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Como a pandemia acelerou o declínio dos combustíveis fósseis

Pesquisa sugere que a pandemia de Covid-19 evidenciou ainda mais os problemas da geração de energia por queima de combustíveis fósseis.

Poluição. Evgeny Kozhevnikov/Unsplash

Crédito: Evgeny Kozhevnikov/Unsplash

A relação entre a pandemia de Covid-19 e as mudanças climáticas tem sido objeto de diversos estudos. Com as restrições impostas pelos governos, alguns países divulgaram que haviam registrado uma queda inédita na emissão de gás carbônico. Agora, um estudo publicado nesta segunda-feira (8) na revista Nature sugere que a pandemia pode ter contribuído também para uma redução definitiva da geração de energia por queima de combustíveis fósseis.

O estudo foi feito por economistas da Alemanha que buscavam investigar os impactos da pandemia de Covid-19 no sistema de energia e demanda por eletricidade. Os resultados mostraram que, com a ajuda de políticas públicas adequadas, as emissões do setor de energia podem cair mais rapidamente do que o previsto, conforme o comunicado da Postdam Institute for Climate Impact Research sobre o artigo.

Cristoph Bertram, principal autor do estudo, explicou na mesma nota do instituto que essa queda pode ser explicada pelo fato de que os processos de queima de combustível envolvem custos constantes — isto é, elas precisam de carvão ou petróleo para funcionar, e adquirir esses insumos leva dinheiro. Por isso, se há uma queda na demanda de eletricidade, as usinas de carvão são as primeiras a serem desligadas. Em contraste, as fontes de energia renováveis têm custos baixos de operação e continuam funcionando mesmo com a demanda reduzida.

Para se ter uma ideia, em países como a Índia, EUA e outros da Europa, a demanda mensal por eletricidade caiu cerca de 20% em 2020 em relação ao ano anterior, enquanto as emissões de CO2 mensais diminuíram em até 50%. De acordo com o estudo, essas emissões de gás carbônico provenientes do setor de energia tiveram uma redução de 7% a nível global.

A estimativa dos pesquisadores é de que as emissões não retornem aos níveis pré-pandêmicos a menos que haja uma alta demanda de eletricidade inesperada e uma redução nas usinas de energia renovável nos próximos anos, o que não deve ocorrer. Os países estão investindo cada vez mais nessas fontes de energia limpa, que poderão ser capazes de suprir as necessidades da população no futuro sem que precisemos depender dos combustíveis fósseis.

De acordo com os autores do estudo, a pandemia enfraqueceu a posição de mercado da geração de energia via queima de combustíveis. Afinal, os governos sabem que a prática é prejudicial ao meio ambiente e, agora, que ela é economicamente arriscada também. Assim, a tendência é que os investimentos e políticas públicas sejam cada vez mais destinados à geração de energia solar e eólica, eliminando aos poucos as emissões de carbono.

[Nature via EurekAlert]

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