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Um pacotão da Apple com assinatura de streaming e notícias seria algo gigantesco

Evento marcado para o dia 25 de março deverá trazer o lançamento de novos serviços da companhia da maçã, que poderiam ser agrupados em um só conjunto

Getty Images

É uma questão de tempo. Vários veículos de comunicação agora afirmam que a Apple anunciará novos serviços de streaming de vídeo e assinatura de notícias em um evento repleto de celebridades em Cupertino, no dia 25 de março. O BuzzFeed News citou fontes anônimas que disseram que o evento aconteceria no Steve Jobs Theater e se concentraria no serviço de notícias. Mark Gurman, da Bloomberg, corroborou a reportagem e acrescentou que o serviço de streaming de vídeo da Apple também seria anunciado — e com a participação de várias estrelas de Hollywood. Então, parece que não é nada pequeno.

Se tudo isso acontecer, a Apple estará, de repente, em condições de oferecer a centenas de milhões de usuários quantidades ilimitadas de música, vídeos, filmes, séries e notícias por uma taxa. Enquanto isso, várias reportagens ao longo dos últimos meses têm afirmado que os executivos da companhia têm discutido a agregação desses serviços em conjunto com o iCloud, criando um novo tipo de assinatura, uma espécie de Apple Prime. Isso é algo maior do que você imagina.

Ainda não sabemos exatamente como esses novos serviços de streaming vão funcionar e certamente não sabemos como um novo pacote da Apple pode ser. O serviço de streaming de vídeo sem dúvida incluirá uma série de novos conteúdos produzidos pela Apple, que até agora envolvem grandes nomes do entretenimento como J.J. Abrams, Jennifer Garner, Reese Witherspoon e Jennifer Anniston — todos eles irão participar do evento do próximo mês. O Wall Street Journal também informou que a Apple assinou uma parceria de produção com Oprah Winfrey para o serviço de streaming de vídeo.

A notícia sobre essa constelação de estrelas do cinema e da TV é o que levou alguns a pensarem que as ambições hollywoodianas da Apple poderiam transformar a empresa em uma formidável concorrente da Netflix. Não está claro, entretanto, o que exatamente a Apple oferecerá além de sua própria programação. Porém, quando você considera que esse novo serviço de streaming pode aparecer instantaneamente no aplicativo de TV de cada iPhone, iPad e dispositivo Apple TV no mundo, é fácil ver como a empresa poderia ganhar milhões de novos clientes de vídeo da noite para o dia. Pode até haver um longo teste gratuito.

Já a parte do serviço de notícias é um pouco mais complicada. De acordo com as últimas reportagens, a Apple vai adicionar uma nova aba “Revistas” no aplicativo Notícias por meio de uma atualização de software no próximo trimestre. Essa aba inicialmente se parecerá muito com as assinaturas de revistas disponíveis no aplicativo Texture, que a Apple adquiriu no ano passado.

Com o tempo, alguns especulam, a empresa quer adicionar conteúdo de publicações mais importantes, como The New York Times e The Washington Post. No entanto, a Apple está tendo problemas para conseguir que essas publicações se juntem ao projeto, porque as empresas aparentemente odeiam os termos que a companhia da maçã está lhes oferecendo. De acordo com o Wall Street Journal, a Apple quer manter 50% de todas as taxas de assinatura de notícias e então distribuir os outros 50% aos editores com base no tráfego que suas reportagens recebem. Assim, as empresas de notícias podem ganhar um pouco de dinheiro com o Notícias, mas não tanto quanto conseguiriam se todos assinassem diretamente seus jornais ou revistas.

Se qualquer uma dessas duas novas ofertas da Apple não parece notável por si só, a possibilidade de que a Apple possa criar sua própria versão do Amazon Prime deve ser algo bastante abalador. O serviço de assinatura Prime tem sido chamado de “a base do sucesso da Amazon” e, no ano passado mesmo, mais de 100 milhões de pessoas estavam pagando US$ 100 pelos benefícios do programa. Essas vantagens incluem entregas gratuitas com prazo de dois dias em compras da Amazon, assim como um conjunto completo de outros serviços, como Amazon Prime Video, Prime Music, Prime Reading e armazenamento ilimitado com o Amazon Photos. Dá para dizer que as pessoas chegam pelas entregas gratuitas e ficam pelo pacote de streaming de filmes, programas de TV, música, mídia e armazenamento.

O sucesso enorme do Amazon Prime é inegável, mas o que quer que a Apple esteja pensando em fazer em termos de pacotes de serviços será diferente. A fabricante do iPhone provavelmente não está prestes a se tornar um concorrente direto de todos os negócios da Amazon. Não há nenhuma evidência de que a companhia planeja abrir uma loja online que venda tudo ou que vá comprar uma cadeia de supermercados yuppie no futuro próximo. No entanto, parece muito viável que, em breve, você poderá pagar uma taxa mensal e desfrutar de iCloud, Apple Music, Apple News Plus (ou o que quer que seja chamado) e Apple TV Max (ou o que quer que seja).

Você provavelmente conseguiria até mesmo pagar por todo o pacote com pouca resistência, considerando que a Apple já tem as informações de cartão de crédito de muitos usuários em seus registros. E lembre-se: como centenas de milhões de iPhones, iPads, iPods, Watches, Macs e dispositivos Apple TV já estão por aí, no mundo, a empresa pode simplesmente empurrar um novo pacote de serviços bem na frente de centenas de milhões de usuários.

São essas centenas de milhões de usuários que tornam a ideia da oferta à la Prime da Apple especialmente atraente. Já vimos o efeito poderoso da base de usuários incorporada da Apple com o sucesso meteórico do Apple Music. O “meteórico” pode soar forte, até você considerar que Apple está roubando de forma consistente a fatia de mercado do Spotify, que já tem uma década de idade. Alguns dizem que o número de assinantes do Apple Music já ultrapassou o do Spotify nos Estados Unidos. Se essa conta estiver correta, isso significaria que a Apple ultrapassou o gigante do streaming de músicas em apenas três anos. Embora isso seria um feito impressionante em qualquer medida, vale lembrar que a Apple instalou habilmente o aplicativo Apple Music em centenas de milhões de dispositivos iOS e depois empurrou os usuários para o novo serviço com um período de avaliação de três meses e com conteúdo exclusivo de artistas como Taylor Swift e Chance the Rapper. Tudo o que os usuários tinham que fazer era tocar em algumas telas.

Agora imagine o que a Apple faria com um streaming de vídeo, uma assinatura de noticiário e o iCloud de uma só vez. Embora até agora não esteja claro se os planos para os serviços integrados da Apple foram além das discussões na sala de reuniões (muito menos quanto custaria um pacote de serviços), podemos supor que a empresa tornará muito fácil para seus usuários se inscreverem em seus novos serviços.

Se os consumidores dos novos serviços chegarem rapidamente aos milhões, a Apple também ganharia mais força ao negociar com estúdios de cinema e TV, assim como com publicações. Esses negócios ruins que aparentemente estão sendo oferecidos aos jornais podem começar a parecer dinheiro deixado na mesa; leitores que estão pagando por conteúdo, mas não pagando ao New York Times ou ao Washington Post pelo acesso direto. No app Notícias, especificamente, você poderia imaginar que alguns leitores prefeririam gastar seu dinheiro em um pacote inteiro de serviços em vez de um monte de publicações separadas.

Por ora, tudo isso é especulação, é claro. Talvez o novo serviço de streaming de vídeo da Apple seja uma porcaria. A primeira tentativa da Apple de fazer conteúdo original para TV esteve longe de ser incrível. É possível que a abordagem dura da Apple nas negociações com os editores de notícias produza poucos parceiros. O negócio do pacote de serviços também é vago, já que a empresa ainda não confirmou se vai realmente acontecer e, certamente, não disse quanto custaria nem o que ele incluiria.

Mas pense nisso. Se você é um fã da Apple e está gastando dinheiro em Spotify, Netflix, assinaturas de revistas e um punhado de outros serviços, algo como um Apple Prime, reunindo tudo, não seria atraente? E se você pudesse experimentar tudo de graça por alguns meses? E se você não precisasse de um dispositivo da Apple para desfrutar de algumas dessas coisas? E você provavelmente não precisará, já que a empresa recentemente começou a instalar seus aplicativos em TVs de empresas como Samsung, Sony e LG.

Com as vendas do iPhone caindo e o pânico sobre o futuro da companhia, a Apple quer muito que esse novo negócio de streaming funcione. Alguns diriam até que ele precisa funcionar. E, como ela ainda é uma das empresas mais ricas e poderosas do mundo, a Apple é certamente capaz de fazer barulho em novas indústrias. Portanto, mesmo que um grande anúncio sobre novos serviços de streaming não pareça tão emocionante quanto um grande anúncio sobre um novo iPhone, devemos esperar uma bomba. Pode levar algum tempo para o fusível queimar, mas o novo grande negócio da Apple parece pronto para explodir.

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