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Os celulares são projetados para ficarem lentos com o tempo?

O desempenho é diminuído de propósito para nos empurrar para aparelhos novos - e sempre mais caros? Vamos aos fatos

Vai chegando o final do ano e as pessoas começam a notar uma certa lentidão em seus smartphones. Já reparou nisso? Coincidentemente, é nessa mesma época que marcas resolvem lançar novas versões de seus sistemas operacionais, novos modelos e atualizações. Será que os telefones estão mesmo sendo feitos com data de validade?

Não dá para ter certeza disso, mas dá para analisar as evidências.

Todos os anos, geralmente por volta de maio e junho, as empresas de tecnologia anunciam suas novas atualizações de sistema operacional. As principais novidades em torno dos lançamentos costumam ser os novos recursos do sistema, como aprimoramentos do Facetime, melhorias nos assistentes de voz ou um design de sistema mais sofisticado.

Mas o que isso pode ter a ver com a lentidão do seu smartphone?

Ao ser lançado um novo sistema em que não seja aceita a atualização em aparelhos mais antigos, a comparativa com outros telefones revela essa diferença.

As atualizações do sistema são programadas para trabalhar com dois objetivos. A primeira é oferecer suporte ao novo hardware e chip, que oferecem os recursos mais recentes. A segunda é continuar trabalhando com o hardware existente que não oferece suporte a novos apps e funções. E isso significa codificar o sistema operacional para que ele não dependa do funcionamento dos novos recursos.

Esse desafio também existe para sistemas operacionais de desktop, conforme evidenciado pela recente remoção de sistemas antigos da lista de compatibilidade do Windows 11. A Microsoft decidiu que a codificação em torno de novos recursos era um desafio intransponível em alguns casos.

Dificuldades com hardware

Portanto, seu smartphone antigo não oferecerá suporte a novos recursos — o que é justo. Mas por que parece que a nova atualização do sistema operacional está tornando os recursos existentes mais lentos?

De forma rápida e didática, a resposta pode ser que com os novos chips e as novas atualizações projetadas para celulares mais novos, os mais antigos acabam sofrendo por não serem totalmente compativeis com tais atualizações.

Por exemplo, a última atualização do software estará disponível em diversos aparelhos, alguns mais antigos e em todos os mais recentes. Mesmo que funcione nos modelos mais velhos, ele não foi feito para aquele aparelho. E esse modelo, por sua vez, não foi adaptado para receber tal atualização. Sendo assim, esse déficit pode causar lentidão.

Os fabricantes precisam escrever atualizações de sistema operacional para se adequarem ao hardwares mais recentes. Assim, os consumidores que o comprem possam aproveitar os recursos mais novos. Ao fazer isso, eles devem contornar o fato de que o hardware mais antigo não tem a mesma capacidade.

Essas soluções alternativas significam que os dispositivos mais antigos serão executados mais lentamente com o novo sistema operacional instalado, mesmo para tarefas que o sistema realiza há anos.

Ou seja: apesar de alguns fabricantes, como a Apple, por exemplo, permitirem que telefones mais antigos recebam as novas atualizações, eles têm total noção de que muitos não suportaram o novo sistema –e, consequentemente, ficarão lentos. Ao não fazerem nada para driblar esse problema, essas empresas “confessam” que seus aparelhos foram feitos com data de validade desde o início.

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