incluindo o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, em Wuhan, onde os primeiros casos de uma então misteriosa pneumonia foram relatados no final de dezembro de 2019. A investigação fez parte de uma missão conjunta entre os pesquisadores da OMS e cientistas locais da China, em um acordo firmado com o governo chinês para a entrada dos cientistas estrangeiros no país.

Parte da investigação envolveu a visita ao Instituto de Virologia de Wuhan, que foi apontado por alguns como a possível fonte de um acidente de laboratório que de alguma forma liberou o coronavírus; alguns até argumentam (sem provas ou fundamento) que o vírus foi criado e dispersado de propósito. Nenhuma evidência definitiva para esta teoria surgiu até o momento, enquanto outros estudos não encontraram nenhuma indicação de que o coronavírus foi artificialmente feito em laboratório.

De acordo com Peter Embarek, líder da missão da OMS e também especialista em doenças infecciosas e segurança alimentar, a possibilidade mais provável para a origem da pandemia é que o SARS-CoV2 passou dos morcegos para um hospedeiro intermediário (possivelmente pangolins) e depois para os humanos. Outra hipótese que ainda está sendo explorada é que o vírus poderia ter sido introduzido nas pessoas por meio de alimentos congelados, já que outras evidências sugerem que ele pode sobreviver nessas condições por um curto período de tempo. No entanto, os pesquisadores não entraram em detalhes sobre como isso tudo aconteceu.

As conclusões da equipe não são definitivas e, sem dúvida, continuarão a existir críticas à forma como a China lidou com a pandemia, especialmente no início. Ativistas e jornalistas locais acusaram o governo chinês de silenciar cientistas e cidadãos que tentaram alertar sobre a ameaça da Covid-19 quando foi descoberta pela primeira vez. E demorou quase um mês para que o país reconhecesse que o vírus era realmente capaz de se espalhar de pessoa para pessoa.

Até pouco tempo, a China tentou limitar os esforços dos cientistas para investigar as origens da pandemia, enquanto alguns funcionários promoveram teorias infundadas sobre o vírus ter se originado em outras partes do mundo, segundo informou a AP em dezembro. Agora, o discurso parece ter sido outro, já que o governo chinês não se opôs às investigações lideradas pelos cientistas da OMS.

A equipe diz ter encontrado várias evidências sugerindo que os casos de Covid-19 registrado em Wuhan não foram os primeiros da doença em humanos. Segundo Liang Wannian, principal cientista da China na missão, uma descoberta importante foram os sinais de diversidade nas amostras do coronavírus retiradas desses casos. Isso provavelmente significa que a explosão de casos no mercado de peixes de Wuhan não foi o evento de transmissão original.

Os pesquisadores também analisaram dados de vigilância do hospital de Wuhan e da província vizinha de Hubei. Foi determinado que não havia picos incomuns de doenças semelhantes à gripe antes de dezembro de 2019, o que sugere que “não houve circulação significativa não reconhecida de SARS-CoV-2 em Wuhan durante a última parte de 2019”. É importante notar que esta descoberta contraria ouras evidências encontradas na China e em outros países, sugerindo que o vírus pode ter deixado pessoas doentes em novembro de 2019 ou antes disso.

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