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Operadoras querem cobrar “pedágio” na internet

Enquanto as operadoras no mundo inteiro gastam bilhões em suas redes para aguentar a demanda crescente, grandes empresas – como o Google – lucram sem contribuir para a infraestrutura da internet. É o que dizem as operadoras, e elas estão insatisfeitas: “alguém tem de pagar por isso”, disse o presidente da operadora indiana Airtel. Ele não […]

Enquanto as operadoras no mundo inteiro gastam bilhões em suas redes para aguentar a demanda crescente, grandes empresas – como o Google – lucram sem contribuir para a infraestrutura da internet. É o que dizem as operadoras, e elas estão insatisfeitas: “alguém tem de pagar por isso”, disse o presidente da operadora indiana Airtel. Ele não está sozinho: operadoras brasileiras partilham da mesma ideia. Mas quem vai pagar? Não é só você.

Até então, as propostas sempre afetavam diretamente o consumidor: impor cotas de dados ou de velocidade, ou praticar o famigerado traffic shaping – cortando a velocidade de certos conteúdos, como YouTube ou torrents. Elas não deixaram de fazer isso – veja aqui se seu provedor faz traffic shaping – e talvez queiram cobrar a mais de você. “O desafio é fazer [o consumidor] entender que se você quer maior qualidade, velocidade mais alta, você paga mais por isso”, disse Jo Lunde, presidente da russa VimpelCom, no Mobile World Congress.

Mas impor limites aos consumidores não é o bastante: agora, as operadoras querem cobrar de grandes provedores de conteúdo, como o Google. “Se nós vamos construir as estradas, é preciso haver pedágios”, disse Sunil Bharti Mittal, presidente da indiana Airtel, também no MWC.

Ele diz que o YouTube “está consumindo uma quantidade massiva de recursos” e propõe que o site pague uma “tarifa de interconexão” às operadoras, assim como se paga uma taxa de interconexão em chamadas de fixo para móvel. Mittal diz que as operadoras gastam bilhões para comprar frequências e operar a rede, mas “a indústria precisa reequilibrar esta divisão” de gastos – empresas como Google e Apple precisam pagar também.

Isto é bem preocupante por ameaçar a neutralidade na internet. O princípio de que todos os dados que trafegam na internet devem ser tratados da mesma forma, com a mesma velocidade, pode ir por água abaixo se sites de vídeo online – como YouTube ou Netflix – e outros receberem tratamento diferente. O problema é maior devido ao conflito de interesses: muitas provedoras de internet também vendem TV por assinatura, e não querem você vendo vídeo na internet, ou baixando filmes e séries de graça por torrent.

E mesmo que a internet custe muito caro no Brasil, as operadoras por aqui ainda querem mais dinheiro. Segundo o Estadão, elas argumentam que, se cobrassem de grandes empresas como o Google, poderiam investir mais e “o custo não seria repassado para o consumidor”. Mas há quem condene essa opção: Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, não consegue ver uma boa justificativa para cobrar do meio. “Quando alguém gasta vários megawatts de energia no banho, ninguém cobra do fabricante do chuveiro”, disse Getschko na Futurecom 2011. [Cnet via Estadão]

Foto por Bart Koop-Henzen/Flickr e Charlie Boy Criscola/Flickr

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